Lavanderia do Hospital Raul Sertã volta a funcionar após quatro anos

Enquanto isso, funcionários da limpeza reclamam de atraso no pagamentos dos salários
quinta-feira, 11 de março de 2021
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
O acionamento dos equipamentos da lavanderia (Divulgação Secom)
O acionamento dos equipamentos da lavanderia (Divulgação Secom)

 

Após quatro anos inoperante, a lavanderia do Hospital Municipal Raul Sertã entrou em operação no último sábado, 6. Funcionários da principal unidade de saúde pública da região Centro-Norte fluminense foram capacitados para operar os equipamentos que já estão em atividade. Segundo a Prefeitura de Nova Friburgo, duas máquinas de lavar, com capacidade de até 100 quilos de roupas por lavagem, cada, e duas secadoras operam no setor. A estimativa é de que sejam lavadas entre 300 e 400 quilos de roupas hospitalares por dia. 

Para a secretária municipal de Saúde, Nicole Cipriano, “o funcionamento da lavanderia dentro do próprio hospital proporciona a lavagem das roupas com o padrão ideal de adequação, além de possibilitar o controle dos enxovais”. Ainda segundo Nicole, “é imprescindível que esse setor funcione adequadamente, pois otimiza o fluxo cirúrgico das vestimentas”, explica. Quanto aos insumos, a licitação para aquisição de materiais para lavanderia já foi aberta pela prefeitura e está tramitando.

Capacitação

O Hospital Municipal Raul Sertã promoveu, nos últimos dias 5 e 6, um curso de capacitação os funcionários da lavanderia. O objetivo foi capacitar a equipe que atua na coleta e distribuição dos enxovais e roupas, apresentando dicas e reforçando regras básicas sobre controle de infecção, prevenção e higiene.

O curso destacou a importância da lavanderia no controle de infecções no ambiente hospitalar, seriedade no cumprimento das normas sanitárias, montagem e organização dos kits de roupas. O treinamento é fundamental para reforçar a dinâmica de trabalho do hospital. O curso foi ministrado por Angelo Lage, consultor da empresas que disponibiliza os produtos de limpeza para a unidade.

Desde a reativação da lavanderia do Hospital Raul Sertã, a equipe está trabalhando de acordo com as orientações exigidas pela Vigilância Sanitária e principalmente no uso correto dos produtos de limpeza.

Terceirização do serviço

Tanto a lavanderia do Hospital Raul Sertã quanto do Hospital Maternidade Mário Dutra de Castro têm passado por crises nos últimos anos. Em setembro de 2019, e pelo prazo de 180 dias, o serviço de lavagem de roupas das duas unidades, vinha sendo prestado por uma empresa da Região dos Lagos ao custo de R$ 4,60 o quilo de roupa lavada. Entre meados de abril e de agosto de 2019, o mesmo serviço de terceirização foi prestado por um hospital particular da cidade, que chegou a solicitar o reconhecimento de dívida superior a R$ 731 mil do município. Um valor 352% mais alto do que o praticado em dezembro daquele ano apesar do custo com transporte ter sido infinitamente menor.

No ano passado, o então vereador Johnny Maycon, enviou um documento à Promotoria do Estado do Rio de Janeiro, informando que após várias fiscalizações no Hospital Maternidade, havia verificado uma série de irregularidades que evidenciaram o sucateamento do setor de lavanderia, tendo a sua estrutura física insalubre e equipamentos precários. “Quando a maternidade acumulou a responsabilidade de atender a demanda de lavanderia do Raul Sertã ficou sobrecarregada e consequentemente parte dos equipamentos não suportaram. Por esta razão, durante um período as roupas, tanto do Raul Sertã, como da maternidade passaram a ser lavadas na clínica Santa Lúcia, sem ônus para a prefeitura, segundo informações obtidas através de apuração legislativa, tendo apenas a Secretaria de Saúde que fornecer o gás. Há de ressaltar que em meados de 2019 três setores da maternidade foram interditados pela justiça, dentre eles a lavanderia”, informou o documento.

No mês passado, a Secretaria Municipal de Saúde informou que as roupas dos hospitais foram lavadas provisoriamente em parceria com o hotel Vila Verde e que a secagem foi feita no próprio Hospital Raul Sertã. “A secadora (do hospital) de altas temperaturas elimina quaisquer possíveis contaminações”, informou o município que já havia iniciado a licitação para que a prestação de serviços fosse realizada dentro das possibilidades legais”.

Equipe se queixa da falta de material e condições adversas para trabalhar no hospital

Na manhã da última terça-feira, 9, funcionários da empresa CNS, responsável por realizar o serviço de limpeza do Hospital Municipal Raul Sertã, se reuniram na unidade de saúde para protestar contra o atraso no pagamento dos salários de fevereiro. Segundo um representante do movimento, os 55 funcionários ainda não receberam os vencimentos, que contabilizam cerca de cinco dias de atraso.

“Soube que o contrato da empresa com a Prefeitura de Nova Friburgo terminou no último sábado, 6, e os nossos salários deveriam ter sido pagos um dia antes, na última sexta-feira, 5, (quinto dia útil do mês subsequente ao trabalhado), mas até agora nada”, disse um funcionário, confirmando que até o início da tarde desta quarta-feira, 10, os salários ainda não haviam sido depositados.

Ainda segundo este funcionário da CNS, que preferiu não se identificar, em  conversa com a direção do hospital, teria sido dito que a prefeitura já havia realizado o repasse dos valores devidos para a empresa e que não poderia pagar diretamente os prestadores de serviço. “Estamos sem dinheiro. A direção do hospital falou que já fez o repasse e que o débito seria quitado ontem (terça-feira)”, citou ele.

Apreensivos por conta de um eventual desemprego, o funcionário informou que a prefeitura estuda a contratação desses trabalhadores através de RPA – Recibo de Pagamento a Autônomo, um documento que formaliza a contratação de uma pessoa física para prestar serviços à empresa.

Falta de materiais de limpeza

Ainda de acordo com este funcionário, as condições de trabalho deixavam a desejar, dentro da principal unidade hospitalar da região. “Não havia material (de limpeza), e o pouco que tem foi a empresa terceirizada que cedeu. Faltavam pás de lixo e panos de chão. As vassouras e os rodos são de péssima qualidade”, exemplificou ele citando também que os serviços de higienização do Hospital Raul Sertã poderiam ser mais bem feitos se houvesse melhores condições de trabalho. “Se não tem como trabalhar, como fazer? O que foi cedido pela empresa durou, no máximo, duas semanas ou menos”, queixou-se.

O que diz a prefeitura

Em nota, a Prefeitura de Nova Friburgo informou que, segundo o secretário municipal de Finanças, Planejamento, Desenvolvimento Econômico e Gestão, Hugo Leonardo de Carvalho, o compromisso da prefeitura foi cumprido, realizando o depósito no valor de R$ 365.014,95, ontem, 10, na conta da empresa. A prefeitura informou ainda que  a secretária municipal de Saúde, Nicole Cipriano, confirmou ter recebido doações de materiais de limpeza que foram utilizados no hospital. De acordo com a gestora, os produtos foram doados porque já estavam abertos e em uso. Nicole afirma também que o hospital já recebeu equipamentos novos para a limpeza de seus setores.

 

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TAGS: saúde | Governo