Impactos ambientais do Réveillon

Celebrações de fim de ano têm consequências que exigem reflexão sobre como equilibrar a festa e o respeito ao planeta
quinta-feira, 02 de janeiro de 2025
por Liz Tamane
(Foto: Comlurb)
(Foto: Comlurb)

Todo final de ano, o Brasil se prepara para celebrar a virada com festas, fogos de artifício e grandes ajuntamentos de pessoas. O réveillon é uma data carregada de simbolismo, de celebração da vida, do recomeço e da esperança para o novo ciclo. 
No entanto, enquanto milhares de pessoas se concentram em praias e praças para dar as boas-vindas ao ano novo, muitos não se atentam para os efeitos colaterais dessa festa em larga escala no meio ambiente. As celebrações de fim de ano, especialmente no Brasil, têm consequências que exigem uma reflexão sobre como podemos equilibrar a festa e o respeito ao planeta.

Impacto dos fogos de artifício

(Foto: Gabriel Monteiro - Riotur)

Uma das marcas registradas do réveillon são os imponentes fogos de artifício. Seja nas praias do Rio de Janeiro, com o famoso espetáculo de Copacabana, ou em cidades menores, os fogos representam um símbolo de festa, mas também de impacto ambiental.
O estrondo dos fogos de artifício pode ser um tormento para muitos, mas os efeitos mais graves não estão apenas no ruído. As explosões liberam grandes quantidades de poluentes na atmosfera, com dióxido de enxofre, dióxido de carbono e monóxido de carbono, além de material particulado. Essas substâncias podem ser prejudiciais tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas, onde a poluição já é um problema.
A queima de fogos de artifício não afeta apenas o meio ambiente, mas também representa um risco significativo à saúde humana. Segundo o Ministério da Saúde, entre 2007 e 2017, cerca de 7 mil pessoas sofreram lesões devido ao manuseio de fogos, sendo 70% dessas vítimas acometidas por queimaduras, 20% por lacerações e cortes, e 10% por amputações de membros superiores, lesões de córnea, além de danos auditivos e perda de visão. Durante esse período, 96 mortes foram registradas no Brasil como resultado de acidentes com fogos de artifício, evidenciando os sérios perigos dessa prática.
A poluição sonora gerada pelos fogos de artifício é um fator de estresse para diversas espécies de animais, desde cães e gatos, até aves e outros animais selvagens, que podem ser desorientados ou até sofrer danos físicos devido aos altos níveis de barulho.
Outro ponto crítico relacionado aos fogos de artifício é o lixo deixado para trás. O espetáculo pirotécnico, que dura apenas alguns minutos, deixa como legado uma quantidade significativa de resíduos, como papéis, fios, plásticos e outros materiais. Muitas vezes, esses resíduos acabam sendo descartados de forma inadequada, resultando em poluição das praias e dos espaços urbanos.

Impacto dos excessos e do lixo gerado

As festas de fim de ano, especialmente nas grandes cidades e nas praias mais turísticas, geram um volume imenso de lixo. De garrafas de vidro e plástico a recipientes de comida, o lixo descartado por milhões de pessoas ao longo da noite tem um impacto considerável no meio ambiente.
No Rio de Janeiro, por exemplo, o evento de Copacabana atrai mais de 2 milhões de pessoas, que celebram a virada com a tradição de pular as ondas e curtir a praia. No entanto, essa festa que dura apenas algumas horas deixa para trás um mar de garrafas, copos descartáveis, papel, plástico e outros materiais. Em muitas ocasiões, as operações de limpeza, apesar de eficientes, não conseguem lidar com o volume de resíduos, resultando em lixo acumulado na orla por dias após a celebração.
A utilização excessiva de plásticos descartáveis é outro problema associado ao réveillon. Copos, garrafas, pratos e talheres descartáveis são amplamente utilizados durante as festas, tanto nas celebrações públicas quanto nas privadas. Esses plásticos, quando não são devidamente reciclados ou descartados, podem acabar em rios, oceanos e praias, contribuindo para o aumento da poluição marinha, que é uma das maiores ameaças ao ecossistema marinho atualmente.

Impactos no sistema de drenagem e alagamentos

Outro aspecto muitas vezes esquecido nas comemorações de fim de ano é o impacto das chuvas torrenciais, que não são raras durante o verão no Brasil. As grandes festas, com milhares de pessoas reunidas em áreas públicas, podem gerar sobrecarga no sistema de drenagem das cidades, que muitas vezes não está preparado para lidar com a quantidade de lixo acumulado e os resíduos deixados pelos participantes.

Impacto no ecossistema marinho

As praias, especialmente as mais visitadas, acabam sendo diretamente afetadas pelos resíduos lançados na areia e no mar. Materiais como plásticos, isopores e garrafas de vidro, se não forem coletados de forma eficiente, podem ser levados para o oceano, afetando a fauna marinha. Espécies como tartarugas marinhas, aves e peixes são vítimas da ingestão desses resíduos, que muitas vezes causam sufocamento ou obstrução dos sistemas digestivos.
As substâncias químicas presentes nos fogos de artifício podem contaminar as águas, prejudicando a vida marinha e afetando a qualidade da água, fundamental para a sobrevivência de muitas espécies. O uso de metais pesados e outros produtos químicos durante as explosões gera um risco significativo para o ecossistema marinho, com consequências que podem se prolongar por meses ou até anos.

Alternativas sustentáveis

Em resposta a esses impactos, algumas alternativas sustentáveis estão sendo adotadas por algumas cidades e comunidades, buscando tornar o réveillon mais amigável ao meio ambiente. Uma das alternativas é a utilização de fogos de artifício silenciosos, que substituem as tradicionais explosões por efeitos visuais, sem causar o barulho excessivo, eles foram utilizados em cidades de Minas Gerais, como Poços de Caldas e Varginha. Há ainda uma crescente conscientização sobre a necessidade de eventos mais limpos, com campanhas de conscientização sobre o descarte adequado de lixo e a promoção de festas mais sustentáveis.
Outra alternativa é o incentivo ao uso de materiais recicláveis e biodegradáveis, como copos e talheres de bambu ou de papel, e a implementação de sistemas de coleta seletiva nas praias e nas ruas onde os eventos acontecem. Algumas organizações também têm promovido ações de limpeza voluntária logo após as festas, incentivando os participantes a contribuir para a preservação do meio ambiente.
Com a crescente conscientização ambiental e o fortalecimento das práticas sustentáveis, é possível garantir que as próximas celebrações de fim de ano sejam ainda mais alegres, sem comprometer a saúde do planeta e das futuras gerações. 

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