Histórias de amor que tocam o coração

quinta-feira, 09 de junho de 2022
por Jornal A Voz da Serra
Foto: Pexels/ Jasmine Carter
Foto: Pexels/ Jasmine Carter

Amar, ser amado, provoca uma das sensações mais inspiradores no ser humano. Toca fundo os corações, ilumina as mentes e fazem lembrar momentos que despertam os melhores sentimentos. A troca de mensagens, declarações e presentes fazem parte da celebração do Dia dos Namorados, e para ilustrar a data selecionamos algumas histórias para você curtir.

 

“Achei que era você, mas depois vi que era você”

“Peguei um ônibus com uma mulher alta, negra, vestindo um uniforme de vôlei. Fiquei totalmente apaixonado. A gente desceu no mesmo ponto, ela foi andando em direção à quadra e eu pensei em quando iria encontrá-la de novo. Resolvi procurar no Orkut, em uma comunidade de vôlei da cidade. Encontrei alguém com as suas características — para mim, era ela — e vi que em seu perfil tinha um e-mail. Uma semana depois, mandei uma mensagem me declarando. 

Expliquei que a vi no ônibus, que fiquei encantado. Recebi uma resposta de que talvez eu estivesse confundindo as pessoas. Devolvi com um “legal, mas quem é você?”. Ela havia jogado vôlei durante um tempo e conseguiu identificar a mulher que eu tinha visto no ônibus. Chegou a dizer que poderia apresentá-la a mim.

Mas eu fiquei mais interessado nas respostas dela do que na imagem que me encantou. A gente foi conversando, deu match, o santo bateu. Estamos casados desde 2013.”

“Crônica de um casamento anunciado”

“Eu e Roberto nos conhecemos na escola, começamos a namorar logo depois de formados e ficamos juntos por um ano. Um dia, ele disse: ‘Olha, nós vamos nos casar daqui a 12 anos. Mas, até lá, temos de conhecer outras pessoas, aproveitar a vida de outro jeito, ter experiências’. 

Eu fiquei na maior fossa. E ele daquele jeito, falando que estava muito envolvido, mas que achava que a gente tinha que esperar. Nos separamos, mas não perdemos o contato. Eu tive outros relacionamentos, ele também. As namoradas tinham muito ciúme de mim. Ele vinha com essa conversa de que namorava outras, mas eu era a pessoa com quem ele ia se casar. E meio que ao acaso, foi exatamente o que aconteceu. 

Nos reencontramos em uma festa, ele estava terminando um namoro e eu saindo de uma relação. Começamos a namorar de novo. Casamos, tivemos dois filhos e ficamos mais de 20 anos juntos. Hoje, estamos separados.”

 

“Casei duas vezes com o mesmo homem”

“Eu me casei com o Leo em 1957. Estávamos juntos há 31 anos quando nos separamos por motivos que não importam agora. Tivemos três filhas, continuamos amigos. O Jorge, irmão do Leo, morava perto da minha casa. O Leo foi embora e ele ficou. Jorge era muito bom pra mim, adorava crianças, tínhamos muito em comum. 

Nos casamos em 1996. Um ano depois do nosso casamento ele descobriu um câncer, e eu fiquei o ano seguinte inteiro cuidando dele. Ele morreu no dia do nosso segundo aniversário de casamento. Gostar do  casamento o Leo não gostou, mas, se ficou bravo, problema dele. Na família, a minha união com o Jorge não foi um problema porque eu o afastei da bebida, o levei para um bom caminho. Ele mudou completamente quando entrou na igreja, e por isso me casei com ele. 

Muito tempo se passou, e eu e o Leo passamos a ter contato de vez em quando. Quase 30 anos depois, ele quis voltar. Mas gosto de homem que frequenta a igreja, não posso conviver com uma pessoa do sexo oposto e não casar. Então, já com 80 anos, acabei casando de novo. Agora, estamos juntos até que a morte nos separe.”

 

“Na minha quarentena ou na sua?”

“Ano passado fiz uma viagem pela Europa com amigos. Em Lisboa, dei match com um cara em dois aplicativos diferentes. Já era meu penúltimo dia lá e a gente marcou de se encontrar. Era noite, ele me levou para passear na cidade, me mostrou Lisboa inteira. A gente ficou até seis da manhã rodando pelos lugares, uma coisa meio o filme ‘Antes do Amanhecer’, do Richard Linklater. 

Me apaixonei já naquele dia. Desde que voltei, raramente ficamos um dia sem conversar: falamos por horas, temos referências parecidas, interesses complementares. Ele veio visitar o Brasil uma semana antes do Carnaval, e foram os dias mais intensos e bonitos que já tive num relacionamento. A gente se pediu em namoro, fez declarações de amor. A despedida foi triste, chora, volta logo, um milhão de planos. Inclusive ele tinha gostado tanto do Brasil que estava querendo vir morar aqui, talvez se dividir entre os dois países, falamos até em casar para facilitar a vinda dele.

Planejava ir vê-lo em março de 2020, quando explodiu a pandemia. Já era um relacionamento atípico e ficou ainda mais difícil com uma barreira intransponível, de não poder viajar. Vislumbrar uma história, construir um relacionamento foi uma coisa que a pandemia roubou da gente, por um bom tempo. Mas a gente foi levando, conversando, para manter a chama acesa.

Poucas vezes me apaixono, e não tenho problemas em investir minhas fichas em uma coisa que eu queira muito. Acho que a gente tem que arriscar na vida. Às vezes me sinto egoísta por estar preocupado com um interesse individual, colocando-o acima do coletivo. Mas é inevitável. Valeu a pena, porque achei nunca fosse me apaixonar dessa maneira.”

“Cruzei um oceano para te conhecer”

“Eu sou da Guiné Bissau e vim em 2008 para o Brasil estudar oceanografia, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Eu a via todos os dias na faculdade, linda, andando com os professores. Ela era influente, já estava no terceiro ano do mestrado de física. Fiquei um ano assim, olhando. Então comecei a dar aula em um projeto de extensão, onde ensinava cultura e dança africana. 

Uma amiga dela, paraguaia, virou minha aluna e então eu criei coragem para pedir o contato. Comecei a conversar com ela bem no momento em que entramos de férias. Fui para Fortaleza e falávamos por ligação de vídeo. Quando voltei, começamos o namoro no mesmo dia e desde então nunca mais nos separamos.

Moramos juntos em 2012, nos casamos em 2015 e em 2017 nasceu nossa filha. Uma década já se passou, mas parece que ainda estou conhecendo-a. Forte e doce, ela é sempre mais do que eu posso imaginar. Recentemente passamos a postar várias fotos de nossa família nas redes sociais e não imaginávamos como nossa família é importante não só para a gente. É para os outros também. 

As pessoas vêm falar de como é importante essa representatividade, porque ainda existe muitos estereótipos sobre o homem e a mulher negra, como o pai ausente e a mãe solteira. Todos dizem que somos um exemplo de família e eu sinto que a minha vida simplesmente não existia antes delas.”

 

“Todas as cartas de amor são ridículas”

“A minha, no entanto, é patética. Eu, gay, me apaixonei por meu amigo hétero. Não gosto de contar. Antes, para não explodir, até sentia prazer em falar. Mas hoje sobrou apenas a libido mórbida e esse gosto por chorar. Quem me dera eu fosse minimalista, porque a história por um ângulo realista é mínima. Um ‘nada aconteceu’ resumiria bem, mas eu gosto de enxergar cada detalhe desse nada. Estou até hoje perdido num mergulho profundo, que me fez perder a noção de para que lado ficou a superfície. E me encontro dividido: volto para respirar ou fico procurando algo dentro desse mar?

Estive na areia por um bom tempo, até que te vi do lado de fora de um restaurante que eu frequentava. Você estava careca, tinha acabado de passar na faculdade. Feio de tudo, magricela, mas já ventava. Estava longe de ser o avassalador tornado que virou, mas era uma brisa que batia em mim. Depois, giramos na quadrilha interminável que foi a faculdade. Eu à beira-mar e você me sorrindo na certeza de que eu iria mergulhar. Dito e feito. E foi uma bonita simbiose. Eu respondia aos seus uivos com minhas ondas, seus tornados com meus maremotos, suas tempestades com minhas águas agitadas. Os meus olhos cravaram nos seus, a sua boca se ajeitou no meu paladar, mas eu tive que lembrar do inevitável. 

O vento é o vento e o mar é o mar. Eles dançam juntos, brincam juntos, brigam juntos, transam juntos, mas jamais estarão juntos. De todos os verbos, o simples ‘estar’ jamais seria alcançado por nós. E, desde então, continuo preso nas águas, sem saber para que lado fica a superfície.”

 

Publicidade
CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Apoie o jornalismo de qualidade

Há 79 anos A VOZ DA SERRA se dedica a buscar e entregar a seus leitores informações atualizadas e confiáveis, ajudando a escrever, dia após dia, a história de Nova Friburgo e região. Por sua alta credibilidade, incansável modernização e independência editorial, A VOZ DA SERRA consagrou-se como incontestável fonte de consulta para historiadores e pesquisadores do cotidiano de nossa cidade, tornando-se referência de jornalismo no interior fluminense, um dos veículos mais respeitados da Região Serrana e líder de mercado.

Assinando A VOZ DA SERRA, você não apenas tem acesso a conteúdo de qualidade, mantendo-se bem informado através de nossas páginas, site e mídias sociais, como ajuda a construir e dar continuidade a essa história.

Assine A Voz da Serra

TAGS: