Clientes de banco têm relatado, nas redes sociais, um novo tipo de golpe envolvendo o Pix. Segundo eles, criminosos ligam para as supostas vítimas e, para convencê-las a fazerem uma determinada transferência bancária, citam dados sigilosos e valores exatos de movimentações anteriores na conta.
Os golpistas dizem que a conta delas foi invadida, que vão solucionar o problema, têm informações sobre o extrato dos clientes, simulam estar na central de atendimento dos bancos, são bem articulados e usam até uma música similar a de um banco. Isso ganha a confiança dos clientes e os convence.
A denúncia viralizou em redes sociais nesta semana. Gerentes procurados pelas vítimas dizem saber do golpe e que há muitas vítimas.
Como funciona tentativa de golpe
O criminoso liga para um cliente de banco e diz algo como: "Sou funcionário da instituição, sua conta foi invadida e retiraram os valores X, Y e Z". Essas transações, obviamente, são falsas, mas a vítima ainda não sabe.
Em seguida, o autor da fraude lista informações sigilosas da pessoa, enumerando dados do extrato, valores precisos de débitos automáticos, transferência via Pix etc. Tudo para induzir a vítima a cair na armação. O objetivo é persuadir a vítima a fazer transferências nos mesmíssimos valores de X, Y e Z para contas de criminosos. O argumento é: "O banco vai reconhecer a duplicidade das transações e cancelar tudo".
Em posts publicados no Twitter na quarta-feira, 8, a jornalista Marcella Centofanti contou que quase caiu na armadilha ao receber telefonema de um homem que se passava por funcionário do Itaú. Na conversa, de acordo com ela, o golpista "citou o que saiu e entrou na minha conta nos últimos dias, o Pix que eu fiz e recebi, com nomes e valores, além de débitos automáticos precisos nos centavos".
Ela também escreveu que, quando a conversa era entrecortada por pausas, "entrava aquela musiquinha que a gente escuta quando liga pro Itaú".
Em nota, o Itaú Unibanco afirmou que "tem a segurança e a proteção de dados como prioridades e investiga de forma minuciosa todos os casos reportados por seus clientes" e que "o resultado das análises relacionadas a este caso não apontou falhas internas, tampouco a possibilidade de participação de funcionários do banco".
Segundo Centofanti, o falso funcionário era articulado e manteve um tom de voz calmo enquanto tentava enganá-la dizendo que se tratava de um alerta após identificar que a conta havia sido invadida.
Ela disse que só desconfiou do golpe quando a pessoa pediu para que ela fizesse uma transferência com o mesmo valor que um golpista havia feito [anteriormente em outro caso]. Dessa forma, segundo o golpista que se passava pelo funcionário do Itaú, o banco reconheceria a duplicidade da transação e cancelaria a operação.
"Perguntou se eu reconhecia três depósitos em valores de 9 a 10 mil reais cada um. Citou os nomes e os bancos dos endereçados. Neguei veementemente, a essa altura completamente desesperada. Aí vem o golpe. Ele pediu pra eu entrar na área de transferência do aplicativo pra desfazer a transação", contou Centofanti em uma sequência de posts no Twitter.
Na mesma sequência de posts, a jornalista disse que após desconfiar do golpe e sentir "um tom de nervosismo na voz" do criminoso, encerrou a chamada. Ela, então, disse que ligou para sua gerente, quando, antes mesmo de terminar de contar o ocorrido, ouviu da assistente: "O Itaú não pede pra fazer uma transferência pra cancelar outra. É golpe".
A jornalista alega que quase acreditou na veracidade da chamada porque, segundo ela, o golpista teve acesso ao seu extrato do dia. Ela chegou a criticar "o silêncio do Itaú", nas suas palavras, após tornar seu caso público, mas depois fez um novo post de atualização dizendo que foi procurada pelo banco. (*Leia matéria na íntegra com comunicado do Itaú Unibanco em g1.globo.com)
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