Os traços fortes da cultura africana podem ser encontrados em variados aspectos da cultura brasileira, como a música popular, a religião, a culinária, o folclore e as festividades populares, como o carnaval. E é essa pegada que a escola de samba Globo de Ouro, da Vila Amélia, a quarta e última a desfilar pelo Grupo A, no sábado, 22, promete apresentar na Avenida Alberto Braune.
Para conquistar o 13º título, a escola trouxe o carnavalesco Paulo Schimidt que fez um trabalho bastante reconhecido na escola do Grupo Especial Alunos do Samba, em 2019, e respira carnaval há 13 anos. Com o enfoque na cultura negra, o ritmo terá destaque no enredo da escola.
“Batuque é o enredo para o Carnaval 2020. É o batuque de origem africana. Vamos trazer a ancestralidade, a originalidade e a cultura afro para o nosso desfile. O batuque chegou ao Brasil para virar samba, capoeira, pagode, entre outros. É um misto de ritmos”, conta Schimidt.
O carnavalesco elogia a administração da escola e conta que o ambiente proporciona um trabalho sério, focado e aliado a um planejamento competente. “Nós começamos a trabalhar em agosto e está tudo sendo feito com muita coerência. O presidente Cailan Cardoso tem feito um excelente trabalho administrativo e manual. As fantasias estão muito bonitas, as alegorias estão maiores, inéditas. Tem muita coisa bacana que vai encher de orgulho o povo da Vila Amélia, além dos torcedores e integrantes do Globo do Ouro”, planeja.
A novidade é o gigantismo de um desfile compacto e inédito com muitas criações exclusivas. Os carros alegóricos merecem atenção. Serão revestidos com muita modernidade trazendo efeitos e perfeccionismo nas decorações. Todas as fantasias foram feitas dentro da escola e de acordo com Paulo apostar no talento friburguense é valorizar o artista local.
“Para ser campeão tudo tem que ser feito com muita competência, respeitando todas as agremiações que trabalham para abrilhantar ainda mais o carnaval friburguense. São detalhes ricos, luxuosos e criativos. O povo vai ver na avenida fantasias inéditas criadas especificamente para o desfile deste ano, dentro do nosso ateliê e não toda a sucata importada do Rio de Janeiro. Isso não é legal, acaba por tirar todo o brilho dos profissionais e artistas friburguenses”, acredita ele.
“A ordem do desfile faz diferença, sim. A primeira escola geralmente é prejudicada e a avenida está fria. O público ainda não está empolgado. Sendo a última escola você é avaliado por tudo aquilo que foi apresentado. É com isso que eu estou trabalhando, é em cima disso que eu vou montar o Carnaval 2020”, completa o carnavalesco.
Ficha Técnica
- Fundação: 30/03/1977
- Endereço: Rua Adelino Valente, 146, Vila Amélia
- Cores: azul, royal, amarelo e ouro
- Símbolo: Globo
- Presidente: Cailan Cardoso da Silva
- Vice-presidente: Paulo Mangano
- Títulos: (12) 1991 – 1992 – 1993 – 1994 – 1996 – 2004 – 2005 – 2007 – 2010 – 2014 - 2015 - 2018
- Enredo: “Batuque”
- Carnavalesco : Paulo Schimidit
- Compositores: Samir Trindade, Serginho Aguiar, Elson Rodrigues, Filipe Araújo e Alexandre Moreira
- Intérprete: Ciganerey e Edinho Melodia
- Mestre-sala: João Santos
- Porta-bandeira: Maria Eduarda
- Bateria: Kamikaze
- Alegorias: 3
- Alas: 12
- Componentes: 350
- Comissão de frente: Lurriele
- Rainha : Paola Muniz
- Ordem do desfile: 4ª - 1h30
Letra do samba
Batuque que faz o chão tremer
Emana energia e vibração
Raiz africana no Xirê
É canto, dança e devoção
Toca pra subir, poeira
Chama pra descer o povo de Aruanda
Noite de luar clareia
Enfeita de axé meu samba
Saudade que o negro chorou
A cura do corpo no seu tambor
Rufa o Alujá pra Xangô
Oxossi na fé, ecoa o Agueré
Firma na palma da mão
Bate Adarrum a Ogum
Chegou Oxalá, Dobre o rum
“Preto Véio” mandingueiro rezou...
E pediu ao seu senhor liberdade
De Congo um nobre rei fez
Reluzir felicidade
Gira baiana “crioula” deixa girar
Maracatu, marujada, vem brincar
No gueto semeando esperança e paz
O sonho inocência que se refaz
No peito um batuque de gente guerreira
Mostrando ao mundo a sua realeza
Ao som da batucada brasileira
Meu azul e ouro é couro de madeira
Vai ressoar o atabaque de um bamba
Ao renascer nesse conga
Globo de Ouro no celeiro do samba
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