Cientistas de dados, engenheiros e economistas do grupo Covid-19 Analytics apontaram na última semana em estudo que o Ceará é o único estado do Brasil com taxa de contágio abaixo de 1 (0,92). Isso quer dizer que o resultado mostra que, em média, cada contaminado pelo coronavírus transmite o vírus para menos de uma pessoa. A pesquisa que foi realizada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) apresenta as taxas de contaminação entre os dias 15 de abril, quando um contaminado passava a doença para outras 2,75; e 26 de maio, data em que o nível atingiu o “ideal” - isto é, abaixo de 1. A taxa foi alcançada ainda em 25 de maio, com 0,99. No Brasil, consideradas todas as pastas de saúde, a média da taxa era de 1,89 em 26 de maio. Esses dados foram revelados em uma reportagem do portal de notícias G1.
Segundo a reportagem, o pesquisador de pós-doutorado da Universidade da Califórnia Gabriel Vasconcelos, que integra o Covid-19 Analytics, o cálculo para obter o resultado leva em conta ainda o tempo de recuperação de cada paciente. “A taxa está ligada diretamente a quantas pessoas cada doente pode infectar. O que a faz subir ou descer é a velocidade com que as pessoas se recuperam. Conforme os tratamentos forem avançando, o número desce; se os pacientes ficam doentes por mais tempo, podem infectar mais gente, e a taxa sobe”, pontuou, o pesquisador.
Flexibilização
Esse estudo é semelhante ao utilizado pela empresa People & Business Solutions (PBS), de Nova Friburgo, que indicou ser possível flexibilizar o comércio no município de forma gradual e responsável. Em reportagem de A VOZ DA SERRA, publicada no último dia 16 de maio, o estudo mostrou que, entre 23 de abril e 11 de maio, a taxa de transmissão da doença, qualificada como R0, ficou abaixo de 1, patamar internacional utilizado para estabelecer o controle na propagação do coronavírus.
Autor da pesquisa, o engenheiro mecânico Rafael Spinelli explicou que o quadro verificado no município, de acordo com instituições de saúde do mundo inteiro, permitia, na época, descartar momentaneamente o isolamento total e indicar a flexibilização para a economia. “A Rzero calcula a velocidade de transmissão da doença no período de incubação, de 14 dias. O parâmetro para determinar as medidas a serem cumpridas em cada localidade é que a R0 seja inferior a 1,0. Com isso, se consegue estabilizar o avanço da doença e achatar a curva de contaminação. Claro que a flexibilização não exclui os cuidados que são seguidos hoje e que necessitam de continuidade”, esclarece o engenheiro, que tem mestrado na UFF/ Paris VI, e MBA na Fundação Getúlio Vargas.
Os gráficos mostraram que, mesmo após uma redução, cujo menor índice chegou a 0,74, no final do intervalo analisado esse índice estava em crescente evolução, batendo em 0,95, próximo a 1,0, limite para a recomendação da flexibilização. Esses valores são referentes ao intervalo 23 de abril e 11 de maio.
Apesar de o estudo concluir que é possível uma flexibilização gradual e com segurança, não foi levado em conta a falta de testagem em massa da população friburguense, o aumento da taxa de ocupação dos leitos de Covid-19 no Hospital Raul Sertã e do crescente aumento do número de casos na cidade, como mostraram os boletins da prefeitura na época, nos dias que antecederam e nos dias posteriores a divulgação do estudo. No dia 11 de maio, a cidade registrou 89 casos de Covid-19, no dia 13 foram 97 casos, no dia 15 foram 113 casos e no dia 18, 121 casos da doença.
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