Prestes a completar dez anos da pior tragédia climática do Brasil, Nova Friburgo ainda conserva resquícios do fatídico 12 de janeiro de 2011. A enchente que devastou o município e toda a região serrana deixou marcas visíveis e invisíveis no município, além de mudar por completo a rotina da população.
Para que os eventos deste porte não aconteçam outra vez, obras foram realizadas, como a contenção de encostas, alargamento do Rio Bengalas e instalação de sirenes em locais de risco. As ações vão continuar e em 30 dias, o Governo do Estado do Rio pretende lançar um novo plano de prevenção e contingência para desastres naturais, que inclui desassoreamento de rios e canais e atuação integrada de diversos órgãos. O novo plano poderá beneficiar Nova Friburgo. Essa possibilidade foi discutida na última quarta-feira, 2, em reunião entre o governador em exercício, Cláudio Castro, secretários e técnicos das áreas envolvidas.
Estiveram presentes os secretários estaduais de Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Roberto Robadey; de Planejamento e Gestão, Bruno Schettini; de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Cristiane Lamarão; e a presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Diane Rangel.
“É fundamental atuarmos na prevenção e termos um plano detalhado para uma resposta rápida e coordenada das ações, envolvendo as diversas áreas do estado e as prefeituras”, disse Cláudio Castro, na abertura da reunião. Durante o encontro, o coronel Robadey apresentou ao governador em exercício o Plano de Emergência do Estado, que é atualizado anualmente, com estratégias para otimizar as ações de prevenção, resposta e recuperação a emergências e desastres. Ele é o ponto de partida para a tomada de ações, a partir de cenários de risco e fixação de protocolos para minimizar danos e prejuízos. A Defesa Civil Estadual também mapeou as áreas com maior suscetibilidade a inundações no estado, com base em dados dos últimos 23 anos.
Na reunião, Cláudio Castro defendeu que o plano seja ampliado, com a mobilização dos prefeitos e o lançamento de um hotsite para facilitar a comunicação com os cidadãos fluminenses. O plano deve incluir uma atuação integrada e articulada com os demais órgãos da gestão estadual e com os 92 municípios do Estado do Rio.
“Todos os anos, a Defesa Civil revisa o plano de emergência do Estado, contemplando os vários tipos de desastres, inclusive aqueles relacionados às chuvas. Combinamos de montar um grupo de trabalho para revisar o plano do ano passado e detalhar e aperfeiçoar. Também vamos difundir mais esse trabalho no governo, em outras secretarias. O governador determinou que as outras secretarias estejam verdadeiramente engajadas em rever esse plano”, afirmou Robadey.
Em nota, a Prefeitura de Nova Friburgo informou que o Plano de Emergência e Prevenção a Desastres Naturais, ainda não chegou ao conhecimento Defesa Civil Municipal. O secretário da pasta, Robson Teixeira, aguarda contato da Defesa Civil Estadual, para uma participação efetiva em todo planejamento. “As sirenes estão passando por uma manutenção neste período. Os simulados nas áreas de risco, estão programados para o final de outubro”, informou a prefeitura.
A tragédia
Em janeiro de 2011, 442 pessoas morreram após as fortes chuvas que devastou diversos bairros, em consequência dos deslizamentos de encostas, pedras, desmoronamento de casas, provocadas pelos tremores dos trovões. A cidade ficou sob lama e destroços.
Na Prainha, localidade de Conquista, distrito de Campo do Coelho, 17 pessoas morreram após um deslizamento de encosta. Antes área de lazer, hoje o local encontra-se abandonado.. “Aqui vivia lotado. Hoje, a ponte está quebrada, não há proteção e é um risco para quem passa a pé ou de carro”, lamentam os moradores.
Diante de tantos problemas, os moradores da Prainha decidiram colocar a mão na massa e vão ajeitando o local que antes atraía turistas. “Se o poder público nos desse uma ajuda a situação iria melhorar rapidamente”, diz um morador. Em Três Irmãos, loteamento de Conselheiro, mesmo não sendo atingido pelas chuvas de 12 de janeiro de 2011, um ano e meio depois, o local sofreu um deslizamento de pedras, que destruiu diversas casas.
No bairro Córrego D’antas, centenas de casas foram interditadas e os moradores tiveram que deixar suas residências. Com a promessa de um novo lar, muitas famílias foram realocadas no condomínio Terra Nova, em Conselheiro Paulino. De acordo com o Governo Federal, Nova Friburgo já recebeu mais de 1.700 unidades habitacionais.
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