Dificuldades da fala espontânea podem vir acompanhadas de movimentos corporais

Pessoas com gagueira podem ser fluentes quando cantam, declamam um poema, repetem a fala de uma personagem no teatro, ou imitam um sotaque”
sexta-feira, 21 de outubro de 2022
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Pexels)
(Foto: Pexels)

Ninguém é fluente o tempo todo. Em alguns momentos da vida e sob determinadas condições, qualquer pessoa pode apresentar certo grau de gagueira, mas ninguém dá atenção ao fato. Com as crianças pode acontecer a mesma coisa. Elas gaguejam quando ainda não desenvolveram a linguagem nem as habilidades da fala para expressar suas ideias e sentimentos. Por isso, apresentar alguns episódios de gagueira na infância pode não passar de um evento que faz parte da aquisição normal da linguagem.

De qualquer forma, ainda não foi estabelecido um protocolo padrão para o diagnóstico da gagueira, que deve ser realizado por fonoaudiólogo(a) especialista na área da fluência. Em geral, o fator decisivo para fechar o diagnóstico é a criança demonstrar que, há seis meses ou mais, está consciente da própria dificuldade e luta para falar. Para tanto, a avaliação considera os sintomas (número de rupturas da fala durante um período pré-estabelecido de tempo que levam ao comprometimento da comunicação verbal, por exemplo) em diferentes contextos e situações.

Além desses dados, o diagnóstico da gagueira leva em conta o histórico pessoal e familiar do portador do transtorno. O curioso é que pessoas com gagueira podem ser fluentes quando cantam, declamam um poema, repetem a fala de uma personagem no teatro, ou imitam um sotaque. Isso acontece, porque a região do cérebro estimulada na fala não espontânea, o hemisfério direito, é diferente da região responsável pela falta de sincronia que aparece na fala espontânea, ou seja, o hemisfério esquerdo.

Tratamento

O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento sob a orientação de um fonoaudiólogo são medidas fundamentais para evitar que a gagueira se torne crônica. O objetivo é ajudar o portador do transtorno a melhorar a fluência do discurso e a capacidade de comunicação.

A seleção das técnicas terapêuticas deve levar em consideração a idade e as características do distúrbio de cada paciente. Basicamente, ela inclui a aprendizagem motora de estratégias a serem usadas durante a fala, como falar mais devagar, utilizar as pausas silenciosas com maior frequência e controlar a tensão muscular por meio de exercícios específicos.

O tratamento da gagueira envolve, ainda, a participação dos pais e de outros adultos que interagem com a criança no dia a dia. Basicamente, consiste em ser um bom ouvinte, ou seja, é preciso escutar o que a criança tem a dizer, sem apressá-la nem tentar adivinhar a palavra que lhe falta para completar o pensamento. Sempre é bom lembrar que a criança não gagueja porque quer ou para chamar a atenção. Gagueja porque não consegue ser fluente.

A psicoterapia é outro recurso a ser considerado no tratamento da gagueira, uma vez que pode ajudar a pessoa que gagueja a reconhecer e a lidar com sensações como o estresse, ansiedade, medo e baixa autoestima, que podem piorar o prognóstico do transtorno.

Vários medicamentos já foram testados para o tratamento da gagueira, mas nenhum demonstrou ser eficaz o bastante para a remissão do quadro.

Recomendações

  • Não se acanhe nem deixe de expressar o que pensa ou o que sente só porque você gagueja;

  • Procure valer-se dos artifícios que ajudam a diminuir os sintomas da gagueira;

  • Use interjeições, substitua as palavras que de antemão sabe que tem dificuldade para pronunciar por outra equivalente, construa frases mais simples e menos elaboradas;

  • Leve a sério o tratamento. Não deixe de comparecer às sessões de fonoaudiologia nem as que visam ao atendimento psicológico.

Observação importante

As dificuldades da fala espontânea próprias da gagueira podem vir acompanhadas de movimentos corporais que visam facilitar a emissão dos sons ou sílabas bloqueados. Por exemplo: rapidez no piscar dos olhos, tremores dos lábios e da mandíbula, tiques faciais, movimentos bruscos da cabeça. (Fonte: https://drauziovarella.uol.com.br/)

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