Dia Nacional das HQs

Uma celebração das histórias em quadrinhos no Brasil
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: divulgação)
(Foto: divulgação)

Nesta quinta-feira, 30, comemora-se o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos. A data foi escolhida em homenagem à primeira HQ do Brasil, publicada há 156 anos, no dia 30 de janeiro de 1869 por Angelo Agostini, um italiano radicado no Brasil. Agostini era um repórter visual e gostava de registrar os acontecimentos em forma de desenho. Em 1866 publicou sua primeira ilustração, uma caricatura satirizando a política, no jornal O Cabrião.

Mas foi três anos depois, em 1869, que ele publicou sua primeira tirinha no jornal Vida Fluminense. A narrativa chamava-se “As Aventuras de Nhô-Quim” e, dividida em dois episódios, contava a história de um jovem caipira visitando a corte do Rio de Janeiro e se assustando com a desigualdade social da época.

 As HQs no Brasil

A primeira revista exclusiva de HQs surgiu apenas em 1905, uma obra conjunta do jornalista e cartunista Renato de Castro, do poeta Cardoso Júnior e do jornalista Manoel Bonfim. A ideia foi apresentada a Luís Bartolomeu de Souza e Silva, dono de uma revista famosa na época, que mergulhou de cabeça na produção. Deu-se então vida a “O Tico-Tico”. 

O Tico-Tico”, inspirado em revistas americanas, tinha como objetivo auxiliar no desenvolvimento infantil e foi o maior gibi que se teve no país até hoje, com 2.097 edições publicadas em 57 anos. Nas décadas de 40 e 50, nasceram algumas editoras nacionais que foram decisivas para o futuro das HQs no país, como a Abril, O Cruzeiro, Rio Gráfica e Editora e Brasil América. A Abril, muito conhecida até hoje, começou a trazer para o Brasil alguns quadrinhos famosos no exterior, o que acabou ajudando na popularização do gênero. Com o sucesso, a Disney criou o famoso personagem “Zé Carioca”, personagem brasileiro que ganhou destaque em HQs internacionais.

Desde então os quadrinhos brasileiros foram ganhando cada vez mais força e se tornando populares. Com isso, surgiram inúmeras revistas e o gênero passou a ser considerado como a nona arte no país.  Entretanto, na década de 50, a concorrência interna com as HQs americanas e seus heróis – destaque para Marvel e DC Comics – ficou acirrada. Para competir, alguns heróis das novelas de rádio brasileiras ganharam suas versões de HQs, como O Vingador, de Péricles de Amaral e Fernando Silva, e Jerônimo – o Herói do Sertão, de Moisés Weltman e Edmundo Rodrigues. 

Foi na década de 1960 que o mercado nacional de fato explodiu quando dois dos maiores autores brasileiros vieram à tona. Em 1960, Ziraldo lançou o Pererê pela editora O Cruzeiro. Mais tarde, ele criou o Menino Maluquinho, outro ícone de destaque que ganhou versões de filme e séries na TV. Já Maurício de Sousa nos apresentou o que seria o maior fenômeno das HQs nacionais e um dos maiores sucessos internacionais, a Turma da Mônica. Os personagens apareceram primeiro nos quadrinhos do jornal Folha da Manhã, onde o destaque ia para as histórias do cachorro Bidu. Tempos depois, em 1970, a Mônica, inspirada na filha do autor, roubou a cena e estrelou o próprio gibi, sendo o mais famoso do país até hoje.

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O sucesso durou por muito tempo e Maurício de Sousa quis inovar; trouxe uma versão mais moderna da turma, com os personagens adolescentes. A Turma da Mônica Jovem surgiu em 2008 e conquistou o coração dos fãs. Suas quatro primeiras edições tiveram mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos.

As HQs também se destacaram nos últimos anos em jornais impressos. Antonio Silvério, chargista de A VOZ DA SERRA, publicou por mais de três décadas em O Globo, as tirinhas bem humoradas do personagem “Urbano, o aposentado”. Essa HQ conta as aventuras de um aposentado bonachão e alguns tipos que o cercam, como o hipocondríaco Almeida, o conquistador Valentim, dona Marlene, vovô Fonseca e seu neto Armandinho.     

Diferenciais e benefícios da leitura de quadrinhos 

As HQs possuem características únicas que as tornam uma forma de leitura acessível e envolvente, sendo uma excelente ferramenta para despertar o interesse pela leitura. A combinação de texto e ilustração cria uma experiência multissensorial, onde a imagem não apenas complementa, mas também amplia e intensifica a compreensão da narrativa.  

Além disso, as HQs possuem uma estrutura visual clara, o que facilita a compreensão de conceitos complexos, tornando-se ótima opção para leitores iniciantes ou aqueles com dificuldades de leitura. Ler HQs também tem benefícios cognitivos, como desenvolvimento da imaginação, a ampliação do vocabulário e a melhoria da concentração e do raciocínio lógico. 

O formato das HQs estimula o pensamento crítico ao associar palavras e imagens, o que ajuda o leitor a interpretar e refletir sobre a história de forma mais profunda. Para crianças e adolescentes, as HQs podem ser uma porta de entrada para o gosto pela literatura, incentivando a leitura de livros mais densos e variados. 

(Foto: divulgação)

HQs pelo mundo

Em cada país que a arte sequencial em quadrinhos foi desenvolvida, um nome específico, assim como estilos e características próprias, lhe foi dado. Confira a seguir os nomes que as HQs ganharam ao redor do mundo e seu país de origem:

Mangá (Japão): Primeiramente publicados em revistas com mais de 500 páginas com inúmeras histórias de vários autores. Posteriormente os títulos de sucesso têm seus capítulos reunidos em compilações de 200 páginas por volume conhecidas como tankobon ou tankohon. Há mangás para todos os gêneros e idades. Normalmente são publicados em preto e branco.

Comics (EUA e Canadá): São os famosos gibis de super-heróis – embora os comics sejam bem mais abrangentes (há quadrinhos sem seres cheios de poder, como por exemplo, Archie, que é voltada para adolescentes). Os quadrinhos americanos são coloridos e suas revistas tem em torno de 32 páginas. As tiras (ou “comic strips”) são uma variedade dos comics. Elas são publicadas em jornais diários em preto e branco. Peanuts (Snoopy e Charlie Brown), O Fantasma, Calvin, Harold, Flash Gordon e Tarzan são personagens famosos desse tipo de publicação.

Banda Desenhada/Bande Dessinée (França, Bélgica): É como são conhecidos os quadrinhos franco-belgas. São geralmente publicados inteiramente coloridos e em formato grande como Asterix e As Aventuras de Tintim.

Fumetti (Itália): Sempre em preto e branco e em um formato pequeno. Foi assim que as aventuras de Zagor e Tex, exemplos de HQs italianas famosas, foram publicadas.

Manhwa (Coreia): São os quadrinhos coreanos que bebem da mesma fonte dos mangás japoneses. Ragnarok e Tarô Café são exemplos de sucesso das HQs oriundas da Coreia.

Manhua (China): Assim como os mahwas, os quadrinhos chineses seguem o estilo japonês dos mangás, no entanto, são pouco conhecidos mundialmente.

Historietas (Argentina): É assim que as HQs dos nossos “hermanos” são conhecidas. As historinhas estreladas pela menina Mafalda são uma das grandes referências. A tirinha Macanudo, do Liniers, é o maior sucesso atual.

Gibi, HQ, revistinha em quadrinhos (Brasil): São algumas denominações usadas no Brasil para a arte sequencial. Porém, diferente de outros países, não são, necessariamente, o nome dos quadrinhos produzidos no País.

Tebeos (Espanha): A comédia pastelão Mortadelo e Salaminho é uma das mais famosas do país.

 

*Reportagem da estagiária Laís Lima sob supervisão de Henrique Amorim 

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