No dia 14 de março é comemorado a Poesia no Brasil, data criada em homenagem a Castro Alves, grande poeta brasileiro com uma história de lutas pelas causas nobres e pela abolição da escravidão, nascido neste dia em 1847, na Bahia.
Com textos críticos à situação a que eram submetidos os afrodescendentes, Castro Alves ficou conhecido como o “poeta dos escravos”. Um de seus mais famosos poemas — Navio Negreiro —, relata as condições desumanas durante o transporte dos africanos, além de detalhes de suas vidas, manifestando sua opinião contra os atos de maus tratos e abusos.
Infância e juventude
Antônio Frederico de Castro Alves nasceu na vila de Curralinho — hoje cidade Castro Alves, Bahia, em 14 de março de 1847. Era filho do médico e professor Antônio José Alves e de Clélia Brasília da Silva Castro.
Quando o pai aceitou o convite para lecionar na Faculdade de Medicina, em 1854, sua família mudou-se para Salvador. Quatro anos depois ingressou no Ginásio Baiano onde foi colega de Rui Barbosa.
Em 1859, perdeu a mãe, e no ano seguinte, com 13 anos, recitou sua primeira poesia em público, em uma festa na escola.
Em janeiro de 1862, seu pai se casa novamente e o casal, o poeta e seu irmão José Antônio partem no vapor Oiapoque, para Recife, onde o jovem se prepararia para ingressar na Faculdade de Direito.
Os estudos e o abolicionismo
Castro Alves chegou ao Recife numa época em que a capital pernambucana efervescia com os ideais abolicionistas e republicanos. Cinco meses depois de chegar, publicou o poema “A Destruição de Jerusalém”, muito elogiado, no Jornal do Recife. Por duas vezes foi reprovado na tentativa de entrar para a Faculdade de Direito.
No Teatro Santa Isabel, que se tornou um prolongamento da faculdade, realizavam-se torneios entre os estudantes. Nesse ambiente, em 1863, durante uma apresentação da peça Dalila, de Octave Feuillet, Castro Alves se encanta com a atriz Eugênia Câmara. Em seguida publica no jornal A Primavera, sua primeira poesia sobre a escravidão:
Lá na última senzala, / Sentado na estreita sala, / Junto ao braseiro, no chão, / Entoa o escravo seu canto / E ao cantar correm-lhe em pranto / Saudades do seu torrão.
Um mês depois, enquanto escrevia uma poesia para Eugênia, surgiram os primeiros sintomas da tuberculose. Em 1864 morre seu irmão, e mesmo abalado, é finalmente aprovado no curso de Direito. Castro Alves participa ativamente da vida estudantil e literária, publica suas poesias no jornal O Futuro, e uma sátira à academia e aos estudos jurídicos.
A doença, o amor e a morte
Em outubro de 1864 sente uma forte dor no peito, seguida de uma tosse incontrolável que o faz lembrar da mãe e dos poetas que morreram jovens como ele. Num ímpeto, escreve “Mocidade e Morte”. Nesse mesmo ano, volta para a Bahia, falta aos exames e perde o ano na faculdade. Em Salvador, repousa, e em 1865 retorna ao Recife e ao curso de Direito. Isolado no bairro de Santo Amaro, vive com a misteriosa Idalina.
Ao visitar o amigo Maciel Pinheiro, condenado à prisão escolar, no térreo do Colégio das Artes, por haver criticado a academia em um artigo no Diário de Pernambuco, escreve o poema “Pedro Ivo”, exaltando o revolucionário da Praieira e o ideal republicano: “República!... Voo ousado/ Do homem feito condor!”
Novamente a palavra “condor” aparece em sua poesia, simbolizando a liberdade. Mais tarde, foi chamado de Poeta Condoreiro.
Na abertura solene das aulas, em agosto de 1865, a sociedade pernambucana se reunia no salão nobre da faculdade para ouvir os discursos e saudações das autoridades, professores e alunos. Castro Alves é um deles: “Quebre-se o cetro do Papa,/ Faça-se dele uma cruz!/ A púrpura sirva ao povo/ Para cobrir os ombros nus. (...)”. Os mais velhos olhavam admirados e os mais jovens deliravam.
Em janeiro de 1866 morre seu pai, deixando cinco filhos menores de 14 anos. A responsabilidade ficou com a viúva e com Castro Alves, então com 19 anos.
Nessa época, inicia um intenso caso de amor com Eugênia Câmara, dez anos mais velha que ele. Em 1867 partem para a Bahia, onde ela iria representar um drama em prosa, escrito por ele: "O Gonzaga ou a Revolução de Minas".
Em seguida, Castro Alves parte para o Rio de Janeiro onde conhece Machado de Assis, que o ajuda a ingressar nos meios literários. Em seguida, vai para São Paulo e conclui o curso de Direito na faculdade do Largo de São Francisco.
Em 1868 rompe com Eugênia, e de férias, numa caçada nos bosques da Lapa, fere o pé esquerdo com um tiro de espingarda, que resultou na sua amputação. Em 1870 volta para Salvador onde publica Espumas Flutuantes, único livro editado em vida, onde apresenta uma poesia lírica, exaltando o amor sensual e a natureza, como no poema Boa Noite.
Castro Alves faleceu em Salvador, em 6 de julho de 1871, vitimado pela tuberculose, com apenas 24 anos de idade. (Fonte: www.ebiografia.com/castro_alves)
Deixe o seu comentário