Dia do Amigo: relacionamentos são abalados pela polarização

Posicionamentos opostos sobre diversos assuntos podem ser motivos para desfazer amizades e familiares deixarem de se falar
sexta-feira, 22 de julho de 2022
por Christiane Coelho, especial para A VOZ DA SERRA
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Num país de regime democrático, como o Brasil, a liberdade de expressão é um direito do cidadão. As pessoas podem defender suas ideias e seus ideais. E, com o advento das mídias sociais, e com maior acessibilidade aos aparelhos de smartphones, a troca de informações e de mensagens, ficou mais fácil. Não há mais necessidade de se falar por telefone convencional ou ter que se encontrar pessoalmente, como acontecia no século passado. Nas redes sociais há a possibilidade de se comentar sobre o que foi postado ou responder nos casos das mensagens de WhatsApp. 

Com isso, abriu-se um campo minado para a falta de respeito ao pensamento do outro e ao discurso de ódio. As pessoas passaram a ser julgadas como um todo, baseado apenas em um dos pontos que defende. Esse comportamento tem prejudicado muitas relações entre amigos e familiares.

E, em um ano eleitoral, como esse, em que serão escolhidos presidente, governadores, senadores e deputados federais e estaduais, a briga tende a se acirrar. Para a escritora e psicóloga, Cinthia Lima Ramos (abaixo), as redes sociais trouxeram poder e voz a todos, sem distinção. “Do assalariado ao executivo, todos podem expor o que pensam, logo, o poder que as redes sociais tem é o de ampliar o que se pensa. Muitas das brigas e ofensas, revelam a insegurança, a imaturidade e a falta de empatia com o próximo. É importante ressaltar que no nosso atual cenário " ter razão" se tornou mais importante do que cultivar as relações.”, explica.

Cínthia alerta que conhecer seus próprios limites é fundamental. “Quando a pessoa tem o interesse de criar e cultivar as amizades, diminuindo a saudade, as redes sociais auxiliam nesse sentido. Agora, se a pessoa tem o hábito de causar polêmica, criticar o outro, as redes sociais vão ampliar esse comportamento, causando grandes ruídos a essa comunicação. Alimentar a discórdia é uma escolha individual”, alerta ela.

Ao ver uma discussão sobre política ou qualquer outro assunto polêmico, como o direito ao aborto ou criação de filhos, a sensação que se tem é de que, por argumentos expostos em comentários ou troca de mensagens de whatsapp, o outro vai mudar de opinião. Mas, esse não é o caminho ideal. “Nosso papel não é convencer o outro. Cada um tem e terá a sua visão de mundo baseado em suas crenças e valores. É necessário aprender a desenvolver a tolerância, o respeito mútuo para que consigamos caminhar como uma sociedade e não como guerrilheiros de partidos e pessoas”, relata Cínthia.

Busca pela validação 

A psicóloga destaca ainda que as pessoas estão gritando pelas redes a procura de serem vistas, através de vídeos, áudios, fotos, textos. “A humanidade quer ser ouvida, aplaudida, uma busca diária por ser validada. “Entendo que uma comunicação amigável, autêntica, respeitosa, pode ser mantida, porém isso vai depender do nível de autoconhecimento que cada indivíduo desenvolveu ao longo da vida”, explica Cínthia, acrescentando que “essas posturas são cansativas e acabam gerando desgastes emocionais e mentais. As pessoas só mudam, quando decidem mudar, ninguém tem que forçar o outro a escolher o seu caminho ou abraçar a sua incrível ideia, é uma questão de livre arbítrio e cada um dará conta daquilo que pensa, fala, faz e reproduz ao longo da vida”, observa. 

Especialistas dizem que, por estarem protegidas por uma tela, as pessoas se sentem mais à vontade para falar coisas que não falariam cara a cara. E, para quem já se conhece e tem tendência a expor seu ponto de vista sobre assuntos polêmicos, algumas dicas para evitar brigas e discussões, como rolar para baixo e nem parar na publicação que te causa estresse, não responder a uma ofensa, e não ofender pessoalmente ninguém e o mais importante é parar e se questionar: Vale à pena correr o risco de perder uma amizade antiga ou brigar com algum parente pela política que muda a cada minuto?

 

 

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