Desde 2019, laudo do Serviço Geológico do Estado já apontava riscos no Três Irmãos

Novo desplacamento de pedras dá susto em moradores de loteamento. Não houve vítimas
sábado, 23 de janeiro de 2021
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)
O enorme bloco de pedra que se desprendeu do alto da encosta do Três Irmãos (Fotos: Henrique Pinheiro)
O enorme bloco de pedra que se desprendeu do alto da encosta do Três Irmãos (Fotos: Henrique Pinheiro)

Na tarde desta sexta-feira, 22, um novo desplacamento de pedras assustou os moradores do Loteamento Três Irmãos, no distrito de Conselheiro Paulino. Uma equipe da Secretaria Municipal de Defesa Civil deslocou-se até a localidade para avaliar o incidente. Felizmente ninguém ficou ferido e nenhuma casa foi atingida.

A área em que houve o desplacamento já estava interditada pela Defesa Civil, desde o primeiro incidente em 2012. A área foi isolada de forma preventiva e, em 2019, agentes do Serviço Geológico do Estado do Rio de Janeiro fizeram uma avaliação e alertaram através de um laudo sobre a possibilidade de novos desplacamento..

“Não é surpresa porque é uma área que já estava interditada e há um laudo de geólogos e da própria Defesa Civil informando o risco de novos incidentes. A área está interditada, mas ainda existem algumas casas com pessoas morando”, disse Luciana Canella, da Defesa Civil.

Segundo Luciana, mesmo sem chuva a pedra já estava fragilizada por conta de fissuras em seu interior. O calor dos últimos dias provocou dilatação nas pedras e por isso houve o desplacamento. Ainda de acordo com a agente, ainda existe a possibilidade de acontecer novos desplacamentos. “Há uma avaliação recente que apontava o risco e não há a necessidade de ter outra avaliação, mas caso seja preciso, faremos a solicitação”, informou Luciana.

Presente no local, o subsecretário de Defesa Civil, Luiz Antônio Couto informou que as famílias que ainda moram na localidade, deverão ser realocadas para um lugar mais seguro. “Faremos contato com a Secretaria Municipal de Assistência Social para realocar os moradores que estão aqui. As casas já haviam sido interditadas e ainda há o risco. Vamos atuar em conjunto com o setor de geomática do município e o Departamento de Recursos Minerais do Estado para saber quais as providências deverão ser tomadas na localidade”, disse o subsecretário.

Os moradores relataram um estrondo muito forte e dizem ter ficado bastante  apreenssivos no momento do desplacamento. “Foi um barulho assustador. Na hora que vi as pedras rolando fiquei com medo. Rapidamente avisei a minha família, aos vizinhos para sairmos correndo. Foi bem tenso”, relatou um morador. “Eu não vou passar a noite aqui, não. Já liguei para o meu irmão e vou lá para a casa dele”, disse outra moradora.

O que dizia o laudo de 2019

O laudo expedido em 2019 pelo Serviço Geológico do Governo do Estado do Rio de Janeiro informou que, além das características geológicas-geotécnicas do rochedo, deve-se levar em consideração a abrupta variação térmica que a localidade suportou durante o verão, com temperaturas altas durante o dia e quedas bruscas durante as madrugadas, o que o relatório classificou como “comuns às áreas serranas”. 

As agentes explicam ainda no laudo que essa influência de variações térmicas provoca um efeito de expansão e contração da rocha em um curto intervalo de tempo. “A combinação desses fatores e agentes predisponentes corroboram com a fragilização do material exposto, sendo assim um processo natural de intemperismo físico, comum na evolução geomorfológica do relevo”.

Ainda segundo o laudo, “considerando as visíveis lascas rochosas em ameaça de queda, as obras realizadas e as retiradas de solo e tálus da base da encosta, conclui-se que a área ainda possui alto grau de risco de novos desplacamentos. A rua a oeste teve seu risco minimizado pelas obras de drenagem, restando agora risco médio de escorregamento de solo de rocha”.

O laudo sugere como medida a longo prazo, a continuação das obras já iniciadas na encosta para toda a região rochosa do maciço, complementadas com um sistema de drenagem. “Na parte oeste da rua, onde existe risco de escorregamento, sugere-se a complementação do muro de contenção junto a rua. Ressalta-se ainda a necessidade de controle de novas construções, o que, se acontecer, poderá resultar no agravamento do grau de risco já existente”.

Em suas redes sociais, o prefeito Johnny Maycon disse que foi ao local para tomar conhecimento da real situação junto à equipe da  Defesa Civil. "Graças a Deus nenhuma casa foi atingida e ninguém ficou ferido, no entanto, constatamos que diversas famílias estão vivendo de forma irregular em casas que deveriam ter sido demolidas. Sobre isso, já solicitamos a atenção da equipe da Assistência Social, Direitos Humanos, Trabalho e Politicas Públicas para a Juventude para que o problema seja solucionado e as famílias recebam total assistência", afirmou.

 

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