Dengue: vacina do Instituto Butantan tem eficácia de 89% contra casos graves

Imunizante, de dose única, oferece proteção elevada mesmo após 3,7 anos
quinta-feira, 15 de agosto de 2024
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Pexels)
(Foto: Pexels)

Estudo publicado na revista científica The Lancet Infectious Diseases revela que a vacina contra dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan, em parceria com o Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, mostrou eficácia de 67,3% contra a infecção e de 89% contra casos graves e com sinais de alarme, após 3,7 anos da aplicação.

O relatório com os dados mais atualizados do estudo clínico já se encontra na fase 3. Os voluntários da pesquisa serão acompanhados até cinco anos após a aplicação da vacina. O Butantan espera que o uso da vacina seja aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o fim do ano. Ao todo foram 16.235 voluntários, com idades que variavam entre 2 e 59 anos, divididos entre dois grupos — os que foram vacinados com o insumo e os que receberam placebo.

No início deste ano, foi publicado no periódico The New England Journal of Medicine o estudo relatando os dois primeiros anos da pesquisa, quando foi constatada a capacidade do imunizante reduzir em até 79,6% o risco de um diagnóstico de dengue. 

Em relação aos casos de reinfecção, o resultado foi ainda melhor, alcançando 89,2%. Esse dado é importante, visto que reinfecções geralmente resultam em casos mais graves de dengue. Quando observado o resultado da vacina num período mais longo, de 3,7 anos, a eficácia contra a infecção registra queda, o que é comum entre imunizantes. Mas a vacina do Butantan manteve a eficácia de 67,3% depois desse período.

“É esperado de qualquer vacina que os anticorpos caiam com o tempo, o que não significa que o imunizante deixe de proteger contra a doença de maneira significativa. Trata-se de uma resposta natural do sistema imune, e a queda foi dentro do esperado para o tempo do estudo”, diz a diretora médica do Butantan, Fernanda Boulos, em comunicado.

Apesar dos testes terem considerado o imunizante seguro, houve alguns efeitos colaterais em quantidade semelhante entre o grupo que recebeu a vacina e o placebo. Segundo o Instituto “não foram detectadas preocupações adicionais de segurança”.

Eficácia da vacina

O novo imunizante é tetravalente, o que significa que ele foi desenvolvido para conferir proteção para os quatro sorotipos da dengue: o DENV-1, o DENV-2, o DENV-3 e o DENV-4. Contudo, durante o estudo não foi identificado dengues do tipo DENV-3 e DENV-4, portanto não foi possível conferir o seu nível de eficácia contra essas linhagens. Já a DENV-1 e DENV-2, a eficácia contra a infecção foi de 75,8% e 59,7%, respectivamente. Segundo os índices, a eficiência da vacina brasileira é semelhante à vacina de duas doses — a Qdenga — da Takeda, farmacêutica japonesa, que foi aprovada pela Anvisa no ano passado.

Em comparação, os dois imunizantes apresentam semelhança de eficácia nas suas estratégias vacinais. Contudo, a vacina do Butantan foi avaliada apenas no Brasil, enquanto a vacina japonesa envolveu também participantes da Colômbia, República Dominicana, Nicarágua, Panamá, Filipinas, Sri Lanka e Tailândia, todos países endêmicos para a dengue.

100 milhões de doses até 2030

O presidente da Takeda no Brasil, José Manuel Caamaño, ressaltou que a perspectiva de existirem em breve duas vacinas que conferem alta proteção contra a arbovirose é importante. “Acreditamos em uma coexistência entre as vacinas. É muito difícil que uma só empresa no mundo consiga atender uma necessidade como é hoje a da dengue. Sabemos que há muitas mudanças que estão levando a um aumento dos casos. E nosso projeto, de 100 milhões de doses até 2030, é para um mundo de oito bilhões de pessoas em que quase 50% vive numa situação de possibilidade de impacto da dengue. Então, estamos abertos e felizes que existam mais opções para buscar a prevenção. Precisamos dessa coexistência de vacinas”, disse.

Em fevereiro, a Anvisa informou que “irá utilizar todas as estratégias possíveis para apoiar a ampliação do acesso rápido à vacina”, e adotará um procedimento de submissão contínua, que irá avaliar o dossiê técnico com os dados e demais requisitos.

“Esse modelo foi criado pela Anvisa durante a pandemia de Covid-19 e permite que o laboratório apresente dados e documentos em etapas, à medida que o trabalho de pesquisa e desenvolvimento vai sendo realizado”, disse a agência reguladora em nota na época.

A ideia do Butantan, é submeter o pedido de aprovação com todos os dados, no segundo semestre deste ano, para que o imunizante seja aprovado até 2025. Caso receba sinal verde, a vacina poderá ser incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) pelo Ministério da Saúde (MS).

Segundo o MS, o Brasil registrou 6,4 milhões de casos de dengue em 2024 até 3 de agosto, que representa mais de três vezes o acumulado no pior ano da série histórica até então, 2015, quando foram cerca de 1,7 milhão de infecções. Em relação às mortes, até agora, 2024 já contabiliza quase cinco mil vítimas fatais. (Fonte: iclnoticias.com.br)

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