Cada vez mais brasileiros estão pedindo demissão de seus empregos. O fenômeno passou a ocorrer de forma acelerada no país após a pandemia do coronavírus. Segundo levantamento da LCA Consultores, com base nos dados mais recentes do Ministério do Trabalho e Emprego, o número de brasileiros que decidiram pedir demissão em abril passado foi o mais alto registrado em mais de 20 anos. Naquele mês, aproximadamente 734,9 mil pessoas decidiram deixar seus empregos. Este foi o maior número registrado desde o início da série histórica, em janeiro de 2004. Para se ter uma ideia, em 2019, o ano anterior à eclosão da pandemia, cerca de 3,6 milhões de brasileiros pediram demissão.
Mercado aquecido pode significar mais oportunidades de melhorias e mudanças na carreira
Para os trabalhadores em geral, principalmente os mais qualificados, mercado aquecido pode significar mais oportunidades de melhorias e mudanças na carreira, seja trabalhando por conta própria ou de carteira assinada. É nesse contexto que, entre janeiro e setembro, o Brasil registrou um pico de 6,5 milhões de pedidos de demissão. Bem mais do que no mesmo período de 2023 e 2022.
Um dado que chama atenção no levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) é que, de cada 100 pedidos de demissão feitos em 2024, 30 foram de jovens entre 18 e 24 anos. Nenhum outro grupo tem tantos demissionários assim.
Outro dado na comparação com 2023: há 15% a mais de jovens se demitindo em 2024. Em contrapartida, em 2023, o número dobrou para 7,3 milhões pedidos de demissão - média de 20 mil por dia. O levantamento
“Motivos dos Desligamentos a Pedido”, realizado pelo MTE, coloca como motivações para a demissão voluntária:
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Outro emprego em vista (36,5%);
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Baixo salário (32,5%);
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Pouco reconhecimento no trabalho (24,7%);
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Problemas éticos com a forma de trabalho da empresa (24,5%);
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Problemas com a chefia imediata (16,2%);
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Inexistência de flexibilidade da jornada (15,7%).
O aumento do empreendedorismo
Outro movimento que tem influenciado o número de pedidos de demissão, segundo especialistas ouvidos pela reportagem, é o do empreendedorismo. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que o número de empresas abertas anualmente mais do que dobrou na última década, passando de 1,89 milhão em 2014 para 3,87 milhões em 2023.
Isso é impulsionado por uma explosão do número de microempreendedores individuais, popularmente conhecidos como MEIs. A quantidade de pessoas que trabalham como pequenos empresários de forma individual mais do que triplicou no Brasil nesses mesmos 10 anos, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), com base em estatísticas do governo federal. Passou de 4,6 milhões, em 2014, para 15,7 milhões, em 2023, um aumento de 237,8%.
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