Decreto libera shows em Friburgo, mas nem todos aprovam exigências

Obrigatoriedade de "biombo" de acrílico ou acetato entre músicos e plateia é alvo de críticas
terça-feira, 20 de outubro de 2020
por Fernando Moreira (fernando@avozdaserra.com.br)
A barreira exigida pela prefeitura lembra a usada pela banda de Roberto Carlos na live do Dia das Mães (Reprodução da web)
A barreira exigida pela prefeitura lembra a usada pela banda de Roberto Carlos na live do Dia das Mães (Reprodução da web)

O decreto municipal 738, publicado na noite desta segunda-feira, 19, liberando a atividade artística de músicos em Nova Friburgo, dividiu a classe nesta terça.  Enquanto uns celebram a oportunidade de retomar as atividades, mesmo que de forma restrita, outros seguem insatisfeitos e se sentiram excluídos no decreto elaborado pela prefeitura.

Em geral, quem não gostou do regramento imposto foram donos de bares e restaurantes, que consideram inviável a instalação, exigida pela prefeitura, de uma barreira de acrílico (ou acetato) para separar músicos e clientes.

“Já perderam a noção total. Aqui as coisas rumam ao contrário do resto do país e do mundo”, queixou-se um músico que preferiu não ser identificado. “Engraçado é que nas igrejas que têm culto com música ao vivo isso não é necessário. E no Rio, os shows já foram liberados há algumas semanas”, completou.

Em meio à polêmica envolvendo o decreto 738, A VOZ DA SERRA procurou a Prefeitura de Nova Friburgo questionando se o ato oficial seria revisto ou seguiria com a redação atual. Através de nota, o Governo Municipal informou apenas que “o decreto continua vigorando nos mesmos moldes como publicado”.

Reunião na prefeitura

Uma reunião entre representantes do segmento e da prefeitura estava prevista para acontecer na noite desta terça. A principal proposta da categoria é substituir a obrigatoriedade da instalação da barreira de acrílico ou acetato pelo uso de máscara por todos os integrantes. Até a atualização desta notícia, a reunião ainda não havia sido finalizada.

As regras em vigor  vedam por enquanto instrumentos de sopro, como forma de evitar contaminação pelo coronavírus através das gotículas expelidas pela boca, limitam as apresentações a no máximo três integrantes e/ou DJs, em restaurantes, bares, casa de festas, salões sociais que destinem área exclusiva interna, conforme  o artigo 1°.  Continua proibido o funcionamento de pistas de dança, em respeito ao distanciamento social.

O artigo 2º do decreto obriga a instalação de barreira física, com altura mínima de dois metros, em acrílico ou acetato, entre os músicos e os clientes dos estabelecimentos, com distância de mínima de dois metros, respeitando o limite de ocupação do estabelecimento. Também deverá ser garantida boa ventilação dos ambientes, de preferência natural e, se necessária a utilização de equipamentos de climatização, higienizá-los conforme legislação pertinente e com maior frequência.

Setor muito impactado

Após a liberação do funcionamento de bares, restaurantes e, por último, casas de festas, os músicos aguardavam ansiosamente a oportunidade de retomarem suas atividades. Afinal de contas, o setor foi um dos mais impactados pela pandemia - foi um dos primeiros a parar e está sendo um dos últimos a voltar. Ao todo, o segmento está a mais de 220 dias parado, um prejuízo enorme, sobretudo para esses profissionais que, em sua maioria, não tem uma renda fixa e dependem dos eventos para sobreviver.

Cabe destacar que a volta da música ao vivo aos bares, restaurantes e casas de shows não irá beneficiar apenas os músicos, já que a estrutura necessária para esse tipo de evento demanda também a presença de garçons, seguranças, técnicos, cerimonialistas, fotógrafos, empresários, profissionais de apoio, serviços gerais, decoração, sonorização, iluminação, carregadores, DJs, produtores, entre outros profissionais.

“Além disso, a volta flexibilizada dos eventos seguros, legalizados e seguindo todas as normas de segurança, de saúde e sanitárias, colabora para que, cada vez menos aconteçam festas clandestinas e aglomerações em lugares públicos de Nova Friburgo, sem aferição de temperatura, álcool em gel e todos os outros procedimentos obrigatórios elaborados pela prefeitura”, afirmou Heitor Mora, representante dos músicos da Associação de Profissionais em Eventos de Nova Friburgo (Apenf).

Bandeira verde

Desde esta segunda-feira, após quase oito semanas, a cidade entra pela primeira vez em bandeira verde, o estágio mais brando de restrições nas medidas de enfrentamento à Covid-19. A nova bandeira vale até pelo menos 1º de novembro. Para a prefeitura, a bandeira verde indica “risco muito baixo” de contágio pelo coronavírus.

A métrica reguladora que serve como base para aferir a bandeira que será adotada é composta por quatro indicadores: taxa de ocupação média dos leitos de CTI/UTI e dos leitos de enfermaria especificamente para o tratamento de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 no período de 14 dias; a taxa de letalidade do município de Nova Friburgo; e variação do número dos novos casos positivos a cada 14 dias.

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