Com o avanço da vacinação no país contra o coronavírus e a esperança de que a pandemia, talvez, esteja próxima do fim, os brasileiros voltaram a sonhar com viagens e férias de verão. Mas, ao pesquisar os preços das passagens aéreas se assustam com a disparada dos custos nos últimos 12 meses que já acumula uma alta de 56,8%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Só em outubro, o preço das passagens aéreas subiu 33,86%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês, também divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a segunda alta expressiva, após uma variação de 28,19% em setembro. Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) só entre abril e junho deste ano, houve um aumento de mais de 20% nas tarifas de voos nacionais: os preços da Latam subiram 21,3%, da Azul, 18,6%, e da Gol, 15%, em relação ao mesmo período do ano passado — quando as passagens tiveram queda por conta da pandemia. E um dos motivos é justamente o aumento da demanda.
Com a perspectiva da retomada econômica e agora, com a chegada do fim do ano, vem aumentando o número de pessoas que pretendem viajar, gerando mais expectativa com a volta dos voos internacionais. Por tudo isso a oferta tende a escassear. Outra preocupação da aviação brasileira é a valorização do dólar frente ao real. A cotação da moeda americana acima dos R$ 5 dispara os custos das companhias aéreas, que se sentem inclinadas a repassar esses valores aos passageiros. Sem esquecer que a alta dos combustíveis também pressiona os preços.
Levantamento feito pelo Kayak, comparador de passagens, mostrou a diferença na prática dos preços dos destinos mais procurados pelos brasileiros em outubro. Em junho, a ponte aérea Rio-São Paulo custava R$ 567; em outubro, R$ 847 — uma alta de 49%. Para Natal-RN, o preço para voar, em junho, saindo do Rio de Janeiro era R$ 908. Em outubro, saltou para R$ 1.586 (75%). Maceió (AL) foi o destino que teve o preço mais disparado no mesmo período: de R$ 953 (junho) passou para R$ 1.586 (outubro) — um aumento de 91%.
Mesmo assim, uma pesquisa inédita divulgada pelo Boston Consulting Group (BCG) revelou que 70% dos brasileiros pretendem viajar confirmando uma tendência já percebida. O estudo denominado Consumer Sentiment ouviu 1,5 mil brasileiros, que demonstraram confiança graças ao avanço da vacinação pelo país.
“Mais de 160 milhões de brasileiros já foram imunizados com pelo menos uma dose da vacina contra a Covid-19. Esta conquista foi crucial para aumentar o interesse pelas viagens, voltando a movimentar a engrenagem do turismo brasileiro”, comentou o ministro do Turismo, Gilson Machado. (Fonte: Agência Brasil)
Troca do avião pelo ônibus
A expectativa do setor é que até dezembro deste ano sejam vendidos 3,1 milhões de bilhetes rodoviários, mais que os 2,7 milhões comercializados em 2019, antes da pandemia, segundo projeções da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati).
Segundo as empresas, a demanda tem sido influenciada sobretudo pelo turismo interno, pois vários países ainda mantêm restrições. Para a Abrati, o feriado de 12 de outubro comprovou a maior procura nas viagens de ônibus no país: o número de embarques aumentou 30% em relação ao feriado de 7 de setembro. De acordo com Letícia Pineschi, diretora da Abrati, as regiões Norte e Nordeste já ultrapassaram o período pré-pandemia:
“O resto do país vai chegar ao patamar de 2019, no início de dezembro. Há uma tendência de troca do avião pelo ônibus por conta dos preços das passagens. No setor rodoviário, as empresas estão segurando grande parte dos custos, como os preços do diesel e do pneu. Apesar do aumento no número da venda de passagens, as receitas das empresas ainda não vão se recuperar neste ano,” avaliou a diretora.
Na Rodoviária do Rio, a expectativa é embarcar 570 mil pessoas em dezembro, o mesmo patamar do mesmo mês de 2019 e quase o dobro dos 287 mil registrados no ano passado. Segundo Bia Lima, porta-voz da Rodoviária, o movimento nos últimos dois meses vem aumentando. No terminal, mais de 40 empresas oferecem três mil destinos. (Com informações de O Globo)
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