O crime que chocou a cidade no último fim de semana com a morte de duas mulheres, sendo uma grávida, tem forte tendência a ser instaurado como feminicídio. Colhidos depoimentos, flagrante e no avanço da investigação, essa tipificação está ficando cada vez mais evidente. Independente daquilo que for caracterizado pela investigação policial, referendado ou não pelo Ministério Público e Judiciário, órgãos que acompanham essa temática defendem que os assassinatos ocorridos se caracterizem como feminicídio.
Aumento exponencial
A tragédia reacendeu o debate para os números alarmantes de feminicídio em Nova Friburgo durante a pandemia. Estudo sobre o índice de feminicídio no município em relação ao estado do Rio realizado pelo Tecle Mulher – Assessoria e Pesquisa no Âmbito dos Direitos da Mulher apontam aumento desproporcional de violência doméstica na pandemia.
Acima da média estadual e nacional
Nova Friburgo está acima da média estadual e nacional. Levando-se em conta a média populacional e o número de casos, durante a pandemia até abril deste ano, o município teve 1,05 feminicídios em relação a 100 mil habitantes, enquanto o estado do Rio teve 0,43 e o Brasil 0,64.
Triste posição
Se considerar os assassinatos do último fim de semana o número salta para 2,9 o que provavelmente coloca Nova Friburgo como o pior município do estado do Rio, quiçá do Brasil. Segundo o relatório do Tecle Mulher, esse aumento das mortes de mulheres com o viés no gênero, não se dá apenas pelas questões da convivência diária com seus agressores, mas principalmente, pela desistência das mulheres em procurarem ajuda quando o ciclo da violência em suas relações domésticas já vem avançando de forma grave.
Para além dos dados oficiais
A pesquisa “Visível e Invisível – A vitimização das Mulheres no Brasil” do Fórum Brasileiro de Segurança Pública informa que, a cada oito minutos, oito mulheres sofreram violência física em tempo de pandemia e, após a agressão, 45% das mulheres não fizeram nada; 22% procuraram ajuda da família; 13% procuraram ajuda de amigos; 12% denunciaram em uma delegacia da mulher; 8% procuraram a igreja; 7,5% procuraram uma delegacia comum; 7% chamaram a PM; 2% ligaram para a Central de Atendimento à mulher 180.
Alerta
As demais, 33% informaram pesquisa que resolveram a questão sozinhas; 15% não quiseram envolver a polícia e 17% não acham importante denunciar. Lembrando que o feminicídio é o assassinato de mulheres pela condição de ser mulher. O termo se refere a crime de ódio contra mulheres, estipulado pela impunidade e indiferença da sociedade e do estado.
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