Crime em família no Cônego tem primeira audiência na Justiça

Acusado não deve comparecer ao Fórum: vai participar por videoconferência
terça-feira, 22 de fevereiro de 2022
por Lucas Barros, especial para A VOZ DA SERRA
Manifestação por justiça no caso do Cônego (Fotos: Saliha Mello)
Manifestação por justiça no caso do Cônego (Fotos: Saliha Mello)

O crime que chocou Nova Friburgo em agosto do ano passado quando  Nahaty Gomes de Mello, 33 anos, que estava grávida, e os pais dela Rosemary Gomes de Mello, 67 anos e Wellington Braga, 75 anos, foram assassinados a tiros, no bairro Cônego, terá mais um desdobramento. Nesta quarta-feira, 23, a Justiça vai realizar a primeira audiência de instrução e julgamento do processo em que o acusado de ter atirado contra as três vítimas, o tabelião Ricardo Pinheiro Jucá Vasconcelos, 43 anos, marido de Nahaty, é réu por triplo homicídio qualificado. 

Essa audiência vai marcar mais uma etapa da fase inicial do julgamento. Na sessão que acontecerá no Fórum Juiz Rivaldo Pereira Santos, na Avenida Euterpe Friburguense, serão ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa. Na mesma audiência, Ricardo será interrogado. Por sua vez, o acusado não deverá assistir a audiência presencialmente no Fórum de Nova Friburgo, uma vez que a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) enfrenta dificuldades para realizar o transporte de presos. Ricardo deverá participar da audiência por vídeo conferência em um setor reservado na cadeia onde está preso, no Rio de Janeiro. Posteriormente, caberá ao promotor de Justiça pedir, ou não, que ele seja submetido ao Tribunal do Júri - procedimento judicial para crimes dolosos (com a intenção de matar) contra a vida.

O advogado de Ricardo exercerá seu papel técnico e orientará o acusado, defendendo suas prerrogativas. A expectativa é que a defesa faça o requerimento para que Ricardo não seja subetido ao Juri Popular. A audiência desta quarta-feira, 23, não definirá se Ricardo será acusado ou não dos crimes, mas sim, se existem indícios suficientes de que ele foi o autor do crime.

Caberá a juíza, Simone Lopes, com base na argumentação do Ministério Público e da defesa do acusado, apontar se existem, ou não, provas de que o tabelião é uma pessoa plenamente capaz e dentro de suas faculdades mentais e indícios de que ele seja o autor de um crime doloso contra a vida de pai, mãe e filha. Na sentença de pronúncia - que submete o acusado ao juri popular - a juíza não emite juízo de valor, mas apenas, se com base nas provas, existem indícios para que ele seja julgado pelos jurados da sociedade. Caso Ricardo receba uma sentença de pronúncia em seu desfavor, uma data será marcada para o seu julgamento perante o júri popular.

Mais um manifesto contra as mortes de mulheres  

Familiares e amigos da artista plástica Alessandra Vaz, vítima do incêndio em um casa no distrito de Mury, 2019, outro crime de grande repercussão em Nova Friburgo, realizaram um manifesto na tarde do último sábado, 19, no município mineiro de Poços de Caldas, terra natal de Alessandra. O ato denominado “Nenhuma Mulher a Menos" teve a participação da irmã da vítima, Andreza Vaz. A passeata teve como objetivo protestar em favor da vida e contra a decisão, do Tribunal do Juri, que desclassificou o crime contra Alessandra e a amiga Daniela Mousinho, de duplo homicídio qualificado para crime de incêndio.

O engenheiro Rodrigo Marotti foi condenado a 19 anos e quatro meses de prisão pelo crime de incêndio, que resultou na morte da artista plástica e de sua amiga. Alessandra Vaz era também produtora de moda e possuía uma loja em Nova Friburgo e outra em Poços de Caldas.

No domingo, 20, outro manifesto foi realizado, desta vez na Praça Dermeval Barbosa Moreira, no Centro de Nova Friburgo, em homenagem à Daniela Mousinho, Nahaty Mello e a todas as outras mulheres vítimas de feminicídio no município. O protesto contou com a presença de familiares das vítimas e populares vestindo roupas pretas, simbolizando o luto pelas mortes. Os manifestantes proferiram palavras de ordem pelo fim da violência contra a mulher e o ato contou ainda com passeata pela Avenida Alberto Braune até a Prefeitura de Nova Friburgo.

Cruzes de madeira, cartazes, balões pretos e camisas personalizadas, marcaram a manifestação com as mensagens "Nunca foi surto."; "Em briga de marido e mulher se mete a colher"; "Nenhuma mulher a menos" e "Essa luta é de todos nós", entre outros. (colaborou Roni Bispo

 

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TAGS: crime