Na noite da última quarta-feira, 2, uma jovem de 21 anos, após uma abordagem policial, acusou os oficiais de racismo. A denúncia foi feita ainda na noite de quarta pelo pai da jovem, o missionário Matheus Peixe, em um vídeo no Instagram. A repercussão foi imediata. O vídeo ganhou as redes sociais e foi visualizado milhares de vezes.
Segundo Matheus, a jovem foi abordada por dois PMs no bairro Cordoeira, enquanto outros dois permaneceram à distância. De acordo com o missionário, o fato ocorreu após ele ter deixado a filha no acesso ao bairro para realizar um estudo bíblico. No caminho ela foi abordada pelos PMs que a revistaram. Ainda segundo Matheus, os policiais teriam questionado se o celular dela teria sido produto de roubo. Ao informar que o aparelho era dela, os policiais teriam duvidado e a jovem comprovou que o havia comprado. Assim, ela mostrou um cachepô de crochê (protetor de vaso de plantas) que ela costuma fazer para vender e ajudar no pagamento do celular, além de apresentar aos PMs a nota de compra. “Os policiais duvidaram que ela teria capacidade de comprar um celular. Isso aconteceu porque ela é negra”, acusou Matheus que usou as redes sociais para expor a situação de constrangimento.
“Tenho fé que a PM não é composta por policiais que têm esse tipo de conduta. Creio que a relação que minha empatia pela corporação vai reverberar em segurança para a sociedade. Mas o retrato da sociedade em todo mundo não nos dá credibilidade para afirmar que o problema será resolvido, até porque não é só a questão racial. Trata-se de um problema que está no pecado e no coração do homem. É um problema de toda a humanidade. Não temos finalidade em punição, mas sim em uma justiça e que os direitos sejam exercidos”, disse ele, observando que viu na mídia uma chance de dar voz ao ocorrido.
Ontem, 3, o 11º BPM procurou Matheus para que fosse ao quartel explicar o ocorrido e, na ocasião, foi formalizado um “termo de declaração do ocorrido”. Ao final, Matheus disse esperar que as operações da PM sejam revistas com novos protocolos para abordagens a transeuntes.
Ainda de acordo com o missionário, a jovem foi adotada por ele há três anos após ter sido resgatada no Cordoeira e já o acompanhou em missões por diversos estados. Ela faz parte do projeto social Missão Peixes. Os dois se conheceram nesse projeto e desde então criaram laços familiares.
O que diz o comando do batalhão
O comandante do 11º BPM, coronel Alex Soliva, determinou a instauração de um procedimento para apurar as denúncias, consideradaspor ele como acusações gravíssimas. “Tem que ser apurado com todo rigor. Não admito em hipótese alguma um comportamento desse tipo perpetrado por servidor público, contumaz àqueles profissionais que tem o dever de cumprir e fazer cumprir a lei”, frisou.
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