No 1º semestre deste ano, o Brasil registrou 1.251 denúncias de trabalho infantil por meio dos canais do Disque 100 — uma média de 208 denúncias desse tipo por mês. O levantamento foi feito pela GloboNews com base em dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania. O número de denúncias vinha caindo desde os anos 1990, mas voltou a crescer após a pandemia da Covid-19. Em 2019, cerca de 4,5% do total da população de 5 a 17 anos de idade no Brasil realizava algum tipo de trabalho infantil. Em 2022, o número saltou para 4,9% — quase 1,9 milhão de crianças e adolescentes. O levantamento também revelou que, também em 2022, 756 mil crianças e adolescentes foram submetidos às piores formas de trabalho infantil, que são atividades que podem prejudicar a escolarização ou o desenvolvimento biopsicossocial.
Com isso, todo ano no dia 12 de junho é celebrado o Dia Mundial e Nacional de Combate ao Trabalho Infantil. Em todo Brasil são feitas campanhas de conscientização. A campanha ilustra diversas atividades realizadas por crianças e adolescentes enquadradas na Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil (Lista TIP), como o trabalho nas ruas, em confecções, a venda de bebidas alcóolicas, os serviços domésticos e o trabalho rural, que serve, alimenta, veste e beneficia aqueles que fazem uso desses serviços sem enxergar a violação de direitos que está na base dos serviços prestados.
O que é considerado trabalho infantil
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nem todo trabalho realizado por crianças e adolescentes é considerado trabalho infantil, que deve ser eliminado em todas as suas formas até o ano de 2025, segundo meta prevista pela Organização das Nações Unidas (ONU). A legislação brasileira proíbe qualquer forma de trabalho até os 13 anos de idade. Nas faixas etárias mais avançadas, há regras sobre existência de vínculo empregatício formal, limite de jornada semanal e obrigatoriedade de frequência escolar, por exemplo. De 14 a 15 anos, o trabalho é permitido na forma de aprendiz. O IBGE define o trabalho infantil como aquele considerado perigoso e prejudicial para a saúde e desenvolvimento mental, físico, social ou moral das crianças e que interfere na sua escolarização.
Ranking de resgates de exploração do trabalho infantil (2023)
- Mato Grosso do Sul: 372 resgates
- Minas Gerais: 326
- São Paulo: 203
- Ceará: 201
- Rio Grande do Sul: 197
- Espírito Santo:196
- Pernambuco: 139
- Maranhão: 136
- Bahia: 105
- Roraima: 101
- Rio de Janeiro: 70
- Rio Grande do Norte: 49
- Rondônia: 48
- Paraná: 46
- Mato Grosso: 43
- Pará: 43
- Santa Catarina: 43
- Sergipe: 43
- Alagoas: 33
- Goiás: 31
- Amazonas: 29
- Piauí: 23
- Distrito Federal: 16
- Amapá: 13
- Tocantins: 11
- Acre: 8
- Paraíba: 6
Como denunciar
Disque 100: o número atende a todo o Brasil. Chamadas podem ser identificadas ou anônimas.
Procure: Conselho Tutelar, Conselho da Criança e do Adolescente, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), Delegacias de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente e núcleos especializados em infância e juventude da Defensoria Pública, do Ministério Público Estadual ou do Ministério Público do Trabalho.
Em Nova Friburgo
Durante a abertura do projeto Um Encanto de Natal - O Reino de Noel, no último sábado, 7, ocorreu a continuidade a Campanha de Prevenção ao Trabalho Infantil em Nova Friburgo, que faz parte do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). A ação, premiada no Estado do Rio de Janeiro por seu caráter preventivo, é fruto de uma parceria entre o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), as secretarias municipais de Assistência Social, Saúde (Saúde Bucal) e Turismo, Conselho Tutelar, Guarda Municipal, Procuradoria Geral do Município e o Ministério Público do Trabalho.
Um ônibus foi disponibilizado pela Secretaria de Turismo, em parceria com o Creas e os conselhos tutelares, para servir como base de divulgação e orientação. Antes do desfile natalino, foram distribuídas cartilhas e outros materiais informativos da campanha. As atividades, que consistem na divulgação de informações e atendimentos para reforçar o enfrentamento à exploração infantil em Nova Friburgo, terão continuidade ao longo de todo o mês de dezembro.
*Reportagem da estagiária Laís Lima sob supervisão de Henrique Amorim
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