Brasil alcança a menor taxa de pobreza em 12 anos

Cerca de 8,7 milhões de brasileiros superaram a linha da pobreza em 2023, no mesmo ano, porém, 10% mais ricos recebem 3,6 vezes mais do que os 40% mais pobres, diz IBGE
terça-feira, 10 de dezembro de 2024
por Liz Tamane
(Foto: Agência Brasil)
(Foto: Agência Brasil)

 

O Brasil atingiu a menor taxa de pobreza em 12 anos, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estudo revelou que cerca de 8,7 milhões de brasileiros superaram a linha da pobreza no último ano, reduzindo o percentual da população abaixo dessa linha de 31,6% (67,7 milhões) para 27,4% (59 milhões). Embora o país tenha mostrado avanços significativos na redução da pobreza, a desigualdade de renda ainda permanece como um obstáculo estruturante para o crescimento econômico e social.

A linha da pobreza, conforme estabelecida pelo Banco Mundial, é definida pelo rendimento domiciliar per capita de R$ 665 mensais. Esse valor é utilizado para identificar as pessoas que, apesar de terem algum nível de rendimento, ainda vivem em condições de vulnerabilidade e não conseguem atender às suas necessidades básicas, como alimentação, saúde, educação e moradia. 

O país também registrou uma redução no índice de extrema pobreza, definido pela renda per capita mensal de até R$ 209. O número de pessoas nessa condição caiu de 12,6 milhões (5,9% da população) em 2022 para 9,5 milhões (4,4%) em 2023, um resultado histórico. Essa redução significativa foi possível graças à combinação de programas sociais, como o Auxílio Brasil, e ao crescimento da ocupação, que teve um aumento de 3,7 milhões de empregos em 2023, o que representa uma recuperação de 3,8% no total de ocupados no país.

Segundo o IBGE, sem os programas sociais implementados entre 2022 e 2023, o percentual de brasileiros em extrema pobreza teria saltado de 4,4% para 11,2%. Isso demonstra a importância crucial das políticas públicas voltadas para a redução da desigualdade social, especialmente em um país com uma grande parcela de sua população em situação de vulnerabilidade.

Os programas de assistência social desempenham um papel fundamental na mitigação dos efeitos da desigualdade estrutural do Brasil. A transferência de renda não apenas ajuda a suprir as necessidades básicas da população mais pobre, mas também contribui para a melhoria das condições de vida e para a inserção social de milhões de brasileiros.

(Foto: Ibge)

A persistência da desigualdade de renda

Embora os números sobre a redução da pobreza sejam animadores, a desigualdade de renda continua a ser uma questão no Brasil. Em 2023, os 10% mais ricos da população ainda receberam 3,6 vezes mais do que os 40% mais pobres. Isso evidencia que, apesar da redução da pobreza, a riqueza no Brasil permanece altamente concentrada em um pequeno número de pessoas. A desigualdade de renda no país tem raízes profundas, relacionadas a uma estrutura econômica que favorece os mais ricos, perpetuando a exclusão social e limitando o acesso a oportunidades para as camadas mais pobres da população.

Esse fenômeno de concentração de renda é um dos maiores desafios para o desenvolvimento do Brasil, uma vez que impede que as pessoas mais pobres tenham acesso a condições adequadas de educação, saúde e emprego. Sem políticas públicas focadas na redução dessa desigualdade, a recuperação econômica pode continuar a ser desigual, o que pode resultar em uma recuperação incompleta, que favorece poucos enquanto a maioria continua em situação de vulnerabilidade.

A pobreza afeta de maneira diferenciada a população ocupada e desocupada. Segundo o IBGE, ela ainda é uma realidade para menos de 1% dos ocupados. Em comparação com os desocupados, a taxa de pobreza sobe para 14,6%. 

O aumento do número de pessoas no mercado de trabalho tem sido um dos motores da redução da pobreza, mas, como mostram os dados, parte dessas pessoas ainda enfrenta dificuldades financeiras devido à baixa qualidade dos empregos, salários insuficientes e a falta de uma rede de proteção social mais robusta. Trabalhadores informais e precários, por exemplo, enfrentam a ausência de benefícios como férias, 13º salário e aposentadoria, o que os coloca em uma situação de vulnerabilidade constante.

A redução da pobreza no Brasil em 2023 é um avanço, mas a desigualdade de renda persiste, mantendo o país entre os mais desiguais do mundo. Para que a melhoria das condições de vida dos mais vulneráveis seja duradoura, é fundamental ampliar os programas de transferência de renda e implementar políticas públicas que promovam a inclusão social, a educação de qualidade e a igualdade de oportunidades.

A recuperação econômica do Brasil precisa ser acompanhada de reformas que combatam a desigualdade, com foco na geração de empregos de qualidade, na distribuição de riqueza e no enfrentamento das desigualdades de gênero e raça. Sem essas ações, o país continuará a enfrentar um crescimento econômico desigual, mantendo uma parte significativa da população em situação de pobreza ou extrema pobreza.

Embora os dados do IBGE mostrem avanços na redução da pobreza e da extrema pobreza, as desigualdades econômicas ainda são um desafio. A eficácia dos programas sociais foi crucial para essa queda, mas a desigualdade de renda exige políticas públicas mais inclusivas, com estratégias de longo prazo para promover a igualdade de oportunidades e a inclusão social. A luta contra a desigualdade está longe de ser vencida, apesar dos progressos alcançados.

 

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