Bola Branca vai contar história dos negros no Brasil

Agremiação do Catarcione promete vir com tudo em busca o penta
sábado, 22 de fevereiro de 2020
por Guilherme Alt (guilherme@avozdaserra.com.br)

Atual tetracampeã do Grupo A, a tradicional escola de samba Bola Branca promete vir com tudo em 2020 para buscar o quinto título consecutivo. Os trabalhos no barracão da agremiação no bairro Catarcione seguem a todo vapor e invadem as madrugadas. Entre uma martelada e outra, uma colagem de um adereço, o retoque de uma fantasia, os integrantes se viram como podem para surpreender os expectadores.

Hoje tesoureira da escola, Dona Odete Silveira, figura mais emblemática do Catarcione, quer levar o quinto troféu seguido para o bairro. “A gente trabalha firme para que a vitória aconteça. Estamos fazendo o nosso melhor para conquistar o penta campeonato. Aqui no barracão está tudo lotado, seja com os carros alegóricos, seja com as fantasias, o maquinário, as ferramentas. Não temos espaço para mais nada. Debaixo de chuva e sol, estamos aí”, diz dona Odete, animada.

Dona Odete, junto ao marido Luiz, o filho Patrick, outros membros da família e colaboradores, “tocam o barco” da escola. A determinação da família é o detalhe que coloca a Bola Branca como favorita. No carnaval deste ano, a história de luta e glória do negro será contada na Avenida Alberto Braune em ritmo de muita folia.

“O enredo do carnaval está aqui”, disse a matriarca, apontando para o carro abre-alas da escola, mas que não podemos dar detalhes para não estragar a surpresa. “Salve a nobreza negra no Brasil, e aí a gente vai embora com a história, contando desde a chegada deles à nossa terra até os dias de hoje. É uma história sofrida que será contada abordando os tempos da escravidão até os dias de hoje. Vamos enaltecer à beleza do povo negro e mostrar a riqueza da cultura afro no Brasil”, adianta.

Apesar do favoritismo, dona Odete coloca os pés no chão. “A gente só comemora o título quando ele está ganho, até lá trabalhamos com muita confiança. Não adianta cantar a vitória antes da hora. Mas pode ter certeza que se ganharmos vamos cantar mais essa vitória”, garante Odete. 

No ano passado, a Bola Branca desfilou no sábado de carnaval com um enredo que enalteceu as festas populares. Com o enredo “Bola Branca em ritmo de festa", a escola de samba do Grupo A cantou: “É carnaval, é festa do povo / A bateria invocada vai te arrepiar / Vem embarcar nessa magia, tem samba no ar / Bola Branca vai te emocionar”. A escola preto, branco, azul e rosa desfilou com 80 componentes na bateria e muita animação.

A presidente da escola, Odete Silveira estava muito nervosa e só comemorou o resultado depois que foi oficializado. "Foi muito difícil, um trabalho intenso, mas valeu a pena", disse ela.

 

Ficha Técnica

  • G.R.E.S. Bola Branca
  • Fundação: 25/01/1974
  • Cores: preto, branco, azul e rosa
  • Presidente: Patrick da Silveira
  • Vice-presidente: Marlon da Silveira Roberto
  • Carnavalescos: Leonardo e Fábio Miele
  • Patrono: Luiz Viana Roberto
  • Carnavalescos: Leonardo e Fábio Mille Duque
  • Diretor de carnaval: Alexandre Rosa
  • Diretor de harmonia: Eliete de Vico, Mônica Souza, Lucas Coutinho
  • Diretor da comissão de frente: Pedro Prince
  • Diretora de passistas: Dayene
  • Enredo: “Salve a nobreza negra do Brasil”
  • Compositores: Marlon Dias, Thaylan Neves, Domingos
  • Títulos: (6) 1977, 1990, 2016, 2017, 2018, 2019
  • Casal mestre sala/porta bandeira: Inay/Cleison Peixoto
  • Rainha de bateria: Nina Pimenta
  • Intérpretes: Thiago, Jefinho ,Zizi ,Marlon Dias, Lanco, Gaby Flores
  • Colocação em 2019: 1º
  • Bateria: Ritmo Invocada
  • Ritmistas:60
  • Musa: Viviane Oliveira
  • Muso: Eduardo Moraes
  • Números de componentes: 600
  • Alegorias: 3 e 1 elemento cenográfico
  • Número de alas: 15
  • Ordem no desfile: 2ª - 22h
  • Endereço: Rua Eugênio Nideck, 96, Catarcione

Letra do Samba enredo

O sangue que corre quente dentro de nós

Faz brilhar nossa cultura negra

Nos reinos milenares, essência de um povo guerreiro

África um continente negro

Oô... herdeiro de Xangô, Nzinga eu sou

Descendente de nobre africano, vencedor

O céu e a terra, Orum e Aiyê

É benção para nos proteger

Nosso clamor por respeito e igualdade

Calunga é dor, lágrimas de piedade

No porão da fé balança o tumbeiro

Com um negro puro e verdadeiro

 

Povo negro escravizado e sofredor

Foi vendido ao mercado sem valor

Essa gente de origem valente, que luta

Orgulho na memória, um mar de saudades restou

(saudade restou)

 

Axé Bahia os Santos Yorubás

Porta sagrada da esperança, é um grito de liberdade

Somos eternos quilombolas, um elo maior

Em cicatrizes curadas escorrem sangue e suor

É hora de cantar e louvar, ao negro coroar

Com a vitória da vida

Nossa Senhora do Rosário e São Benedito

Iluminai meu Bola Branca querido

 

Obanixé Kawo  kebiselé Xangô

Obanixé Kawo  kebiselé Xangô

Salve o rei maior da terra, nosso protetor

Que os tambores não se calam a origem verdadeira

Vamos saudar a negritude brasileira

 

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TAGS: carnaval