24 de Outubro — Dia Mundial de Combate à Poliomielite

A paralisia infantil, erradicada no Brasil há 30 anos, voltou, e precisa ser eliminada de novo
sexta-feira, 20 de outubro de 2023
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
(Foto: Marcos Lopes/MG)
(Foto: Marcos Lopes/MG)
A cobertura vacinal da poliomielite — popularmente conhecida como paralisia infantil —, uma enfermidade grave, que estava erradicada no país, vem caindo significativamente. Em 2015, o Brasil vacinou 98,3% do público-alvo, taxa que caiu para 84,2% em 2019, e para 75,9% em 2020, segundo o Instituto de Políticas Públicas de Saúde (Ipes). 

Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994, graças à estratégia adotada no país, centrada na realização de campanhas de vacinação em massa
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2021 a cobertura com as três doses iniciais da vacina foi de 67%; com as doses de reforço, 52%. Até dezembro de 2022, pouco mais de 70% do público-alvo havia sido imunizado contra a doença. A meta do MS era de 95%.

São vários os motivos que levaram à queda da cobertura vacinal nos últimos anos, como desinformação, horário limitado de funcionamento dos postos, desconfiança nas instituições e profissionais de saúde, entre outros. 

Agora, para aumentar a cobertura, serão necessárias medidas que levem em conta todas as variáveis que vêm interferindo na vacinação. Não há dúvida, contudo, que campanhas bem organizadas e divulgadas são o primeiro passo para que o Brasil volte a ter uma das maiores coberturas vacinais do mundo.

Estratégia vitoriosa 

Lançado em 18 de setembro de 1973, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) completou 50 anos, mas, está novamente enfrentando desafios para recuperar o protagonismo dos anos 1980. Nunca é demais repetir, que essa política pública tornou o país pioneiro na incorporação de diversas vacinas e imunobiológicos no calendário do Sistema Único de Saúde (SUS), possibilitando aos brasileiros proteção contra doenças de alta mortalidade. Foi fundamental para a erradicação da varíola e para o controle de doenças como sarampo, rubéola, difteria, coqueluche e poliomielite, por exemplo.

Ao longo desse período, o programa passou por ajustes, adaptações, e melhorias, até que o PNI se tornou referência mundial, após grande repercussão em 1980 com a implementação dos Dias Nacionais de Vacinação como parte da estratégia para eliminar o risco das crianças contraírem pólio.

Por 30 anos, de 1950 a 1980, a doença vitimou milhares de pessoas, e passou a ser vista como um problema de saúde pública, tornando-se uma das mais estudadas durante a primeira metade do século 20. A eliminação da poliomielite demandou uma intensa mobilização de recursos institucionais, tecnológicos e sociais. Com a criação do SUS, em 1988, passou a vigorar uma política de vacinação mais sistemática. O último caso de poliomielite no Brasil foi registrado em 1989.

Mais de 300 milhões de doses de vacinas, soros e imunoglobulinas são distribuídas anualmente pelo Programa Nacional de Imunizações. Em 1977, foi lançado o primeiro calendário de vacinação com apenas quatro vacinas para prevenir sete enfermidades em crianças de até um ano de idade: a BCG (contra formas graves da tuberculose), a Vacina Oral Poliomielite (VOP), a vacina tríplice bacteriana (DTP, difteria, tétano e coqueluche) e a vacina contra o sarampo.

Contágio

A multiplicação desse vírus começa na garganta ou nos intestinos, por onde penetra no organismo. Dali, alcança a corrente sanguínea e pode atingir o cérebro. Quando a infecção ataca o sistema nervoso, destrói os neurônios motores e provoca paralisia flácida em um dos membros inferiores. 

Se as células dos centros nervosos que controlam os músculos respiratórios e da deglutição forem infectadas, a doença pode ser mortal. O período de incubação varia de 5 a 35 dias, com mais frequência entre 7 e 14 dias.

Sintomas

Na maioria dos casos, a infecção pelo vírus da poliomielite pode não ter sintomas, porém, a transmissão continua ocorrendo, pois é eliminado pelas fezes e pode contaminar a água e os alimentos.

Os sintomas variam de acordo com a gravidade da infecção. Nas formas não paralíticas, os sinais mais característicos são febre, mal-estar, dores de cabeça, de garganta e no corpo, vômitos, diarreia, constipação, espasmos, rigidez na nuca e meningite. 

Na forma paralítica, quando a infecção atinge as células dos neurônios motores, além dos sintomas já citados, instala-se a flacidez muscular que afeta, em regra, um dos membros inferiores.

Tratamento

Como em muitas infecções virais, não há tratamento específico para a doença, mas alguns cuidados são indispensáveis para controlar as complicações e reduzir a mortalidade. Dentre eles:
  • repouso absoluto nos primeiros dias para reduzir a taxa de paralisia;
  • mudança frequente de posição do paciente na cama, que deve ter colchão firme e apoio para os pés e a cabeça;
  • tratamento sintomático da dor, da febre e dos problemas urinários e intestinais;
  • atendimento hospitalar nos casos de paralisia ou de alteração respiratória;
  • acompanhamento ortopédico e fisioterápico.

Medidas de prevenção

A falta de saneamento básico e de medidas adequadas de higiene são a principal causa de transmissão do vírus da poliomielite. A má qualidade da água utilizada para consumo e alimentos preparados sem os cuidados de higiene facilitam a proliferação dos diferentes tipos de poliovírus. Lavar sempre as mãos, especialmente antes de preparar as refeições, de começar a comer e depois de usar o banheiro. Estimular nas crianças pequenas a prática de hábitos saudáveis de higiene, como lavar as mãos, só beber água tratada e verificar se utensílios de mesa e cozinha estão limpos antes de usá-los.

Importância da vacinação

Em 1994, a região das Américas foi a primeira no mundo a ser certificada como livre da pólio. Essa conquista dos anos 1990 é relevante neste momento em que há apenas dois países — Paquistão e Afeganistão — onde o poliovírus selvagem ainda circula. Hoje, apenas um dos três tipos da doença permanece ativo, e o mundo está pronto para dizer adeus à poliomielite.

O Brasil recebeu o certificado de eliminação da pólio em 1994. A estratégia adotada para a eliminação do vírus no país foi centrada na realização de campanhas de vacinação em massa com a vacina oral contra a pólio, a VOP.

Até que a poliomielite seja erradicada no mundo (como ocorreu com a varíola), existe o risco de um país ou continente ter casos importados e o vírus voltar a circular em seu território. Para evitar isso, é importante manter as taxas de cobertura vacinal altas e fazer vigilância constante, entre outras medidas.

Existem duas vacinas contra a poliomielite: a VPO-Sabin, ou vacina da gotinha, que faz parte do Calendário Nacional de Vacinação. Deve ser aplicada aos 2, 4, 6 e 15 meses de idade, e até os 5 anos as crianças devem receber doses de reforço anualmente. 

A outra é a vacina VIP ou Salk, administrada por via intramuscular, indicada para pessoas expostas, com baixa imunidade, ou que viajarão para regiões onde o vírus ainda está ativo.

As vacinas contra a paralisia infantil foram desenvolvidas graças ao trabalho conjunto dos cientistas Jonas Salk e Albert Sabin, e dos que os antecederam nas primeiras pesquisas com vírus conduzidas a partir do início do século 20.

Rotary Nova Friburgo promove corrida para lembrar a importância da vacina

Preocupados com a baixa cobertura vacinal contra a poliomielite, ou paralisia infantil, o Rotary Club Nova Friburgo vai promover no próximo domingo 29, a tradicional corrida do projeto “Caminhada End Polio Now”, com largada no Espaço Arp, Avenida Conselheiro Julius Arp, 80, Centro, às 8h. 

A ação tem como objetivo lembrar a população sobre a importância de vacinar as crianças. A cobertura vacinal em Nova Friburgo até agora, está aquém do ideal. Para que a doença não volte é preciso que 95% das crianças, o público alvo, sejam imunizadas. 

A data, 24 de outubro, foi estabelecida pelo Rotary Internacional para celebrar o nascimento de Jonas Salk, médico e cientista, líder da primeira equipe que desenvolveu uma vacina contra a poliomielite.

(Fontes: bvsms.saude.gov.br / Dráuzio Varella / Correio Brazilense / Min. da Saúde / Nações Unidas)

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