1ª Vara Criminal marca julgamento de Rodrigo Marotti mas não divulga data

Processo de duplo feminicídio, em que morreram queimadas Alessandra Vaz e Daniela Mousinho, corre em segredo de Justiça
quinta-feira, 07 de outubro de 2021
por Adriana Oliveira (aoliveira@avozdaserra.com.br)
Rodrigo Marotti ao ser preso (Arquivo AVS/ Divulgação Polícia Civil)
Rodrigo Marotti ao ser preso (Arquivo AVS/ Divulgação Polícia Civil)

A 1ª Vara Criminal de Nova Friburgo já marcou, para data não divulgada porque o processo corre em segredo de Justiça, o julgamento de Rodrigo Marotti, acusado de duplo feminicídio cometido em outubro de 2019. O júri popular será presidido pela juíza Simone Dalila Lopes, informa o portal de notícias G1.

Rodrigo  se tornou réu depois de trancar a ex-companheira Alessandra Vaz e a amiga dela, Daniela Mousinho, em uma casa no Stucky, no distrito de Mury, a atear fogo no imóvel ((foto abaixo). Daniela, de 47 anos, morreu dois dias depois do crime. Alessandra, que teve 80% do corpo queimados, ficou internada em estado grave até dias depois, mas também não resistiu.

O G1 conversou com Andresa Vaz, irmã de Alessandra, e com Luiza Mousinho, filha de Daniela. As duas esperam que a pena de Rodrigo seja rigorosa e que ele pague pelos crimes. 

"A gente precisa desse julgamento para que esse ciclo se encerre. A dor já é penosa o suficiente para a gente carregar após a partida dela. A gente espera que, quando a justiça for feita, que seja feita com rigor, que ele pegue pena máxima, porque o que ele fez, por mais que ele fique o resto da vida dele preso, não vai trazer nossa irmã de volta", disse Andresa Vaz.

"A gente não pode deixar que um crime dessa proporção, dessa barbárie, perdure por tanto tempo sem uma solução. Eu peço que outras mulheres olhem para esse caso e percebam que isso poderia ter acontecido com qualquer uma de nós. Não foi um caso isolado,  homens fazem isso todos os dias", disse Luiza Mousinho.

Emocionada, Luiza ainda falou sobre a saudade que sente da mãe e disse o quanto é ruim querer ligar, conversar e sentir o abraço da mãe novamente e não poder.

"Eu só tenho 21 anos de idade e minha mãe foi arrancada de mim quando eu tinha 19. Não é justo que eu tenha que viver a minha vida sem a minha mãe", disse ela.

O caso foi investigado pela delegada Mariana Thomé, da Deam de Nova Friburgo. Ao G1, a delegada que disse que Rodrigo não demonstrou arrependimento durante o depoimento.

"Chamou atenção no relato do autor a sua frieza e clara percepção que o fato de colocar o colchão em chamas na porta do banheiro onde as vítimas estavam trancadas, as impediriam de sair e acarretaria a morte delas," disse Mariana.

Em setembro do ano passado, ocorreu a primeira audiência de instrução e julgamento do caso, no Fórum de Nova Friburgo. O réu veio trazido do presídio onde se encontra no Rio sob forte escolta policial. Esaa audiência estava marcada para março de 2020, mas, em razão da pandemia, acabou sendo adiada.

As testemunhas convocadas a depor entraram rapidamente no fórum. Do lado de fora, houve protestos de entidades em defesa da mulher (foto acima, de Guilherme Alt). Durante a audiência foram  apresentados vídeos, depoimentos e áudios que incriminam o réu, incluindo detalhes como A VOZ DA SERRA revelou com exclusividade (RELEMBRE A REPORTAGEM AQUI).

Como revelou o jornal na época, as supostas ameaças de morte de Rodrigo a Alessandra, confidenciadas por ela mesma a uma amiga de longa data horas antes do crime, poderão servir como mais um qualificador (premeditação), aumentando ainda mais a pena. 

 Como houve duplo feminicídio e  prisão em flagrante, com confissão, o caso rapidamente seguiu para a 1ª Vara Criminal de Nova Friburgo, cabendo à Promotoria acusar o réu perante um júri popular. Outros agravantes, até agora, seriam: motivo fútil, emprego de fogo, impossibilitar a defesa das vítimas e o próprio feminicídio em si.

 

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TAGS: crime