14 de novembro - Dia Mundial de Combate ao Diabetes: Uma doença que requer conscientização e cuidados

Com 10,2% da população atingida, Brasil é quinto país com maior incidência de diabéticos no mundo
quarta-feira, 13 de novembro de 2024
por Liz Tamane
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

Nesta quinta-feira, 14, o mundo se une em torno da conscientização e prevenção por conta do Dia Mundial de combate ao Diabetes, uma data criada também para destacar os desafios enfrentados pelos diabéticos. O Brasil é o quinto país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos), ficando atrás apenas de: China, Índia, Estados Unidos e Paquistão, segundo o Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF).  

A doença, conhecida por seu desenvolvimento silencioso e frequentemente sem sintomas aparentes, pode ter graves consequências para a saúde, incluindo complicações nos sistemas cardiovascular, renal e neurológico, podendo até levar à morte, caso não seja controlada. A campanha anual revisita a necessidade de prevenção, exames periódicos, controle da glicemia e adoção de um estilo de vida saudável.

Segundo a pesquisa Vigitel Brasil 2023 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), o diabetes atinge 10,2% da população brasileira. Esse número representa um aumento em relação a 2021, quando o índice era de 9,1%. A pesquisa mostra ainda que o diagnóstico é mais frequente em mulheres (11,1%) do que em homens (9,1%). Isso porque, segundo especialistas, mulheres no geral possuem rotinas mais sobrecarregadas.

Conversamos com Natália Adame, presidente da Associação dos Diabéticos de Nova Friburgo (Adinf), e a endocrinologista da mesma instituição, Thaís Lengruber, que discutiram a importância da data e o trabalho realizado para promover a saúde e o bem-estar dos diabéticos. A Adinf recebe doações de algumas Instituições da cidade, dentre elas  o Rotary Club Suspiro, que tem ligação direta, há 17 anos, fornecendo insulinas, materiais para sala de Podologia, espaço que tem o nome do primeiro presidente do Rotary Suspiro, o cirurgião José Antônio Verbicário Carim, sem contar a realização da já tradicional Festa Junina.

(Foto: Henrique Pinheiro)

Para Natália e Thaís, o Dia Mundial de combate ao Diabetes é crucial para alertar a população sobre a doença. Segundo a endocrinologista, o diabetes é "uma doença silenciosa", e o principal perigo é que muitos portadores desconhecem o diagnóstico. Segundo ela, conscientizar a população sobre a importância dos exames periódicos, bem como os cuidados necessários após o diagnóstico, ajuda a prevenir complicações graves e perda de qualidade de vida. 

Ela menciona ainda que o controle da glicose no sangue é essencial para evitar problemas que afetam múltiplos órgãos, como olhos, rins e coração, além de complicações sensoriais.

Para aqueles que ainda não têm o diagnóstico, o Dia Mundial de combate ao Diabetes serve como um alerta. Campanhas de conscientização são realizadas em novembro para reforçar a necessidade do autocuidado, incluindo a adoção de hábitos alimentares saudáveis, prática regular de atividade física e a preservação da saúde mental.

Os tipos de diabetes e suas diferenças

O diabetes pode ser dividido principalmente em dois tipos: tipo 1 e tipo 2, que têm causas e tratamentos distintos. O diabetes tipo 1 é autoimune e é caracterizado pelo fato de o próprio sistema imunológico atacar as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina. Esse tipo geralmente surge na infância ou adolescência e requer o uso constante de insulina para controle dos níveis de glicose no sangue. 

Já o diabetes tipo 2, o mais comum, está associado a fatores como obesidade, sedentarismo e predisposição genética. Neste caso, o corpo ainda produz insulina, mas ela se torna ineficiente para controlar a glicose. Esse tipo de diabetes é mais frequente em adultos e pode ser tratado com mudanças no estilo de vida, medicamentos orais e, em casos avançados, com o uso de insulina. 

Há ainda outros tipos menos comuns, como o diabetes gestacional, que ocorre temporariamente durante a gravidez, mas requer atenção para evitar complicações tanto para a mãe quanto para o bebê.

O papel da Adinf na prevenção e no controle 

A Adinf, uma instituição dedicada ao apoio aos diabéticos em Nova Friburgo, desenvolve um trabalho interdisciplinar que inclui profissionais de diversas áreas: endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos, e outros. Natália destaca a importância desse acompanhamento diversificado para um tratamento eficiente.

“A entidade hoje conta com vários profissionais: endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos, dentistas, farmacêuticos, podólogos, massoterapeutas, ginecologista, reikianos, enfermeiros, orientação jurídica, e todos atuam de forma voluntária. Lá conseguimos fazer um trabalho integrado e multidisciplinar, que é super importante para o paciente. Na Adinf esse paciente e família são acolhidos, ouvidos para assim entendermos suas queixas e para que possamos ajudá-los”, explica. A proposta é promover um atendimento integral, que considera tanto o aspecto físico quanto o emocional do paciente.

Desafios enfrentados pelos diabéticos 

Os diabéticos no Brasil enfrentam uma série de desafios que vão além do diagnóstico e do autocuidado. Um dos principais obstáculos é o acesso limitado a tratamentos e medicamentos de última geração. Para pessoas com diabetes tipo 1, cuja única opção de tratamento é a administração de insulina, a oferta de insulinas de ação prolongada e de tecnologias de aplicação, como bombas de insulina, ainda não é ampla, o que pode dificultar o controle ideal da glicemia e comprometer a qualidade de vida. 

Já para os diabéticos tipo 2, o tratamento envolve uma gama mais ampla de opções, incluindo medicamentos que não apenas controlam os níveis de açúcar no sangue, mas também oferecem proteção contra complicações renais e cardiovasculares. Entretanto, muitos desses medicamentos são caros e, assim, inacessíveis para uma grande parcela da população que necessita deles. 

Além das limitações financeiras, há também uma carência de equipes multidisciplinares especializadas, formadas por endocrinologistas, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais capacitados para o tratamento integral do diabetes. Esse suporte é essencial, pois o controle do diabetes não depende apenas do uso de medicamentos, mas também de mudanças no comportamento e no estilo de vida. Dieta balanceada, prática regular de atividades físicas e acompanhamento psicológico são componentes fundamentais do tratamento. Contudo, os serviços de saúde nem sempre contam com a infraestrutura e a equipe necessária para oferecer essa abordagem abrangente. 

Esse conjunto de desafios ressalta a importância de políticas e iniciativas que ampliem o acesso a tratamentos, tecnologias e equipes especializadas, promovendo um cuidado mais humanizado e efetivo para todos os diabéticos no Brasil. As políticas públicas poderiam contribuir com a ampliação do acesso a medicamentos e ao atendimento especializado, especialmente com equipes multidisciplinares, que são essenciais para o tratamento eficaz da doença. 

Avanços no tratamento e a tecnologia como aliada

Apesar dos desafios, a tecnologia tem oferecido avanços significativos no tratamento do diabetes. Para os pacientes com diabetes tipo 1, especialmente aqueles que convivem com a doença desde a infância, tecnologias como bombas de insulina e sensores de glicose têm transformado a rotina. Segundo e endocrinologista Thaís, esses dispositivos facilitam o controle da glicemia e permitem um acompanhamento mais próximo. “A inteligência artificial e o uso de aplicativos que ajudam na contagem de carboidratos trazem mais autonomia e qualidade de vida aos pacientes”, diz.

Ambas as entrevistadas enfatizam a importância do autocuidado e da busca por informações corretas para evitar complicações. Thaís faz um apelo para que as pessoas busquem orientação profissional e se mantenham informadas. "Hoje temos tecnologia que ajuda no tratamento, mas é essencial que os pacientes cuidem de sua saúde, pois o diabetes não tem cura e  suas complicações são graves, podendo levar a morte desses pacientes", enfatiza.

Natália, por sua vez, lembra que a Adinf está de portas abertas para acolher os que procuram auxílio e informações: “Podemos viver com diabetes e ter uma vida normal”, destaca. 

O Dia Mundial de combate ao Diabetes é uma oportunidade não apenas de conscientizar a população, mas também de destacar a necessidade de políticas públicas mais eficazes e acessíveis para os diabéticos no Brasil. A data simboliza uma luta constante pela vida e pela saúde de milhões de brasileiros, que, como enfatizam Natália e Thaís, precisam de suporte para enfrentar o diabetes com qualidade e dignidade. A prevenção, o controle e o acesso a tratamentos inovadores são passos essenciais para garantir que os pacientes possam viver de forma plena, com qualidade de vida e segurança.

 

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