O Brasil viverá, nas próximas décadas, uma mudança histórica em sua estrutura populacional. De acordo com as novas projeções divulgadas, em pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira atingirá o pico em 2041, com aproximadamente 220,4 milhões de habitantes. A partir de 2042, no entanto, o país começará a registrar uma queda gradual na quantidade de habitantes, chegando a cerca de 199,2 milhões em 2070.
Fatores
O principal fator por trás dessa virada é o envelhecimento da população. Dados recentes apontam que o número de pessoas com 60 anos ou mais, que representava 8,7% da população no ano 2000, saltou para 15,6% em 2023. A expectativa é de que essa parcela cresça ainda mais, alcançando 38% da população até 2070, o que significa que quase quatro em cada dez brasileiros serão idosos.
Além disso, a taxa de fecundidade no país vem caindo progressivamente. Em 2000, cada mulher tinha, em média, 2,32 filhos. Em 2023, esse número caiu para 1,57, e a previsão é de que atinja 1,44 por volta de 2040, permanecendo abaixo do nível de reposição populacional (2,1 filhos por mulher).
Com isso, o Brasil se transforma: a idade mediana da população, hoje em 35,5 anos, deve chegar a 48,4 anos até 2070. O número de nascimentos também tende a despencar, caindo de 2,6 milhões ao ano atualmente para 1,5 milhão até o fim do século.
Estimativa de vida
Os dados mostram que as expectativas de vida no país, para quem nasceu em 2023, são de 79,7 anos para as mulheres e de 73,1 anos para os homens. O IBGE também divulgou dados revisados para a expectativa de vida referentes a anos anteriores. De acordo com o IBGE, em 2019, um ano antes da pandemia de covid-19, por exemplo, a estimativa era de 76,2 anos, de acordo com os dados revisados pelo instituto.
Em 2020, a esperança de vida ao nascer recuou para 74,8 anos, caindo ainda mais em 2021, para 72,8 anos, ou seja, uma perda de 3,4 anos em relação a 2019. Em 2022, houve a primeira recuperação da expectativa de vida, que passou a ser de 75,4 anos, ainda abaixo de 2019.
Com as projeções do IBGE para as próximas décadas, a expectativa de vida deve chegar a 77,8 anos em 2030, a 79,7 anos em 2040, a 81,3 anos em 2050, a 82,7 anos em 2060 e a 83,9 anos em 2070.
Para as mulheres, as projeções são de 81 anos em 2030, 82,6 anos em 2040, 84 anos em 2050, 85,2 anos em 2060 e 86,1 anos em 2070. Para os homens, as estimativas seriam de 74,6 anos em 2030, 76,7 anos em 2040, 78,6 anos em 2050, 80,2 anos em 2060 e 81,7 anos em 2070.
Aceleração por estados
O IBGE também identificou que essa tendência ocorrerá de forma desigual entre os estados. No Rio de Janeiro, por exemplo, só vai levar três anos para a população começar a cair, em 2028. Já no Rio Grande do Sul e em Alagoas, a queda de habitantes tem início previsto marcado para 2027. Enquanto estados como Roraima e Santa Catarina só devem entrar em declínio demográfico após 2064. O único que indica crescimento ao longo dos próximos anos, e inclusive após 2070, é o Mato Grosso.
Os impactos dessa transição são amplos. O envelhecimento populacional impõe desafios à previdência social, ao sistema de saúde, ao mercado de trabalho e às políticas públicas. Especialistas apontam que será necessário rever o modelo de proteção social, adaptar as cidades para receber mais idosos e repensar estratégias para manter a economia ativa com uma força de trabalho reduzida.
* Reportagem da estagiária Laís Lima com supervisão de Henrique Amorim
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