Em 2023, o Brasil registrou o menor número de nascimentos em quase cinco décadas. Segundo dados divulgados na última sexta-feira, 16, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país contabilizou
2,52 milhões de nascimentos, a menor marca desde 1976. Essa queda expressiva na natalidade tem impactos diretos no planejamento social, econômico e urbano de cidades e estados.
Custos para criar filhos, acesso a métodos contraceptivos e novas prioridades das mulheres ajudam a explicar esse fenômeno demográfico
Nova Friburgo, no entanto, apresentou um cenário um pouco diferente: o município registrou um leve aumento no número de nascimentos em 2023, com 2.010 bebês nascidos, contra 1.932 em 2022, um crescimento de aproximadamente 4%. Apesar disso, o número ainda está aquém do registrado em 2019, quando foram 2.250 nascimentos.
O fenômeno da queda na natalidade é resultado de múltiplos fatores, como o atraso na maternidade, maior participação feminina no mercado de trabalho, uso ampliado de métodos contraceptivos, além das consequências econômicas e sociais trazidas pela pandemia de Covid-19. Também contribuem as mudanças culturais que valorizam famílias menores e maior planejamento familiar.
A diminuição do número de nascimentos, associada ao envelhecimento da população, já registrado em todo o país, traz desafios importantes para Nova Friburgo. Menos crianças nascendo significa redução da demanda por creches, escolas e serviços infantis, enquanto a população idosa aumenta, pressionando os sistemas de saúde e assistência social.
Especialistas apontam que esse cenário exige um planejamento urbano e social focado em garantir qualidade de vida para todas as faixas etárias, além de políticas públicas que incentivem o apoio às famílias jovens, saúde reprodutiva e o envelhecimento ativo.
O saldo positivo de Nova Friburgo
Outro dado relevante do mesmo período é a redução das mortes em Nova Friburgo, que passaram de 1.869 em 2022 para 1.774 em 2023. Com isso, o saldo natural da população — diferença entre nascimentos e óbitos — foi positivo em 236 pessoas, o melhor resultado desde 2019.
O que vem pela frente
Desde o final dos anos 1970, o número médio de filhos por mulher caiu drasticamente: de mais de seis para menos de dois. O número atual já está abaixo do chamado “nível de reposição populacional”, que seria de 2,1 filhos por mulher. Ou seja, se mantida essa taxa, a população tende a encolher nas próximas décadas, como já ocorre em países como Japão, Itália e Alemanha.
Embora o Brasil ainda esteja longe de uma crise demográfica nos moldes europeus, o alerta está lançado. É preciso olhar para essa mudança como uma oportunidade de reorganizar as prioridades do país, pensar em cidades mais amigáveis para todas as idades, de reformar a Previdência com responsabilidade social, de investir em tecnologia assistiva e também em políticas que ajudem quem quer ter filhos a realizar esse desejo com segurança e apoio.
Cenário nacional exige atenção
Para o Brasil, a queda acentuada na natalidade, se confirmada nos próximos anos, pode comprometer a renovação das gerações e gerar impactos econômicos e sociais, como o aumento da relação entre pessoas idosas e jovens ativos, afetando sistemas previdenciários e o mercado de trabalho.
Governos municipais, estaduais e federal precisam dialogar e implementar políticas que incentivem a natalidade de forma sustentável, assim como promover a inclusão social e a valorização do envelhecimento, garantindo uma sociedade equilibrada.
Nova Friburgo vive um momento singular: uma leve recuperação nos nascimentos que contrasta com o cenário nacional de queda histórica. Ainda assim, o município não escapa das tendências demográficas que transformam o Brasil e precisam ser acompanhadas de perto para que a cidade continue se desenvolvendo com qualidade de vida e equidade para todas as gerações.
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