A era digital trouxe consigo inúmeras possibilidades de comunicação e interação. Com o advento das redes sociais, os adolescentes de todo o mundo passaram a estar conectados de forma praticamente permanente, trocando informações, vivendo novas experiências e criando relacionamentos. No entanto, junto com esses benefícios, surgiram desafios emocionais e sociais que muitos jovens ainda não sabem como lidar.
Uma pesquisa realizada no mês passado pela Ponto Digital em parceria com a Offerwise revelou que 90% dos brasileiros maiores de 18 anos acreditam que os adolescentes não recebem o apoio emocional e social necessário para enfrentar os impactos das redes sociais.
O estudo, que ouviu 1.000 brasileiros de todas as regiões e classes sociais, ressalta uma questão importante: a ausência de suporte para os jovens no ambiente digital está impactando diretamente o comportamento e espetacularização de suas vidas, o que é refletido em episódios públicos e discussões como a recente "treta" entre as influenciadoras de 16 anos Duda Guerra (nora de Angélica e Luciano Huck) e Antonela Braga.
Segundo a pesquisa, 70% dos entrevistados defendem a presença de psicólogos nas escolas como um caminho essencial para garantir que os adolescentes tenham o apoio necessário para lidar com os desafios digitais e emocionais que surgem ao interagir nas redes sociais. O levantamento também indica que os problemas mais comuns enfrentados pelos jovens são o bullying (57%), depressão e ansiedade (48%) e a pressão estética (32%). Esses dados ilustram o quanto as redes sociais têm se tornado um terreno fértil para questões emocionais complexas, que, muitas vezes, os adolescentes não conseguem lidar sozinhos, sem o acompanhamento adequado.
A “treta” entre Duda e Antonela
A briga pública entre as influenciadoras Duda Guerra e Antonela Braga expôs as complexas dinâmicas das redes sociais para os adolescentes. O conflito começou com um desentendimento sobre o pedido de Antonela para seguir o perfil privado de Benício Huck, namorado de Duda, e rapidamente se transformou em um espetáculo de rivalidade, alimentado por especulações e declarações de outras influenciadoras.
O episódio, que ganhou atenção de milhões de seguidores e até envolveu comentários da apresentadora Angélica, exemplifica a cultura de exposição nas redes sociais, onde a disputa por visibilidade acaba superando a busca por relações autênticas e saudáveis.
A sociedade do espetáculo e os danos psicológicos
O fenômeno das redes sociais não é novo, mas o impacto que elas têm sobre os adolescentes tem sido cada vez mais discutido. O conteúdo que mais gera visibilidade, muitas vezes, é o conflito. Assim, ao potencializar um problema, potencializa-se também o alcance e a visibilidade.
Para os adolescentes, a pressão por atenção nas redes sociais pode gerar um ciclo vicioso que leva a transtornos psicológicos como ansiedade, depressão e até tentativa de suicídio. A “busca por validação” na internet é exacerbada pela construção de identidades baseadas em métricas de popularidade como seguidores e curtidas.
Rivalidade feminina
Outro ponto de reflexão é a questão da rivalidade feminina, alimentada e amplificada pelo ambiente digital. Ao longo da história, a rivalidade feminina foi construída pelo patriarcado e agora se transformou em um espetáculo lucrativo. As mulheres precisam disputar atenção, sejam nas redes sociais ou em outros espaços, para serem vistas, reconhecidas e valorizadas. Isso gera uma dinâmica onde as mulheres se tornam objetos de disputa, em vez de se apoiarem umas às outras.
No caso específico de Duda e Antonela, a situação se agrava ainda mais quando as influenciadoras, ao buscarem ganhar notoriedade, acabam se expondo a ataques de ódio coletivo.
O papel da família na proteção digital
Em meio a esse cenário, os pais desempenham um papel fundamental na proteção de seus filhos no ambiente digital. No entanto, a pesquisa também mostrou que o controle parental tende a diminuir com a idade. Enquanto pais de crianças de até 12 anos costumam exercer um controle rígido sobre o tempo de navegação e o conteúdo acessado, o mesmo não ocorre com os adolescentes, para os quais a supervisão se torna mais flexível. Isso se traduz em maior autonomia para navegar na internet, mas também em maior exposição a riscos.
O caso entre Duda Guerra e Antonela Braga reforça a necessidade de que pais e responsáveis acompanhem de perto a atuação dos filhos nas redes sociais. A ausência de mediação em conflitos digitais pode fazer com que desentendimentos tomem proporções públicas e prejudiquem emocionalmente os envolvidos.
A repercussão da briga exigiu, inclusive, pronunciamentos de adultos: a apresentadora Angélica, sogra de Duda, se manifestou após curtir um comentário interpretado como crítica à jovem, enquanto a mãe de Antonela também foi às redes defender a filha. O episódio evidencia como conflitos adolescentes, quando expostos online sem supervisão, podem demandar intervenções tardias e públicas por parte dos responsáveis.
Enquanto as plataformas digitais precisam ser mais responsáveis, o apoio das famílias e das escolas é essencial para criar uma rede de proteção que ajude os adolescentes a crescer de forma saudável, equilibrada e emocionalmente resiliente, no complexo e muitas vezes hostil ambiente digital.
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