Falta de mão de obra afeta supermercados: oito em dez cargos estão vazios

Destaque é para a escassez de operadores de caixa, açougueiros, embaladores, repositores de mercadorias, atendentes de loja e auxiliares de serviços de alimentação
quarta-feira, 26 de março de 2025
por Liz Tamane
(Foto: EBC)
(Foto: EBC)

Os supermercados no Brasil enfrentam atualmente uma crise de mão de obra, comprometendo o funcionamento e a qualidade do atendimento ao público nas lojas. De acordo com um levantamento divulgado este mês pela Confederação Nacional do Comércio de Bens (CNC), oito em cada dez cargos essenciais no setor supermercadista estão vazios. O problema tem se agravado nos últimos anos e já é responsável por impactos significativos tanto para os consumidores quanto para os próprios estabelecimentos.

Entre os cargos essenciais que enfrentam escassez de profissionais, destacam-se operadores de caixa, açougueiros, embaladores, repositores de mercadorias, atendentes de loja e auxiliares de serviços de alimentação. Esses profissionais representam aproximadamente 70% da força de trabalho no setor supermercadista, o que demonstra a gravidade da situação, já que essas funções são vitais para o funcionamento diário das lojas.

A falta de funcionários não afeta apenas a operação interna dos supermercados, mas também prejudica diretamente os consumidores. Em muitas lojas, os clientes estão enfrentando filas mais longas, falta de reposição de produtos nas prateleiras e, consequentemente, uma queda na qualidade do atendimento. A sobrecarga de trabalho nos poucos funcionários remanescentes tem levado a um cenário de exaustão, afetando o rendimento da equipe e, em última instância, o serviço prestado.

Essa escassez de funcionários se observa também em Nova Friburgo. Uma rede fluminense de supermercados com filial na Avenida Alberto Braune, por exemplo, anuncia em sua porta de entrada, há cerca de três semanas, uma lista com oportunidades de emprego para vários cargos e ainda não conseguiu preencher.

 Clientes reclamam que na maioria dos supermercados da cidade há falta de funcionários e observam também grande rotatividade. “A maioria dos jovens não querem trabalhar neste ramo, pois reclamam dos baixos salários e das cargas horárias exaustivas. Muitas lojas funcionam todos os dias das 7h às 22h e abrem aos domingos, até à noite. Geralmente nos fins de semana, a maioria dos caixas é a turma com mais de 40 anos de idade”, observa a consumidora Marina Souza.          

Principais cargos afetados 

Entre as funções mais afetadas, estão aquelas que são essenciais para o funcionamento de qualquer supermercado. O operador de caixa, por exemplo, é responsável por processar as transações e garantir que o atendimento seja rápido e eficiente. No entanto, a falta desse profissional tem gerado congestionamento nas filas e aumento da insatisfação dos consumidores.

O repositor de mercadorias, por sua vez, tem como principal tarefa manter as prateleiras abastecidas e organizar os produtos de maneira que o supermercado tenha sempre o estoque disponível para os clientes. A escassez de repositores tem levado à falta de reposição de produtos, o que pode gerar prejuízos financeiros para os supermercados e até a perda de clientes.

Outro cargo fundamental é o de açougueiro, que é responsável pela organização e corte de carnes. A falta desse profissional tem comprometido a qualidade do atendimento no setor de carnes, além de tornar o ambiente mais caótico e menos eficiente. 

Causas da escassez de mão de obra

A pesquisa da CNC aponta alguns fatores-chave que explicam a falta de profissionais no setor supermercadista. Em primeiro lugar, os salários baixos têm sido uma das principais razões para a desmotivação dos trabalhadores e a alta rotatividade no setor. Muitos profissionais optam por buscar alternativas em outros setores, que oferecem melhores condições financeiras ou mais estabilidade.

A  falta de qualificação e o distanciamento de muitos jovens do mercado de trabalho formal também têm agravado ainda mais o problema. Muitos optam por buscar alternativas no trabalho informal ou no setor digital, que oferecem mais flexibilidade e, em muitos casos, uma maior capacidade de geração de renda. Essa tendência é especialmente forte entre as novas gerações, que têm menos interesse em trabalhar em funções presenciais, como as de caixas e repositores em supermercados.

O que está sendo feito 

Diante desse cenário, alguns supermercados têm buscado alternativas para enfrentar a escassez de mão de obra. A automação é uma dessas soluções. Algumas redes de supermercados estão investindo em tecnologias como caixas de autoatendimento, que permitem que os clientes façam suas compras e paguem de forma independente. Embora isso ajude a reduzir a necessidade de operadores de caixa, não resolve o problema em outros setores essenciais, como o açougue e a reposição de mercadorias.

Há ainda um esforço crescente por parte das empresas em oferecer treinamentos internos e parcerias com programas de qualificação profissional. Essas iniciativas visam capacitar novos trabalhadores para as funções mais demandadas no setor supermercadista, mas os especialistas alertam que essas medidas ainda são insuficientes para reverter o cenário a curto prazo.

A escassez de mão de obra nos supermercados é um problema que compromete o funcionamento adequado das lojas e afeta diretamente a experiência do consumidor. A falta de profissionais essenciais, como operadores de caixa e repositores, reflete questões como baixos salários, alta rotatividade e a migração de trabalhadores para setores informais ou digitais. 

Enquanto algumas empresas tentam amenizar a situação com automação e programas de qualificação, é evidente que medidas mais eficazes e estruturais são necessárias para garantir a estabilidade e a qualidade do atendimento no setor supermercadista a longo prazo.

 

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