Para os foliões que têm fome de carnaval, é essencial prestar atenção no que se come e bebe nessa época de folia. A alimentação adequada pode fazer toda a diferença na sua energia e disposição durante os dias de festa. Antes de sair para o bloco, a dica é apostar em uma refeição reforçada, com carboidratos complexos, proteínas e gorduras boas. Pães integrais, ovos, frutas e oleaginosas (como castanhas e amêndoas) ajudam a manter a energia. Se for almoçar ou jantar antes de cair na festa, prefira pratos leves e equilibrados, como arroz, feijão, frango ou peixe e vegetais.
Com o calor e a movimentação intensa, a desidratação também pode ser um problema sério. Intercale bebidas alcoólicas com água, água de coco ou isotônicos para evitar o desgaste excessivo do corpo. Para beliscar entre um trio elétrico e outro, opte por snacks práticos como barrinhas de cereais, frutas desidratadas ou oleaginosas, que garantem energia sem pesar no estômago.
Alimentos muito gordurosos ou ultraprocessados podem causar desconforto e até indisposição. Evite frituras, fast food e pratos muito pesados. Outra dica importante é ter cuidado com comidas vendidas nas ruas, garantindo que estejam bem armazenadas e higienizadas para evitar intoxicações alimentares.
Após um dia intenso, capriche na hidratação e na reposição de nutrientes. Sucos naturais, chás e refeições leves ajudam o corpo a se recuperar para o próximo dia de festa. Com esses cuidados, é possível curtir o carnaval do começo ao fim sem perrengue!
Por que sempre sobra um espacinho para a sobremesa?
Cérebro está programado para desejar açúcar, mesmo quando já estamos saciados, segundo estudo conduzido pelo Instituto Max Planck para Pesquisa do Metabolismo
Quem nunca terminou uma refeição sentindo-se completamente satisfeito, mas, ao se deparar com uma sobremesa, descobriu que ainda tinha espaço para um doce? O fenômeno popularmente conhecido como "estômago para sobremesa" intriga cientistas e agora tem uma explicação baseada na neurociência. Um estudo recente conduzido pelo Instituto Max Planck para Pesquisa do Metabolismo revelou que essa aparente contradição tem um fundamento biológico: nosso cérebro está programado para desejar açúcar, mesmo quando já estamos saciados.
Os pesquisadores identificaram um grupo específico de neurônios, chamados POMC, que desempenham um papel fundamental na regulação do comportamento alimentar. O estudo, publicado na revista Science, demonstrou que esses neurônios não apenas indicam saciedade, mas também respondem de maneira única ao consumo de açúcar. Quando ingerimos algo doce, mesmo após uma refeição completa, os neurônios POMC liberam endorfina, um opióide natural que ativa receptores cerebrais ligados à sensação de prazer e recompensa.
Essa ativação explica por que sentimos vontade de continuar comendo doces, independentemente do nível de saciedade. A descoberta foi feita a partir de experimentos com camundongos, que, mesmo estando saciados, continuavam consumindo açúcar sempre que tinham acesso. Ao bloquear essa via no cérebro dos animais, os cientistas perceberam que o desejo por doces desaparecia, sugerindo que o impulso por açúcar está diretamente ligado a esse mecanismo cerebral.
A pesquisa também analisou a atividade cerebral de voluntários humanos que ingeriram uma solução açucarada. Os resultados confirmaram que o mesmo grupo de neurônios que regula a saciedade nos camundongos também se ativa em humanos quando consumimos açúcar. Isso sugere que a necessidade de um "docinho" depois da refeição não é apenas um hábito social, mas um impulso biológico profundamente enraizado.
Em comunicado com a imprensa, o responsável pelo estudo, Henning Fenselau, explicou que essa resposta tem uma justificativa evolutiva. "O açúcar era um recurso escasso na natureza e fornecia energia rápida. O cérebro parece estar programado para incentivar seu consumo sempre que disponível", explicou o pesquisador. Ou seja, o desejo por doces é um mecanismo que teria ajudado nossos ancestrais a obter energia rapidamente quando os alimentos eram escassos, mas que hoje, em um mundo onde o açúcar está presente em abundância, pode contribuir para problemas de saúde como a obesidade.
Outro aspecto interessante da pesquisa é que essa resposta cerebral parece ser exclusiva do açúcar. Os cientistas testaram se o mesmo fenômeno ocorria com alimentos ricos em gordura, que também costumam ser consumidos em excesso, e descobriram que não. Isso indica que há algo único no açúcar que desencadeia esse mecanismo de recompensa no cérebro, tornando seu consumo mais difícil de controlar.
Essa descoberta pode ajudar a explicar por que muitas pessoas têm dificuldade em resistir a doces, mesmo quando estão tentando manter uma alimentação equilibrada. A resposta do cérebro ao açúcar é intensa e imediata, reforçando a ideia de que o consumo frequente pode levar a um ciclo vicioso de desejo e satisfação temporária.
As implicações desse estudo são relevantes para o debate sobre obesidade e consumo excessivo de açúcar. Atualmente, já existem medicamentos que bloqueiam receptores opióides no cérebro e são utilizados no tratamento da obesidade. Com a nova descoberta, os cientistas sugerem que adaptar esses fármacos para atuar especificamente na redução do desejo por açúcar pode ser uma estratégia promissora no combate ao sobrepeso e aos problemas de saúde relacionados ao consumo excessivo de doces.
No entanto, ainda há perguntas sem resposta. Seria possível "desaprender" essa resposta ao açúcar com mudanças na alimentação? Alguns indícios sugerem que estratégias comportamentais e nutricionais podem minimizar a ativação desse mecanismo, mas os cientistas ainda precisam investigar mais a fundo essa possibilidade. Além disso, há a hipótese de que algumas pessoas sejam mais suscetíveis a esse efeito do que outras, o que poderia explicar por que alguns indivíduos conseguem resistir facilmente aos doces, enquanto outros sentem um desejo quase incontrolável.
O estudo do Instituto Max Planck trouxe respostas para um comportamento alimentar que muitos já experimentaram na prática. Saber que há uma explicação científica para o "estômago para sobremesa" pode ajudar a compreender melhor nossos impulsos e buscar formas mais conscientes de lidar com o desejo por doces. Afinal, um docinho de vez em quando pode ser um prazer, desde que consumido com moderação.
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