O Brasil é conhecido por sua cultura calorosa, festas animadas e um povo apaixonado, mas quando o assunto é satisfação amorosa e sexual, os números dizem outra coisa. De acordo com a pesquisa Ipsos Love Life Satisfaction, realizada entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, os brasileiros estão entre os menos satisfeitos nesses aspectos, ocupando a última posição entre os países latino-americanos analisados.
O estudo, que ouviu pessoas em 30 países, revelou que o Brasil figura na 20ª colocação do ranking global de satisfação amorosa, com 71 pontos. Enquanto isso, a Colômbia lidera entre os latino-americanos, com 82 pontos. Países do Sudeste Asiático, como Tailândia, Indonésia e Malásia, também aparecem no topo da lista, assim como a Holanda e a Espanha, que são as únicas nações europeias entre as dez primeiras posições. Já os índices mais baixos foram encontrados no Japão, Coreia do Sul e Índia.
Apesar da baixa posição no ranking, o Brasil registrou um aumento no percentual de pessoas que se consideram amadas. Em 2024, pelo menos 75% da população declarou sentir-se amada, um crescimento de sete pontos percentuais em relação ao ano anterior. No entanto, essa percepção não se reflete diretamente na satisfação com a vida amorosa e sexual.
A pesquisa sugere que a insatisfação dos brasileiros pode estar mais relacionada à convivência com o parceiro do que ao amor em si. Países como Brasil, Coreia do Sul e Índia apresentaram altos índices de insatisfação com o parceiro ou parceira, superando até mesmo a insatisfação com a vida amorosa e sexual de forma geral.
Outro fator relevante apontado pelo estudo é a influência da renda na satisfação amorosa. No Brasil, 82% das pessoas de classe alta afirmam sentir-se amadas, enquanto esse percentual cai para 62% entre os brasileiros de baixa renda. Esse dado indica que fatores socioeconômicos podem estar diretamente ligados à percepção de felicidade nos relacionamentos, seja por questões de estabilidade financeira ou pela possibilidade de acessar experiências que fortalecem a vida a dois.
Entre os solteiros, somente a metade está satisfeita com a vida sexual
Se no campo emocional os brasileiros já demonstram certa insatisfação, no âmbito sexual a situação é ainda mais delicada. Apenas 35% dos entrevistados afirmaram estar plenamente satisfeitos com a vida sexual, um dos menores índices do estudo. E um dado chama atenção: os solteiros são os que mais sofrem, já que apenas metade deles está contente com a vida sexual. Entre os comprometidos, esse número sobe para 81%.
Essa diferença de percepção entre solteiros e comprometidos se repete na maioria dos países analisados, com exceção da Espanha, onde a satisfação entre solteiros chega a 83%, quase empatando com os comprometidos (85%). O contraste entre os países pode ser um indicativo de que fatores culturais e sociais influenciam diretamente a percepção da vida sexual.
A pesquisa não aponta causas diretas para a insatisfação dos brasileiros, mas especialistas em relacionamentos e comportamento social indicam alguns fatores que podem influenciar esse cenário. Entre eles, destacam-se:
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Pressão social e expectativas irreais: no Brasil, a cultura do romance e da sexualidade intensa é amplamente explorada em filmes, novelas e redes sociais, criando padrões que podem ser inalcançáveis na realidade. Isso pode gerar frustração e insatisfação.
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Estresse e rotina exaustiva: o estilo de vida acelerado, especialmente nas grandes cidades, pode comprometer o tempo e a energia dedicados aos relacionamentos e à intimidade.
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Desigualdade de gênero: questões estruturais, como a sobrecarga feminina com tarefas domésticas e cuidado com os filhos, podem impactar a qualidade dos relacionamentos e a satisfação sexual.
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Dificuldade de comunicação: problemas na comunicação entre casais também são um fator-chave para a insatisfação. Muitas vezes, desejos e expectativas não são verbalizados, levando a frustrações que se acumulam ao longo do tempo.
Dicas para melhorar
Especialistas sugerem algumas estratégias para melhorar a satisfação amorosa e sexual dos brasileiros. Entre elas, a terapia de casal, que pode ajudar a melhorar a comunicação e resolver conflitos; o autoconhecimento, que permite identificar expectativas realistas e desejos pessoais; e a valorização de momentos de lazer a dois, fortalecendo a conexão emocional.
A quebra de tabus e a abertura para conversas sobre a vida sexual também são passos importantes para uma maior satisfação. A liberdade para expressar desejos e necessidades dentro do relacionamento pode fazer toda a diferença na qualidade da vida amorosa e íntima.
O Brasil pode ter uma cultura romântica e sensual amplamente divulgada no exterior, mas a realidade dos relacionamentos por aqui nem sempre reflete essa imagem. A pesquisa Ipsos Love Life Satisfaction reforça que, embora a maioria dos brasileiros se sinta amada, há um longo caminho a percorrer para que essa percepção se transforme em satisfação plena nos relacionamentos e na vida sexual.
A boa notícia é que, com mais diálogo, autoconhecimento e mudanças culturais, é possível reverter esse quadro. Afinal, o amor e o prazer devem ser fontes de felicidade – e não de frustração.
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