Com paisagens exuberantes e águas cristalinas, o distrito friburguense de Lumiar é sempre um destino bastante procurado no verão por turistas e moradores que buscam refresco nos rios e cachoeiras da localidade. No entanto, a beleza natural esconde perigos que podem ser fatais. O boletim epidemiológico 2024 da Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (Sobrasa) revelou que o Brasil registra uma média de 15 mortes por afogamento por dia, sendo que 70% dessas ocorrências acontecem em águas doces, como rios, lagos e cachoeiras.
Lumiar é conhecido por suas inúmeras quedas d’água e poços naturais, como o Encontro dos Rios, as cachoeiras Indiana Jones e São José. Esses locais atraem banhistas, mas muitos desconhecem os riscos envolvidos. Diversos relatos apontam para afogamentos e acidentes graves em locais como as cachoeiras São José e Poço Feio. A correnteza forte e a presença de pedras escorregadias aumentam os riscos, principalmente para aqueles que não conhecem bem a região.
O volume das águas pode variar repentinamente devido a chuvas nas cabeceiras, criando fortes correntezas que dificultam a saída da água. Além disso, a profundidade irregular e o fundo rochoso aumentam as chances de acidentes.
De acordo com especialistas em segurança aquática, um dos grandes perigos é a falsa sensação de segurança. Muitas pessoas entram na água sem perceber que há correntezas traiçoeiras, buracos profundos, galhos submersos e pedras.
Um exemplo recente que ilustra a gravidade da situação ocorreu com o influenciador católico Tiba Camargos, que sofreu um grave acidente no último domingo, 9, ao tentar resgatar seu filho de um possível afogamento no Rio Buricá, no município gaúcho de Alegria. Durante o ato heroico, Tiba bateu a cabeça em uma pedra e perdeu os movimentos do corpo. Sua esposa, Andréa Camargos, a Déa, atualizou seu estado de saúde nesta quinta-feira, 13, nas redes sociais, e pediu orações para sua recuperação.
"Segundo os médicos, a cirurgia correu muito bem e agora temos que aguardar a reação dele nas próximas 48 horas. O médico está otimista", compartilhou Déa em seu perfil no Instagram. A influenciadora também detalhou como ocorreu o acidente e agradeceu as manifestações de apoio que a família tem recebido.
A falta de conscientização sobre os riscos de afogamento é um dos principais fatores que levam a tragédias como essa. Segundo o Boletim da Sobrasa, mais de 90% das mortes por afogamento poderiam ser evitadas com medidas simples de prevenção e educação.
Afogamentos podem ser evitáveis
O afogamento é uma das principais causas de morte entre crianças e jovens no Brasil, especialmente na faixa etária de 1 a 24 anos. Segundo o boletim da Sobrasa, a cada dois dias, um turista morre no país por afogamento, e dois brasileiros perdem a vida tentando salvar outras pessoas. Em muitos casos, a falta de informação sobre os riscos e a ausência de guarda-vidas nos locais são fatores determinantes para as tragédias.
‘ Um dos maiores riscos em cachoeiras e rios está na influência do clima. Durante períodos de chuva intensa, mesmo que ocorra a quilômetros de distância, o nível da água pode subir repentinamente, transformando um local aparentemente seguro em uma armadilha fatal. Esse fenômeno, conhecido como cabeça d’água, é comum em regiões serranas, como a de Lumiar, e já causou diversas tragédias no Brasil.
Além disso, a formação geológica dos rios de Lumiar apresenta obstáculos perigosos, como pedras escorregadias e cavernas submersas. Um banho tranquilo pode se transformar em um incidente grave em segundos, caso o banhista seja surpreendido por uma correnteza ou fique preso em um redemoinho.
Medidas de segurança e conscientização
A prevenção é a melhor forma de evitar afogamentos. Algumas medidas essenciais incluem:
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Evitar nadar sozinho: sempre que possível, estar acompanhado reduz o risco de acidentes fatais.
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Respeitar placas e orientações locais: algumas áreas são conhecidas por serem perigosas, e desconsiderar avisos pode ser fatal.
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Não consumir bebidas alcoólicas antes de entrar na água: o álcool reduz os reflexos e a percepção do perigo.
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Observar as condições do tempo: se houver previsão de chuva, o melhor é evitar cachoeiras e rios.
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Evitar saltos em locais desconhecidos: muitas vítimas sofrem traumatismos ao mergulhar sem conhecer a profundidade do local.
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Aprender técnicas básicas de primeiros socorros: em uma emergência, saber agir pode fazer a diferença entre a vida e a morte.
A natureza de Lumiar é um convite ao descanso e ao lazer, mas a segurança deve ser prioridade. O aumento dos casos de afogamento no Brasil reforça a necessidade de informação e cautela ao aproveitar os rios e cachoeiras da região. Com medidas preventivas e maior conscientização, é possível reduzir os riscos e garantir que a experiência seja prazerosa e segura para todos.
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