Com o aumento das temperaturas e o período chuvoso, os acidentes com escorpiões tornam-se mais frequentes. Em 2020, por exemplo, foram registrados 149,7 mil casos de acidentes com escorpiões no Brasil, segundo boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. Apenas o Sudeste totaliza 70,9 mil ocorrências, seguido pelo Nordeste, com 58,7 mil. A preocupação com escorpiões ganhou destaque nesta semana com um acidente ocorrido com a apresentadora de TV Ana Maria Braga. Ela foi picada em sua fazenda no interior paulista.
Os animais peçonhentos, como os escorpiões, aranhas e lagartas, estão cada vez mais presentes também no meio urbano. O verão exige maior cuidado em relação aos acidentes com escorpiões, pois o clima úmido e quente é ideal para o aparecimento destes animais, que se abrigam em esgotos e entulhos. Os escorpiões que habitam o meio urbano se alimentam principalmente de baratas, portanto são comuns também em locais próximos a áreas com acúmulo de lixo.
Os animais peçonhentos que mais causam acidentes no Brasil são serpentes, escorpiões, aranhas, mariposas e suas larvas, abelhas, formigas e vespas, besouros, lacraias, peixes, águas-vivas e caravelas. Em áreas urbanas se concentra a maioria dos acidentes com escorpiões, seguidos de aranhas e abelhas. Já em áreas rurais, a maior incidência de casos também envolve escorpiões, seguidos de serpentes e aranhas. Dependendo da espécie do animal e da gravidade da picada, os acidentes podem levar até mesmo à morte, caso a pessoa não seja socorrida e receba o tratamento adequado a tempo.
Cinco espécies de escorpiões no Brasil
Nos acidentes com escorpiões, o envenenamento acontece a partir do contato com o ferrão. Predominantes nas zonas tropicais e subtropicais do mundo, os escorpiões apresentam maior incidência nos meses quentes e úmidos. De acordo com o Ministério da Saúde, ao menos cinco espécies do gênero Tityus têm importância em saúde pública no Brasil: escorpião-amarelo (T. serrulatus), escorpião-marrom (T. bahiensis), escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus) e o escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus).
Amplamente distribuído pelo país, o escorpião-amarelo representa a espécie de maior preocupação em função do maior potencial de gravidade do envenenamento e fácil adaptação ao meio urbano. As medidas de prevenção são semelhantes às recomendadas contra as aranhas, incluindo o combate à proliferação de baratas e evitar colocar as mãos sem luvas em buracos, sob pedras e troncos podres.
Prevenção
O Instituto Butantan, que realiza estudos sobre animais peçonhentos no país, recomenda medidas de prevenção aos acidentes. Para evitar o contato com cobras, devem ser utilizados calçados fechados, preferencialmente de cano alto, ao andar em ambientes como matos, trilhas e florestas. O uso de luvas grossas, ao manipular folhas secas, lixo, lenha e entulhos, também contribui para reduzir os riscos de picadas.
A manutenção de ambientes como quintais e jardins limpos e com a grama aparada ajuda a evitar a presença de aranhas, escorpiões e lacraias. O contato pode ser evitado com o uso de calçados e luvas durante as atividades de jardinagem. Deve-se evitar colocar as mãos em buracos, sob pedras e em troncos podres. Dentro de casa, procure manter afastadas das paredes camas e berços além de sacudir e verificar roupas e sapatos antes de usá-los.
Evite acidentes
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Verifique cuidadosamente calçados, roupas, toalhas e roupas de cama antes de usá-los;
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Limpe periodicamente ralos de banheiro, cozinha e caixas de gordura;
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Mantenha camas e berços afastados, no mínimo, 10 cm da parede;
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Evite que lençóis toquem o chão;
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Feche frestas nas paredes, móveis e rodapés para que não sirvam de esconderijo para os escorpiões;
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Use telas nas aberturas dos ralos, pias e tanques;
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Não deixe acumular lixo e entulho nos quintais, jardins, e terrenos baldios e ao redor das residências;
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Coloque o lixo em sacos plásticos fechados para evitar baratas e outros insetos;
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Mude periodicamente de lugar materiais de construção que estejam armazenados e lembre-se de proteger as mãos com luvas grossas na realização deste trabalho;
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Retire de paredes e muros plantas ornamentais densas, arbustos e trepadeiras;
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Elimine fontes de alimento para os escorpiões (baratas, aranhas, grilos e outros pequenos animais invertebrados);
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Limpe terrenos baldios situados a cerca de 2 metros (aceiro) das redondezas dos imóveis ocupados;
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Evite a prática de queimadas em terrenos baldios, pois desalojam os escorpiões, entre outros animais;
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Preserve os inimigos naturais dos escorpiões, especialmente aves de hábitos noturnos (corujas, joão-bobo), quati, lagartos, sapos, galinhas, gansos;
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Evite folhagens de jardins junto às paredes externas de residências e mantenha jardins e gramados aparados e bem cuidados.
Vale lembrar que pesticidas e outros produtos não são eficazes para o controle de escorpiões e podem gerar mais risco de acidente.
Primeiros-Socorros
Em caso de acidente:
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Procure atendimento médico imediatamente;
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Fotografe ou informe ao profissional de saúde o máximo possível de características do animal, como: tipo de animal, cor E tamanho;
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Se possível, e caso tal ação não atrase a ida do paciente ao atendimento médico, lave o local da picada com água e sabão;
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Compressas mornas podem ajudar a aliviar a dor;
Matar é crime ambiental
De acordo com a Lei dos Crimes Ambientais, matar animais silvestres é proibido, salvo em legítima defesa ou para saciar a fome. Aranhas, cobras, escorpiões e abelhas são animais importantes para a biodiversidade. Segundo sites especializados, a maior parte das aranhas que aparecem em residências humanas, por exemplo, são inofensivas e ainda ajudam a combater pragas como pernilongos e outras aranhas. Quem encontrar um animal silvestre que apresente perigo deve entrar em contato com o Corpo de Bombeiros (193).
* Reportagem da estagiária Laís Lima sob supervisão de Henrique Amorim
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