Assim como podemos imaginar que o uso excessivo de redes sociais afeta a saúde mental, também é plausível que jovens ansiosos ou deprimidos busquem refúgio no mundo virtual. Há diversas hipóteses que explicam como o uso excessivo de mídias sociais prejudica a saúde mental, como privação de sono e fragmentação da atenção. O portal que cada jovem carrega em seu bolso transforma cada um em gestor de sua própria imagem, gerando preocupações constantes com seguidores e curtidas, além da pressão para criar o clique perfeito. Vale lembrar que a câmera frontal dos celulares, tão essencial para os selfies, foi introduzida há menos de quinze anos. Para os pais, é difícil resistir ao argumento de que “todo mundo está fazendo”. Como deixar seu filho ser o único da turma sem smartphone? Curiosamente, este argumento costuma aparecer em quase todas as casas na hora de convencer os pais, e praticamente todas as crianças são “as únicas que ainda não têm”. E, se todos estão usando, deve ser seguro, certo? Há 400 anos, e o que se sabe hoje Dada a natureza social das novas tecnologias, Haidt destaca que uma resposta coletiva torna-se necessária. Para além da decisão de fornecer dispositivos e controlar acesso, é importante reconhecer que os efeitos podem se dar mesmo em quem não os utiliza. Imaginemos, por exemplo, uma situação em que a maioria da sala está fazendo uso: não dá para dizer que quem não está usando não será impactado. Desde seu lançamento, o livro “A Geração Ansiosa” tem atraído atenção por sua visão sobre a saúde mental dos jovens. Embora a obra traga à tona um fenômeno que merece escrutínio, sua ênfase em uma única grande explicação pode, ainda que não intencionalmente, perder o foco do debate sobre saúde mental. Há mais de 400 anos, Robert Burton, em “A Anatomia da Melancolia”, já identificava 44 possíveis causas para a depressão. No último século, na tentativa de se consolidar como uma especialidade médica, a psiquiatria acabou adotando teorias monocausais para explicar a origem dos transtornos mentais, como se a descoberta de uma única causa pudesse dar legitimidade a esses problemas, tão difíceis de quantificar e entender. Curiosamente, essa abordagem ignorou a complexidade inerente à saúde mental. Hoje, sabemos que os transtornos mentais se assemelham muito mais a doenças como o câncer ou doenças cardiovasculares, cuja compreensão da etiologia multifatorial tem permitido grandes avanços em sua prevenção e tratamento nas últimas décadas. Reconhecer as nuances dos fatores que influenciam a saúde mental dos jovens é crucial e qualquer debate sério sobre o problema precisa ir além de explicações simplistas. Não há dúvidas de que a vida mental dos jovens de hoje está profundamente entrelaçada com o mundo digital. No entanto, atribuir às mídias sociais o papel de principal vilã por trás da epidemia de transtornos mentais é uma visão que não faz justiça à complexidade do fenômeno. Um exame cuidadoso da literatura científica tampouco permite afirmar que essas plataformas sejam inofensivas, exigindo, portanto, uma abordagem cautelosa, principalmente se levarmos em consideração que a exposição maciça acaba sendo um experimento social com indivíduos ainda em desenvolvimento. A obra A Geração Ansiosa é um convite valioso à reflexão sobre as relações entre tecnologia e saúde mental dos jovens, mas certamente não oferece a palavra final sobre o assunto. (Fonte:Trechos de artigo do psiquiatra Christian Kieling / estadodaarte.estadao)
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O impacto das mídias sociais na saúde mental dos jovens
Assim como podemos imaginar que o uso excessivo de redes sociais afeta a saúde mental, também é plausível que jovens ansiosos ou deprimidos busquem refúgio no mundo virtual. Há diversas hipóteses que explicam como o uso excessivo de mídias sociais prejudica a saúde mental, como privação de sono e fragmentação da atenção. O portal que cada jovem carrega em seu bolso transforma cada um em gestor de sua própria imagem, gerando preocupações constantes com seguidores e curtidas, além da pressão para criar o clique perfeito. Vale lembrar que a câmera frontal dos celulares, tão essencial para os selfies, foi introduzida há menos de quinze anos. Para os pais, é difícil resistir ao argumento de que “todo mundo está fazendo”. Como deixar seu filho ser o único da turma sem smartphone? Curiosamente, este argumento costuma aparecer em quase todas as casas na hora de convencer os pais, e praticamente todas as crianças são “as únicas que ainda não têm”. E, se todos estão usando, deve ser seguro, certo? Há 400 anos, e o que se sabe hoje Dada a natureza social das novas tecnologias, Haidt destaca que uma resposta coletiva torna-se necessária. Para além da decisão de fornecer dispositivos e controlar acesso, é importante reconhecer que os efeitos podem se dar mesmo em quem não os utiliza. Imaginemos, por exemplo, uma situação em que a maioria da sala está fazendo uso: não dá para dizer que quem não está usando não será impactado. Desde seu lançamento, o livro “A Geração Ansiosa” tem atraído atenção por sua visão sobre a saúde mental dos jovens. Embora a obra traga à tona um fenômeno que merece escrutínio, sua ênfase em uma única grande explicação pode, ainda que não intencionalmente, perder o foco do debate sobre saúde mental. Há mais de 400 anos, Robert Burton, em “A Anatomia da Melancolia”, já identificava 44 possíveis causas para a depressão. No último século, na tentativa de se consolidar como uma especialidade médica, a psiquiatria acabou adotando teorias monocausais para explicar a origem dos transtornos mentais, como se a descoberta de uma única causa pudesse dar legitimidade a esses problemas, tão difíceis de quantificar e entender. Curiosamente, essa abordagem ignorou a complexidade inerente à saúde mental. Hoje, sabemos que os transtornos mentais se assemelham muito mais a doenças como o câncer ou doenças cardiovasculares, cuja compreensão da etiologia multifatorial tem permitido grandes avanços em sua prevenção e tratamento nas últimas décadas. Reconhecer as nuances dos fatores que influenciam a saúde mental dos jovens é crucial e qualquer debate sério sobre o problema precisa ir além de explicações simplistas. Não há dúvidas de que a vida mental dos jovens de hoje está profundamente entrelaçada com o mundo digital. No entanto, atribuir às mídias sociais o papel de principal vilã por trás da epidemia de transtornos mentais é uma visão que não faz justiça à complexidade do fenômeno. Um exame cuidadoso da literatura científica tampouco permite afirmar que essas plataformas sejam inofensivas, exigindo, portanto, uma abordagem cautelosa, principalmente se levarmos em consideração que a exposição maciça acaba sendo um experimento social com indivíduos ainda em desenvolvimento. A obra A Geração Ansiosa é um convite valioso à reflexão sobre as relações entre tecnologia e saúde mental dos jovens, mas certamente não oferece a palavra final sobre o assunto. (Fonte:Trechos de artigo do psiquiatra Christian Kieling / estadodaarte.estadao)
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