O início do ano costuma ser um período de reflexão, planejamento e expectativas. Com ele, surgem também metas e resoluções que, muitas vezes, se concentram em aspectos físicos, como a busca por uma alimentação mais saudável ou a adoção de uma rotina de exercícios. No entanto, a campanha Janeiro Branco nos convida a voltar os olhos para uma outra área fundamental: a saúde mental.
Criada em 2014 pelo psicólogo Leonardo Abrahão, a iniciativa tem como objetivo promover a conscientização sobre o cuidado com a mente, muitas vezes negligenciado. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 280 milhões de pessoas sofrem de depressão em todo o mundo, e os transtornos de ansiedade atingem mais de 300 milhões.
Ainda segundo a OMS, no Brasil, os números também são alarmantes: somos o país com a maior prevalência de ansiedade no mundo e o segundo em casos de depressão nas Américas. Cerca de 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica, seguido de países como o Paraguai (7,6%), Noruega (7,4%), Nova Zelândia (7,3%) e Austrália (7%).
Diante desse cenário, o Janeiro Branco se apresenta como uma oportunidade para repensar atitudes e criar espaços de diálogo. O simbolismo do mês de janeiro, com sua representação de começos e novos ciclos, foi estrategicamente escolhido para reforçar a mensagem da campanha. Além disso, a cor branca remete a uma tela em branco, um convite à ressignificação e à construção de uma vida mais equilibrada e feliz.
Durante todo o mês, diversas ações são realizadas em instituições de saúde, empresas, escolas e comunidades, como palestras, rodas de conversa, oficinas e campanhas nas redes sociais. Esses eventos têm o intuito de conscientizar a população sobre a importância de cuidar da mente e de reconhecer sinais de alerta para transtornos mentais.
Apesar dos avanços nas discussões sobre o tema, a saúde mental ainda carrega um grande estigma. Muitas pessoas evitam buscar ajuda por medo de julgamento ou vergonha, o que pode agravar quadros que poderiam ser tratados com acompanhamento adequado.
É fundamental que as pessoas entendam que não há problema em procurar um psicólogo ou psiquiatra, assim como não há em ir ao cardiologista ou ortopedista. Saúde mental é saúde, e tratá-la é um ato de coragem e amor-próprio.
Praticar o autocuidado é essencial para manter o equilíbrio emocional. Algumas dicas incluem:
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Manter uma rotina equilibrada: dormir bem, alimentar-se de forma saudável e praticar atividades físicas.
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Reservar tempo para o lazer: encontrar espaço na agenda para hobbies e momentos de descontração.
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Fortalecer conexões sociais: cultivar relações com amigos e familiares, pois o apoio social é um importante fator de proteção.
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Praticar mindfulness ou meditação: essas técnicas ajudam a reduzir o estresse e aumentam a concentração.
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Buscar ajuda profissional quando necessário: não hesite em procurar um psicólogo ou psiquiatra caso identifique sinais de que algo não vai bem.
Para que a mensagem do “Janeiro Branco” ganhe força, é necessário que toda a sociedade esteja engajada. Governos, empresas e instituições de ensino podem contribuir implementando políticas de bem-estar, oferecendo apoio psicossocial e promovendo ambientes mais saudáveis.
O “Janeiro Branco” é uma chance de refletir, mas também de agir. Mais do que um mês dedicado ao tema, a campanha busca criar uma cultura de valorização da saúde mental durante todo o ano. Afinal, cuidar da mente é um gesto que beneficia não só o indivíduo, mas toda a sociedade. Que 2025 seja um ano de novos começos, não apenas em metas tangíveis, mas principalmente no compromisso com o bem-estar emocional.
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