Durante a Cúpula do G20, realizada no Rio de Janeiro, foi anunciada nesta segunda-feira, 18, a criação da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, iniciativa que pretende erradicar esses dois grandes desafios até 2030. Liderada pelo Brasil, a aliança reúne 81 países, além de instituições financeiras globais, organizações internacionais e Organizações Não Governamentais (ONGs) de todo o mundo.
(Foto: Divulgação)
O lançamento da aliança ocorreu no contexto do G20, um dos principais fóruns de cooperação econômica global, e destacou a urgência de ações coordenadas para combater a insegurança alimentar e a pobreza extrema, problemas agravados pela pandemia de Covid-19 e pelos impactos das mudanças climáticas.
O objetivo central é implementar políticas públicas regionais, com atenção às especificidades de cada localidade. De acordo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, programas como o Bolsa Família e a oferta de alimentação escolar nutritiva no Brasil são modelos que podem inspirar ações globais.
Entre os participantes destacam-se potências econômicas como Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido e China, bem como países do Hemisfério Sul, como Bangladesh e África do Sul. Instituições globais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e o Unicef também compõem a aliança, ao lado de ONGs que atuam no combate à pobreza e à insegurança alimentar.
Foi anunciado ainda o Conselho de Campeões, que terá representantes de países e organizações encarregados de promover parcerias e remover obstáculos à implementação das políticas propostas. O Brasil, por exemplo, será representado por Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social.
A aliança prevê o início de suas operações em 2025, com a implementação dos primeiros programas de combate à fome e à pobreza. Contudo, os locais prioritários para essas ações ainda não foram divulgados. Espera-se que a estrutura inicial concentre esforços em regiões mais afetadas pela fome.
Para alcançar o objetivo ambicioso de erradicação da fome até 2030, a aliança deverá enfrentar desafios como a desigualdade na distribuição de recursos, crises econômicas e instabilidades geopolíticas. Contudo, o compromisso dos países-membros e a experiência acumulada por organizações internacionais oferecem perspectivas promissoras para os resultados da iniciativa.
A fome e a pobreza afetam milhões de pessoas em todo o mundo, perpetuando ciclos de desigualdade e limitando o desenvolvimento socioeconômico. Segundo dados da FAO, mais de 735 milhões de pessoas enfrentaram insegurança alimentar em 2022. A aliança global emerge como uma resposta estratégica a esse cenário, propondo soluções integradas que envolvam transferência de renda, fortalecimento da agricultura sustentável e parcerias público-privadas.
No Brasil, a insegurança alimentar severa caiu 85% no Brasil em 2023, segundo o Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial (Sofi 2024). Em números absolutos, 14,7 milhões deixaram de passar fome no país. A insegurança alimentar severa, que afligia 17,2 milhões de brasileiros em 2022, caiu para 2,5 milhões. Percentualmente, a queda foi de 8% para 1,2% da população.
Liderança do Brasil
O lançamento da aliança durante a presidência brasileira do G20 reforça o papel do país como protagonista em discussões globais de desenvolvimento sustentável. A liderança do Brasil demonstra o compromisso em ampliar o impacto de políticas que já são bem-sucedidas internamente e levá-las ao cenário internacional.
Com a adesão inicial de 81 países, a aliança ainda pretende expandir sua atuação, incorporando novos membros e estabelecendo uma rede de colaboração ampla e eficaz. Espera-se que o Conselho de Campeões desempenhe um papel fundamental nesse processo, garantindo que as políticas propostas sejam adaptadas às necessidades locais e implementadas com eficiência.
O sucesso da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza dependerá da capacidade de mobilizar recursos financeiros, engajar a sociedade civil e assegurar que os governos mantenham o foco em ações concretas. A iniciativa representa um marco na luta contra dois dos maiores desafios humanitários e reforça a importância da cooperação internacional como instrumento de transformação global.
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