Cotistas superam não cotistas nas universidades brasileiras

Segundo dados do Censo da Educação Superior de 2023, pelo menos 51% dos alunos cotistas da rede federal concluíram o curso, enquanto o índice de conclusão entre os não cotistas foi de 41%
segunda-feira, 04 de novembro de 2024
por Liz Tamane
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)

O Censo da Educação Superior de 2023, apresentado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), revelou que, no último ano, 51% dos alunos cotistas da rede federal concluíram os cursos, enquanto o índice entre os não cotistas foi de 41%. 

A análise dos efeitos do ProUni demonstrou que 58% dos beneficiários concluíram a graduação, em comparação com apenas 36% dos estudantes que não fazem parte da política. Além disso, o índice de concluintes entre os alunos que utilizam o Fies foi 15% superior ao de quem não tem acesso ao auxílio: 49% para 34%.

Esses dados desafiam preconceitos e fortalecem o impacto positivo das políticas de ação afirmativa, demonstrando que estudantes cotistas têm se destacado em diversos indicadores acadêmicos. O levantamento aponta para taxas mais altas de conclusão e rendimento acadêmico entre os cotistas, que têm demonstrado resiliência e comprometimento significativos ao longo de suas jornadas universitárias.

As cotas, implementadas no Brasil em 2012 com a Lei de Cotas (lei  12.711), visam corrigir desigualdades históricas de acesso ao ensino superior, beneficiando estudantes de escolas públicas, de baixa renda, negros, pardos, indígenas e pessoas com deficiência. Desde então, a inserção desses grupos nas universidades não só aumentou, mas também resultou em trajetórias acadêmicas de destaque.

Dados que refletem desempenho

Os números do Censo confirmam um desempenho superior dos cotistas em comparação aos não cotistas. Esses dados são particularmente significativos, uma vez que contestam um dos principais argumentos críticos sobre o sistema de cotas: a ideia de que os beneficiários apresentariam um rendimento abaixo do padrão. A pesquisa mostra que, além de se adaptarem bem ao ambiente acadêmico, os cotistas têm conseguido obter boas notas e, muitas vezes, superam os não cotistas.

Especialistas em educação apontam que esses resultados refletem a resiliência dos cotistas, que enfrentaram e superaram barreiras sociais e econômicas para acessar o ensino superior. Esse histórico de superação pode contribuir para um maior engajamento e determinação em concluir o curso e obter bons resultados acadêmicos. Segundo o estudo, além das notas e desempenho geral, o índice de evasão entre cotistas também apresentou queda nos últimos anos.

Apoio institucional e inclusão

Outro fator determinante para o sucesso dos cotistas tem sido o suporte institucional oferecido pelas universidades. Desde a implementação das cotas, muitas instituições públicas e privadas ampliaram serviços de assistência estudantil, como bolsas, auxílio-alimentação, transporte e moradia. Esse suporte tem um papel fundamental ao aliviar as pressões financeiras sobre os estudantes e permitir que se dediquem aos estudos.

O Programa Universidade para Todos (ProUni), outra ação afirmativa do Governo Federal, também foi mencionado no Censo como um fator relevante para a melhoria do desempenho acadêmico dos cotistas. Com o Prouni, muitos estudantes de baixa renda puderam ingressar em instituições particulares com bolsas integrais ou parciais, possibilitando um acesso mais democrático ao ensino superior.

Benefícios para a sociedade

O sucesso das políticas de cotas no Brasil não apenas contribui para o desenvolvimento acadêmico e profissional dos cotistas, mas também promove uma transformação social. Ao incluir pessoas de diferentes origens e realidades no ensino superior, o Brasil dá um passo importante para formar profissionais mais diversos e socialmente conscientes. Essas novas vozes e perspectivas enriquecem o ambiente acadêmico e ajudam a construir uma sociedade mais equitativa e inclusiva.

Além disso, a formação acadêmica desses jovens representa uma oportunidade de mobilidade social e quebra do ciclo de pobreza para suas famílias e comunidades. O mercado de trabalho, por sua vez, ganha ao receber profissionais capacitados que trazem uma visão de mundo diversa e plural, cada vez mais valorizada em ambientes corporativos e institucionais.

Perspectivas futuras

Diante dos dados positivos, a expectativa é de que o sistema de cotas seja mantido e aprimorado no Brasil. Pesquisadores e educadores defendem a importância de garantir que mais estudantes de baixa renda e de grupos sub-representados continuem a ter acesso ao ensino superior. A inclusão e o sucesso dos cotistas são provas de que o Brasil pode construir um futuro mais justo, onde todos, independentemente de sua origem, possam ter as mesmas oportunidades.

A permanência e ampliação das políticas de inclusão podem ajudar a combater desigualdades e assegurar que o país avance na formação de cidadãos conscientes e capacitados. A sociedade brasileira já começa a ver os frutos desse investimento, e os dados de desempenho dos cotistas nas universidades são um exemplo claro de que o caminho da inclusão é também o da excelência acadêmica.

Os resultados do Censo 2023 do MEC e do Inep demonstram que as ações afirmativas são fundamentais não apenas para reparar injustiças históricas, mas também para promover uma sociedade mais equitativa, formada por cidadãos comprometidos com o futuro do país.

 

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