A falta de insulina NPH tem preocupado diabéticos em todo mundo que dependem do medicamento que ajuda a controlar o nível de glicose no sangue, e sofrem com a falta dele. Ficar sem a aplicação de insulina pode pôr em risco a saúde e a vida de quem tem diabetes. A falta do medicamento também vem acontecendo em Nova Friburgo, segundo denúncias de pacientes.
Nesta terça-feira, 15, A VOZ DA SERRA fez uma pesquisa em algumas drogarias da cidade e constatou a falta da insulina NPH, de ação prolongada. As farmácias consultadas possuíam apenas a versão do medicamento em refil (para aplicação em canetas de insulina). A justificativa para a falta de insulina no mercado é que os fabricantes ainda não entregaram os pedidos solicitados.
O diabetes é uma das doenças crônicas com maior impacto no sistema de saúde e o número de casos tem aumentado significativamente no Brasil e no mundo. Dados da pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, indicam um aumento de 65% na taxa de adultos brasileiros com diabetes em 15 anos – em 2021, eram 9,1% nesse grupo, comparado a 5,5% em 2006.
O que é a insulina NPH
A insulina NPH (Protamina Neutra de Hagedorn) é um tipo de insulina humana utilizada no tratamento do diabetes. Ao contrário da insulina regular, a insulina NPH possui uma ação prolongada que demora entre quatro a dez horas para fazer efeito no organismo humano, durando até 18 horas. Muitas vezes, este tipo de insulina é usada juntamente com uma insulina de ação rápida, sendo que a de ação rápida ajuda a equilibrar os níveis de açúcar logo após uma refeição, enquanto a NPH controla os níveis de açúcar durante todo o restante do dia.
Insulina NPH (disponível no Sistema Único de Saúde - SUS): início de ação em duas a quatro horas, pico de ação após quatro a dez horas, duração do efeito terapêutico por 10 a 18 horas.
Insulina de ação rápida: Regular (disponível no SUS): início de ação em 30 minutos a uma hora, pico de ação após duas a três horas, duração do efeito terapêutico por cinco a oito horas.
Falta de insulina foi anunciada no ano passado
Em julho de 2023, o Conselho Federal de Farmácia divulgou um alerta sobre a possível falta de insulina no Brasil. O comunicado informou que a empresa responsável pela produção do medicamento avisou que a partir de julho haveria indisponibilidade das insulinas humanas Regular e NPH
na rede Farmácia Popular e nas farmácias em geral para o tratamento do diabetes.
Em um comunicado publicado em junho deste ano, a fabricante dinamarquesa Novo Nordisk alertou que a partir do mês seguinte haveria a indisponibilidade das insulinas humanas regular e NPH. No entanto, a empresa não especificou se a distribuição das versões em caneta dessas insulinas seria afetada e também não mencionou se o SUS sofrerá impacto.
Ainda conforme o comunicado da Novo Nordisk, a indisponibilidade no mercado afetará principalmente as versões Novolin R (insulina regular) e a Novolin® N (insulina NPH de ação prolongada), ambas em frascos. A empresa justificou ainda a medida citando mudanças em seu portfólio devido aos desafios globais na cadeia de suprimentos de medicamentos, que impactam diretamente o fornecimento de insulinas mundialmente. O laboratório orienta os pacientes afetados a buscarem "alternativas terapêuticas, conforme orientação médica".
Posicionamento de entidades
A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) manifestaram preocupação com o comunicado da indústria fabricante e informaram que estão participando de reuniões com órgãos e entidades envolvidas no processo e que continuarão em contato com as autoridades competentes para manter todos informados sobre quaisquer alterações.
Ministério da Saúde
"O Ministério da Saúde informa que atualmente disponibiliza a insulina análoga de ação rápida no âmbito do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica do SUS e que o fornecimento está regular em todo o país, assim como as insulinas de NPH e Regular.
As insulinas humanas NPH e Regular e agulhas para caneta de insulina fazem parte do Componente Básico da Assistência Farmacêutica e são adquiridos e distribuídos por este Ministério, cabendo aos estados, municípios e Distrito Federal a programação e a dispensação.
A pasta tem envidado esforços em manter seu compromisso de abastecer e entregar os quantitativos aprovados às Secretarias Estaduais de Saúde e Distrito Federal em sua integralidade. Esses medicamentos também são ofertados pelo Programa Farmácia Popular do Brasil (PFPB) que atua de forma complementar à assistência farmacêutica do SUS, ou seja, a maior parte dos usuários dessas insulinas são atendidos na Rede Pública de Saúde.
O Farmácia Popular atua por intermédio de uma parceria com as farmácias da rede privada que recebem um ressarcimento das dispensações que são efetuadas, com base nos valores de referência estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Vale ressaltar que esses estabelecimentos têm autonomia para definir os produtos em estoque de acordo com a demanda e negociação com os seus fornecedores."
*Reportagem da estagiária Laís Lima sob supervisão de Henrique Amorim
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