O Programa Municipal de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), Aids e Hepatites Virais de Nova Friburgo intensifica neste mês a Campanha Municipal de Prevenção à Sífilis e Sífilis Congênita. O objetivo da ação é discutir a situação da sífilis congênita no município, que representa um grande desafio para os profissionais de saúde devido ao aumento progressivo das taxas de transmissão vertical. Além disso, a ação chama atenção da população para a importância do diagnóstico e do tratamento da sífilis congênita nas gestantes, pois é a melhor forma de prevenir ou tratar a doença. É importante ressaltar, no entanto, que os exames para detectar essa IST podem ser realizados durante o ano inteiro nos postos de saúde.
Além disso, o Programa Municipal de ISTs, Aids e Hepatites Virais, em parceria com a Área Técnica de Educação Permanente, promoveu, na semana passada, uma capacitação profissional sobre sífilis congênita para todos os profissionais da Atenção Primária, Hospital Maternidade Mário Dutra de Castro, pediatras e pré-natalistas.
Por meio dos testes rápidos, o diagnóstico pode ser conhecido em menos de 30 minutos com apenas uma gota de sangue. O tratamento para a doença é baseado na penicilina G benzatina, disponível em todas as unidades de saúde do município. Não existe vacina para a sífilis, por isso é fundamental buscar o tratamento e, principalmente, seguir a principal medida preventiva: o uso do preservativo masculino e feminino.
O público-alvo da campanha é a população em geral, com ações específicas voltadas para grupos mais vulneráveis à infecção, como gestantes, parceiros e recém-nascidos. Isso porque gestantes com sífilis não tratadas podem transmitir a doença para seus bebês, que correm o risco de nascer com problemas de audição, visão e outras alterações graves no sistema nervoso central, a chamada sífilis congênita. Quando descoberta cedo, ainda nos primeiros meses da gestação, a Sífilis pode ser tratada, impedindo a transmissão à criança.
Em Nova Friburgo, de janeiro a agosto foram diagnosticados 35 casos de sífilis congênita. Por isso, é fundamental que o parceiro também se previna, participe do pré-natal, faça o teste e, em caso de resultado positivo, inicie o tratamento imediatamente. Só assim é possível evitar uma nova infecção e garantir a saúde do bebê.
Testagem rápida
Vale lembrar que todas os postos de saúde, além dos hospitais Raul Sertã e Maternidade, disponibilizam preservativos masculinos e femininos, além de material educativo para toda a população. Para incentivar o diagnóstico precoce da sífilis e do HIV no município, serão promovidas atividades educativas e distribuição de preservativos masculinos em todas as unidades de saúde, além da testagem rápida de HIV e sífilis nos seguintes locais e horários:
- Posto Sílvio Henrique Braune (Suspiro): terças e quintas-feiras, das 8h às 12h e das 13h às 16h;
- Hospital Maternidade: todos os dias, para gestantes, puérperas e parceiros, 24h por dia;
- Hospital Raul Sertã: atendimentos de urgência e para pacientes internados, 24h por dia;
- Laboratório da UFF: para pacientes do ambulatório de odontologia, alunos, professores, funcionários e comunidade, de segunda a quinta-feira, das 8h às 14h;
- Posto Ariosto Bento de Mello (Cordoeira): por agendamento;
- Posto Waldir Costa (Conselheiro Paulino): segundas-feira, das 13h às 16h;
- Posto Tunney Kassuga (Olaria): quintas-feiras, das 8h às 16h;
- Ambulatório Bento XVI (Colégio N.S. das Dores): apenas distribuição de auto-testes de HIV) - de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h;
- Centro LGBTQIA+ (apenas distribuição de auto-testes de HIV): segunda a sexta-feira, das 9h às 16h.
Para a realização dos testes rápidos de HIV e sífilis, não é necessário estar em jejum ou possuir solicitação médica. Basta levar um documento original com foto e o cartão do SUS.
O que é a Sífilis
A sífilis é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida por relação sexual com uma pessoa infectada, conhecida como sífilis adquirida, ou ainda transmitida para crianças durante a gestação ou parto, chamada de sífilis congênita.
A sífilis é uma infecção bacteriana transmitida sexualmente, prevenível e curável. Os casos aumentaram em mais de 1 milhão em 2022, atingindo um total de oito milhões no mundo. As Américas enfrentam atualmente a maior incidência mundial, com 3,37 milhões de casos (ou 6,5 casos por 1.000 pessoas), representando 42% de todos os novos casos.
O aumento das infecções por sífilis pode ser atribuído a vários fatores, como a falta de conscientização sobre a doença, disparidades no acesso aos serviços de saúde, no diagnóstico e no tratamento, e o persistente estigma em torno das doenças sexualmente transmissíveis, que pode desencorajar as pessoas a buscar assistência médica.
Se não for tratada, a sífilis pode causar graves problemas de saúde, como doenças cerebrais e cardiovasculares. Muitas pessoas com sífilis não apresentam sintomas ou não os percebem. Testes rápidos de detecção permitem o início oportuno do tratamento. O uso correto e consistente do preservativo durante as relações sexuais pode prevenir a sífilis.
A sífilis também pode ser transmitida durante a gravidez, levando a complicações graves como aborto espontâneo, morte fetal, parto prematuro, baixo peso ao nascer, anomalias congênitas, lesões em órgãos como fígado, baço e ossos, além de danos neurológicos.
O relatório publicado neste ano pela OMS também destaca um aumento nos casos entre mulheres grávidas. Na América do Sul, o percentual de gestantes com sífilis aumentou 28% nos últimos dois anos. Essa tendência resultou em um aumento da sífilis congênita, que alcançou uma estimativa de 4,98 casos por 1.000 nascidos vivos em 2022, superando significativamente a meta da OMS de 0,5 casos por 1.000 nascidos vivos. Estima-se que, em 2022, 68 mil bebês nasceram com sífilis na região.
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