Leitura, uma questão de direito

O ato de ler promove ligações no cérebro que permitem desenvolver o raciocínio
sexta-feira, 11 de outubro de 2024
por Ana Borges
(Foto: Freepik)
(Foto: Freepik)
Neste sábado, 12 de outubro, comemoramos o Dia Nacional da Leitura, data criada em 2009, por projeto de lei do então senador Cristovam Buarque. A ocasião tem como objetivo “estimular a convivência da sociedade com a produção literária do país” e difundir o prazer da leitura para pessoas de todas as idades. Seja para estudar, informar-se ou, simplesmente, entreter-se.

Chega-se a ser grande por aquilo que se lê e não por aquilo que se escreve
Leitura é a ação de ler algo, é o hábito de ler. A palavra deriva do latim "lectura", originalmente com o significado de "eleição, escolha, leitura". Também se refere a obra ou o texto que se lê. Por fim, a leitura é a forma como se interpreta um conjunto de informações (presentes em um livro, uma notícia de jornal etc.) ou um determinado acontecimento. Portanto, é uma interpretação pessoal.

Tanto a leitura quanto a escrita são práticas sociais de suma importância para o desenvolvimento da cognição humana. Ambas proporcionam o desenvolvimento do intelecto e da imaginação, além de promoverem a aquisição de conhecimentos. 

Dessa maneira, quando lemos ocorrem diversas ligações no cérebro que nos permitem desenvolver o raciocínio. Além disso, com essa atividade aguçamos nosso senso crítico por meio da capacidade de interpretação. Nesse sentido, vale lembrar que a “interpretação” dos textos é uma das chaves essenciais da leitura. Afinal, não basta ler ou decodificar os códigos linguísticos, faz-se necessário compreender e interpretar essa leitura.

Chaves que abrem mentes

A leitura proporciona desenvolvimento da imaginação, da criatividade, da comunicação, bem como o aumento do vocabulário, conhecimentos gerais e senso crítico. Além desses benefícios, com a leitura exercitamos nosso cérebro, o que facilita a interpretação de textos e leva a maior competência (habilidade) na escrita.

Ao ler o indivíduo enriquece seu repertório, ampliando e expandindo seus horizontes cognitivos. Além disso, estudos apontam que o ato de ler é prazeroso na medida em que reduz o estresse ao mesmo tempo que estimula reflexões.

Por esse motivo, deve ser incentivada desde a educação primária. Estimular os pequenos em casa e criar hábitos são chaves importantes para tornar a relação com livros algo natural. Uma boa prática é levá-los às bibliotecas, livrarias ou contar histórias para eles. Em tempo: a palavra “leitura” (lectura, em latim), significa eleição, escolha.

A evolução da leitura

Com a invenção da imprensa (tipografia), em 1455, pelo alemão Johannes Gutenberg (1398-1468), o gosto pela leitura (anteriormente divulgado em manuscritos), expandiu-se rapidamente. Junto a isso, proporcionou maior difusão e produção de conhecimento no mundo.

A globalização e a aceleração das transformações na comunicação através das plataformas digitais (televisores, computadores, celulares, etc) alterou o saudável hábito de consumir livros, relegando a leitura a um lugar cada vez mais secundário. Todavia, de qualquer maneira, a importância da leitura no mundo, a expansão tecnológica proporcionou outras formas de leitura como, por exemplo, os e-books.

A leitura no Brasil

Segundo a pesquisa Retratos da Leitura divulgada em 2020, a média brasileira sobre o hábito de ler era de 2.6 livros por ano — um resultado que mostra o Brasil como uma nação que não lê, conhecida por seus não leitores. Esse dado nos deixa numa das posições mais baixas em relação a outros países da América Latina. Na Argentina, por exemplo, a média anual é de 12 livros por habitante.

Essa realidade torna-se mais evidente quando pensamos no problema do “analfabetismo funcional”. Ou seja, o conhecimento do código linguístico unida à limitada capacidade de interpretar os textos. Esse é um dos principais problemas da educação no país. E as estatísticas confirmam e assustam.

Han Kang, a sul-coreana vencedora do Nobel de Literatura 2024

Nesta quinta-feira, 10, a escritora sul-coreana Han Kang, de 54 anos, foi contemplada com o Prêmio Nobel de Literatura 2024, a primeira autora do país a alcançar o feito. Sua literatura perpassa a condição humana pelo luto, resiliência, violência e expectativas dos outros sobre a existência — tudo isso lançando mão de uma escrita crua e objetiva.

Autora de uma extensa obra ainda não traduzida para o português, dos três livros já traduzidos no Brasil, o mais famoso é “A Vegetariana”, de 2007. A carreira de Kang teve início em 1993, na poesia, estreando na prosa dois anos depois com um livro de contos. Nascida em 1970, é filha do romancista Han Seung-won. Sobre seus livros disponíveis no país: 

“A vegetariana”

“A Vegetariana” é uma metáfora para deixar de ser aquilo que os outros esperam que você seja. Uma mulher comum para de comer carne e, a partir desta decisão, deixa de ser aquilo que o marido e a família a pressionaram para que fosse a vida inteira. Enquanto a personagem se descobre pela primeira vez por ela mesma, o mundo também muda ao seu redor, como se estivesse contagiado pela sua ação de existir apenas por si. 

“O livro branco”

“O livro branco” é uma história sobre o luto e a resiliência dos seres humanos. Considerada uma das obras mais pessoais da autora, a narradora é repentinamente tomada pela lembrança de sua irmã, que morreu recém-nascida nos braços da mãe. O título vem da cor que ela vê nestas memórias: o branco. 

Cada capítulo é nomeado por algo branco, cor que para algumas culturas simboliza o luto. É preciso certa sensibilidade para adentrar as páginas desta obra que não busca entregar respostas, apenas ser um processo de passagem de uma emoção à outra. O propósito central da autora, de acordo com a sinopse, era processar o luto, e apenas isso. 

“Atos humanos”

“Atos humanos” é um livro inspirado em acontecimentos reais que ocorreram na Coreia do Sul. Em maio de 1980, na cidade sul-coreana Gwangju, local de nascimento da autora, o exército reprimiu um levante estudantil, causando milhares de mortes. O evento, de trágicas consequências, foi transformado nesta ficção que é poética, violenta e repleta de humanidade, na qual Han Kang constrói um mosaico de vozes e pontos de vista daqueles que foram afetados. O título dá o teor central da obra: até as atrocidades são atos humanos. 

Eles disseram que…
  • “A leitura após certa idade distrai excessivamente o espírito humano das suas reflexões criadoras. Todo o homem que lê demais e usa o cérebro de menos adquire a preguiça de pensar.” (Albert Einstein)
  • “Chega-se a ser grande por aquilo que se lê e não por aquilo que se escreve.” (Jorge Luís Borges)
  • A leitura é uma necessidade biológica da espécie. Nenhuma tela e nenhuma tecnologia conseguirão suprimir a necessidade de leitura tradicional.” (Umberto Eco)
  • Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros. Sem livros, sem leitura, os nossos filhos serão incapazes de escrever — inclusive a sua própria história.” (Bill Gates)

(Fontes: www.todamateria.com.br/ guiadoestudante.abril.com.br/)

 

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