A crise de Gaza

Max Wolosker

Max Wolosker

Economia, saúde, política, turismo, cultura, futebol. Essa é a miscelânea da coluna semanal de Max Wolosker, médico e jornalista, sobre tudo e sobre todos, doa a quem doer.

terça-feira, 05 de março de 2024

Da mesma maneira que é muito difícil escrever sobre futebol, sem deixar transparecer o lado torcedor, é complicado discutir a crise de Gaza com a isenção que ela requer. Lê-se muita besteira no Facebook e nas redes sociais, principalmente aquelas que tentam comparar Israel a Hitler; ou outras que culpam Israel por usar uma força desproporcional. Tem ainda aqueles que publicam fotografias de crianças feridas, ou mesmo mutiladas, sempre palestinas, jamais judias. A verdade é que esse tipo de postura não ajuda nem ajudará a resolver a questão.

Eu sou de família judia, que sofreu as atrocidades que foram impostas pelos nazistas ao povo judeu. Visitei o campo de concentração de Belzec, na Polônia, onde toda a família Wolosker (eram 60 pessoas entre adultos e crianças) foi assassinada; visitei também o campo de concentração de Dachau, próximo a Munique, na Alemanha, onde existe um museu que faz até os mais empedernidos chorarem, tamanha é a bestialidade exposta. Portanto, a minha visão do que acontece em Gaza, não é de todo isenta.

A minha visão é semelhante ao de uma mãe que se transforma em super-homem, na defesa de um filho ameaçado. Se recuarmos no tempo, veremos que a história do povo judeu está sempre ligada a escravidão, discriminação, perseguição e morte. Em 29 de novembro de 1947, a ONU tomou uma decisão histórica, quando aprovou a partilha da Palestina, o que gerou alguns meses mais tarde a criação do Estado de Israel; foram 37 votos a favor, 12 contrários e nenhuma abstenção. Não houve unanimidade, pois como já dizia Nélson Rodrigues, toda unanimidade é burra e o presidente dessa assembleia era o brasileiro Oswaldo Aranha hoje, provavelmente, reverenciado pelos judeus e execrado pelos árabes.

Com a criação de Israel, o povo judeu, nômade, errante e apátrida desde os tempos do antigo testamento, finalmente encontrava uma pátria, sonho perseguido ao longo dos séculos. Será que de sã consciência existe alguém que critique os judeus pela defesa, com unhas e dentes, da terra que lhes foi finalmente entregue, para que pudessem criar seu país? Negar-lhes, de novo, a felicidade de terem uma bandeira e cantarem seu hino nacional?  Pois bem, para aqueles que não conhecem a história, a primeira guerra árabe israelense data de 15 de maio de 1948, seis meses após a votação da ONU, pois os árabes jamais aceitaram essa resolução. Nesse dia, topas libanesassírias, iraquianas, egípcias e transjordanianas, apoiadas por voluntários líbios, sauditas e iemenitas, começaram a invasão do recém proclamado estado judeu. O resultado do conflito já era de se esperar, com o armistício sendo assinado em 24 de fevereiro de 1949. Nesse conflito, morreram 6.500 judeus e cerca de 15 mil árabes. Portanto, desde o início sempre morreram mais árabes que judeus, porque estes últimos defendem sua existência e os primeiros são movidos por questões religiosas ou étnicas.

Sem condições materiais (o exército israelense é infinitamente mais equipado do que seu oponente) e de inteligência (o preparo para a guerra, não o QI) resta aos árabes o subterfúgio de tentar jogar a comunidade internacional contra os israelitas. E como toda propaganda enganosa, o marketing negativo é capaz de fazer a cabeça dos menos esclarecidos sobre o porquê dessa desavença. Daí o besteirol de se comparar Israel a Hitler, difundir a imagem de judeus sanguinários trucidando criancinhas e outras sandices. Mas o fato de palestinos estocando armas em hospitais, transformando escolas em fortalezas, usando seres humanos como escudos, construindo túneis para atacar Israel, isso não é divulgado. 

Lembremos finalmente, que a Palestina era uma possessão britânica e que foi a Inglaterra quem dividiu essa mesma Palestina entre árabes e judeus; aliás, foi dessa divisão que surgiu Israel. Portanto, os árabes estão querendo tomar satisfações com o país errado. Têm de voltar sua ira contra os ingleses, não contra os judeus.

No dia em que os países árabes aceitarem o estado judeu a paz, finalmente, poderá ser uma realidade. Mas sem essa guerra fratricida, como é que os países que ganham dinheiro fabricando e vendendo armas vão sobreviver?

Pois é, resgatei esse artigo que encontrei nos meus arquivos de matérias escritas para A VOZ DA SERRA. A diferença é que o governo em 2014, apesar de ser do PT, era exercido por Dilma Rousseff. Ou seja, a mentalidade esquerdista era a mesma e o antissemitismo, dez anos mais novo, era e continua sendo mundial. Tanto que como hoje, a imprensa naquela época, jamais publicou fotos de crianças judias feridas, mutiladas ou mortas, mostrando que nesse conflito, como no anterior, só morrem palestinos. Lembremos ainda que o Hamas é um grupo terrorista, que nunca se incomodou com o povo palestino, tanto que subsolos de hospitais, escolas e prédios públicos eram na verdade bunkers de guerrilheiros. No ano de 2024 serviram, também, para esconder reféns do ataque que iniciou o atual conflito, onde cerca de 1.400 judeus foram torturados, estuprados e mortos, além de mais de 200 pessoas sequestradas.

Portanto, Israel está usando seu direito de lutar pela própria sobrevivência, pois a intenção do Hamas e de outros grupelhos de terroristas árabes é aniquilar o estado judaico. Nunca devemos nos esquecer que a grande maioria dos palestinos da faixa de Gaza, sobrevivem às custas dos empregos conseguidos no território israelita. Ou já teriam morrido de fome. Se nos dermos ao luxo de estudar a história da humanidade, veremos que o povo judeu foi perseguido desde sua existência e, com a criação do estado de Israel em 1948, teve direito a um solo para amar. Abrir mão desse solo sagrado, jamais.

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