Aleitamento materno: mais que alimentação é proteção

Aumenta o número de mães que optam pela amamentação exclusiva até os seis meses de vida do bebê
sexta-feira, 21 de julho de 2023
por Christiane Coelho (Especial para A VOZ DA SERRA)
(Foto: Pexels)
(Foto: Pexels)

Um estudo do Ministério da Saúde apontou que mais da metade (53%) das crianças brasileiras continua sendo amamentada no primeiro ano de vida, e mais de 45% das menores de seis meses recebem leite materno. Já entre as menores de quatro meses o índice é de 60%. Foram avaliadas 14.505 crianças menores de 5 anos entre fevereiro de 2019 e março de 2020.

Ao comparar os dados desse estudo com inquéritos nacionais anteriores, com base em indicadores de amamentação propostos pela Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os indicadores melhoraram no Brasil. O dado anterior de 2006 da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), em comparação com o de 2020, aponta para o aumento de 15 vezes na prevalência de aleitamento materno exclusivo entre as crianças menores de 4 meses, e de 8,6 vezes entre crianças menores de 6 meses.

Recomendado até os dois anos ou mais e exclusivamente até os seis meses de idade, o leite materno é um alimento completo, pois contém todos os nutrientes e proteínas necessários para o crescimento e desenvolvimento nesta fase. Além disso, possui substâncias de defesa que não são encontradas em nenhum outro leite e protegem o organismo da criança.

"O leite humano não é apenas um alimento e sim uma verdadeira vacina contra muitos patógenos dos quais a mãe já entrou em contato e passará sua imunidade para o bebê. O leite humano pode, sem exagero, ser comparado ao ouro", afirmou Márcia Machado Lontra Ruiz, responsável médica pelo Banco de Leite do Hospital Maternidade Dr. Mario Dutra de Castro, em Nova Friburgo.

Superando as dificuldades de amamentar

A gerente de Marketing, Ludmila Miranda, sonhou durante toda a gravidez em amamentar a pequena Madalena. Mas teve muita dificuldade no início. “Eu sabia que tinha algo errado porque mesmo seguindo todas as orientações e a pega correta, o meu peito lacerou logo na primeira mamada e continuou assim por dois meses”, relatou.

Nesse momento a rede de apoio e a busca por ajuda profissional fazem toda a diferença. “Procurei uma fonoaudióloga, pois Madalena nasceu com a língua presa e era isso que atrapalhava na amamentação. O meu peito só melhorou depois dela fazer o tratamento com a profissional, que durou até ela completar dois meses. Eu superei as dificuldades tendo em mente que era uma dor passageira e que os benefícios para ela seriam maiores do que aquilo que eu estava passando no momento”, disse Ludmila.

A mãe de primeira viagem se sentiu aliviada, pois, mesmo com o problema, a pequena, que agora está com cinco meses, ganhou peso normalmente e não precisou de suplementação nem mamadeira. “Madalena seguirá na amamentação exclusiva até os 6 meses e eu pretendo amamentar até os 2 anos ou até quando for possível”, revelou Ludmila.

Suporte à amamentação

Muitas pessoas não sabem, mas o Banco de Leite da Maternidade Mário Dutra de Castro, em Nova Friburgo também, dá o suporte e orientações às mães que passam por dificuldades para a adesão à amamentação.

Além disso, o Banco de Leite também recebe doações de leite humano, pasteuriza e congela em porções, que são oferecidas aos bebês recém nascidos que necessitam do alimento, tanto na rede pública quanto na privada, cujas mães não conseguem amamentar ou produzir o leite.

Uma das mães que já doaram o leite materno ao Banco de Leite é a jornalista Raquel Aguiar. “Em uma consulta com a pediatra do meu filho comentei com ela que tinha que tirar leite antes de amamentar e acabava descartando, pois produzia em maior quantidade que a demanda dele. Ela me estimulou a sair da consulta e me inscrever para doação. Assim fiz e já saí de lá com os potinhos e orientações para coleta. As profissionais iam toda semana na minha casa para recolher. Pena que não pude doar muito tempo, por que, logo em seguida comecei a trabalhar e o leite que eu retirava não era suficiente para doar e deixar para meu filho, mas a sensação é fantástica. Saber que está contribuindo para que outros bebês tenham saúde, possam se desenvolver. Pude perceber no banco de leite que cada gotinha é importante. Assim como eu antes de doar, algumas mães acham que um pouquinho de leite não faz diferença, mas para a vida desses bebês, cada gotinha é indispensável”, relatou Raquel.

A empresária Fernanda Oliveira também teve a experiência de ser doadora do Banco de Leite. “Quando meu filho nasceu, ele tinha preguiça de pegar no seio para mamar. Eu procurei o Banco de Leite para ter orientações e suporte para que ele pegasse na mama. Fui muito bem acompanhada, muito orientada. Tentamos fazer por sonda, por copinho, mas realmente não foi possível a pega. Mas eu não desisti de alimentar meu filho com leite materno, até porque eu produzia muito. Então, eu tirava o leite para o meu filho e também para doar. Embora meu filho nunca tenha pegado no meu peito, ele mamou leite materno até os oito meses, mesmo período em que fui doadora no Banco de Leite”, relatou ela, que se emocionava ao saber que também contribuía para a saúde e recuperação dos prematuros. A experiencia da gente saber que bebês que precisavam recebiam um leite forte e que os ajudaria a ter saúde é indescritível”, disse. 

Benefícios do aleitamento materno

Baseada em publicações de artigos científicos, a Sociedade Brasileira de Pediatria listou 25 razões para amamentar, uma para cada dia do mês de agosto, o Mês Dourado, de incentivo ao Aleitamento Materno

1. A amamentação diminui a mortalidade de crianças. 

2. Protege contra mortes infantis causadas por doenças infecciosas.

3. Diminui o risco da Síndrome da Morte Súbita do Lactente.

4. Previne mais da metade dos episódios de diarreia.

5. Evita episódios de diarreia, como também diminui a gravidade da doença.

6. Previne um terço das infecções respiratórias nos dois primeiros anos de vida.

7. Crianças amamentadas têm menos internações por infecção respiratória baixa nos primeiros dois anos de vida.

8. Protege contra a hospitalização por bronquiolite.

9. Protege contra otite média aguda nos primeiros dois anos de vida.

10. Protege contra rinite alérgica nos primeiros cinco anos de vida.

11. Protege contra eczema.

12. Protege contra enterocolite necrosante

13. Protege contra leucemia na infância.

14. O aleitamento materno está associado com melhor desempenho nos testes de inteligência em crianças e adolescentes.

15. A criança amamentada é mais estimulada.

16. O aleitamento materno está associado com maior escolaridade.

17. A amamentação reduz maloclusões na dentição descídua.

18. O aleitamento tem efeito positivo na qualidade da mastigação de pré-escolares.

19. Protege contra sobrepeso/obesidade.

20. Crianças amamentadas têm risco diminuído de diabetes tipo 2.

21. Previne o câncer de mama. 

22. A amamentação aumenta a sobrevida em mulheres com câncer de mama. 

23. As mulheres que amamentam têm menor risco de câncer de ovário.

24. Protege contra o carcinoma de endométrio.

25. A amamentação está associada com menor risco de diabetes tipo 2 na mulher.

(Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria)

 

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