Com mais de 620 mortes por coronavírus nos últimos 15 meses, Nova Friburgo tem, proporcionalmente à sua população, mais de um terço de óbitos por Covid-19 em relação ao Brasil. A constatação é do presidente do Sindicato dos Médicos do Centro-Norte Fluminense, Renato Abi-Ramia, que divulgou dura nota sobre o assunto na última quarta-feira, 2.
“Estamos passando por um momento crítico da pandemia em Friburgo. O país, atualmente, só perde para os EUA em número de óbitos, sendo que, em relação à população, estamos em primeiro lugar, o que é profundamente lamentável. Se transferirmos os dados nacionais para aqui, teremos cerca de um terço a mais de perdas de vida, fato concreto, muito triste e inaceitável, que precisa ser divulgado, investigado e rapidamente corrigido”, afirmou Abi-Ramia.
O médico, que já foi candidato a prefeito nas eleições de 2016, criticou o atual governo municipal, que acusou de “inerte, incompetente e leniente” diante do quadro atual, com “atos confusos, improvisados, sem respaldo e decisões primárias”. Ele citou o rodízio de CNPJs, o que, segundo ele, só fez aumentar a concentração de pessoas nas ruas e ajudou a espalhar a infecção.
“A Secretaria de Saúde tem na sua cúpula pessoas totalmente despreparadas, inexperientes, arrogantes e insensíveis. Na realidade, não apresentaram nenhum planejamento estratégico exequível e calcado em evidências disponíveis. Não foi implementado o básico, ou seja, treinamento prévio das equipes atuantes na ponta, fator crucial e insubstituível”, criticou.
Abi-Ramia também condenou as prescrições de antivirais, antibióticos, corticoides, anticoagulantes e vitaminas nos casos leves, na fase viral, além de outras medicações que considera inadequadas e ineficazes, trazendo gastos desnecessários aos usuários.
O que diz a prefeitura
A VOZ DA SERRA aguarda um posicionamento da prefeitura a respeito das críticas de Abi-Ramia.
A nota de Abi-Ramia foi divulgada dois dias após a exoneração, a pedido, de Fabíola Braz Penna do cargo de subsecretária municipal de Vigilância em Saúde, que ela ocupava há oito anos. Uma das mais experientes e respeitadas autoridades em saúde pública de Nova Friburgo, a enfermeira esteve no comando de todas as campanhas de imunização e combate a doenças epidêmicas na cidade, a mais recente delas a Covid-19. A Secretaria Municipal de Saúde alegou oficialmente “motivos pessoais” para a saída de Fabíola, que é servidora concursada e continuará na prefeitura.
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