Uma difícil retomada, por Valéria Lattanzi:
"Todo mundo está se reinventando nesta pandemia, os únicos que passam a largo dessa transformação são os políticos. Todos nós, nesses últimos quatro meses, atendemos aos pedidos dos governos, da imprensa, dos especialistas e fechamos nossas empresas, suspendemos nossas equipes e ficamos em casa. Os que são empresários, literalmente se reinventaram. Colocaram suas equipes em home office, aprenderam na marra a fazer delivery, descobriram como continuar com suas indústrias e como fazer seus produtos chegarem a quem precisa no meio dessa loucura. No meio do medo, da angústia e da incerteza. Demos um jeito de continuar.
Os que são funcionários, montaram seus escritórios em casa e descobriram como continuar a ser eficientes apesar das crianças, apesar das tarefas domésticas, apesar do improviso no ambiente de trabalho. Os que trabalham em serviços essenciais, enfrentam o transporte público, se expoem e voltam para a casa com o medo da contaminação mas com o agradecimento de ainda ter emprego e renda. Os profissionais de saúde, adoeceram, se curaram e continuam com a cara e coragem a enfrentar todos os dias um vírus que ninguém sabe ainda o que é. Os autônomos enfrentam a fila do auxílio emergencial esperando o dia que poderão ter orgulho de voltar a fazer as atividades de antes. Os artistas inventaram as lives e tentam se virar para manter alguma dignidade. Alguns não tiveram nem chance de tentar algo novo. Perderam a vida nessa batalha injusta.
Todos nós nos reinventamos na expectativa de que caberia aos políticos preparar os hospitais, abrir novos leitos e atender aos que adoecem e adoecerão enquanto não houver vacina. Era só isso que cabia a eles. Abrir novos leitos em hospitais. Nada mais. Só isso. Quatro meses depois, somos todos diferentes. Menos os políticos. Infelizmente, eles continuam iguais."
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