Dirceu Badini lança livro com mais de 180 crônicas e contos

Médico sorteará, através de A VOZ DA SERRA, dez exemplares de “Réquiem para um beija-flor”
terça-feira, 07 de abril de 2020
por Ana Borges (ana.borges@avozdaserra.com.br)
Dirceu e seu livro (Foto: Henrique Pinheiro)
Dirceu e seu livro (Foto: Henrique Pinheiro)

“Quando A VOZ DA SERRA NASCEU eu tinha entre oito e nove anos. Capiauzinho tímido e ainda analfabeto lá do Córrego dos Índios não imaginava que hoje estaria aqui escrevendo coisinhas fúteis de uma época cuja memória morreria junto com a minha geração. Graças ao jornal A VOZ DA SERRA, através do Laercio (Ventura), eu dei uma tapeada na sorte: não desaparecer no dia da minha morte. Ficarei não eternamente, mas a memória renascerá daqui a mais tantos anos no momento em que algum outro Jaccoud pesquise os anais e se espante ou se maravilhe de como era a “vida” daquele tempo. 

Neste porto seguro de A VOZ DA SERRA até aquele humilde e despretensioso capiau encontrou abrigo num cantinho sombreado nestas páginas pelos grandes vultos de escribas sagrados e consagrados. Nunca serei um deles, mas toda a timidez foi-se em troca de um egoísmo explícito, entendo, mas eu ainda sou um humano: quero continuar vivo! Por isso, VIVA A VOZ DA SERRA! Assim, nós, colunistas, funcionários e todos aqueles que têm ou tiveram alguma relação com este jornal estaremos vivos lá no futuro também”.

Este é o prefácio que o médico oftalmologista aposentado e ex-cronista do jornal, Dirceu Badini Martins, 84 anos, escreveu para apresentar seu livro de estreia, lançado em janeiro deste ano: “Réquiem para um beija-flor”. Uma obra com cerca de 180 crônicas e contos - escritos originalmente para o jornal -, distribuídos em mais de 600 páginas e ilustrada com fotos de sua família. O autor disponibilizou dez exemplares para sorteio, através de A VOZ DA SERRA. Os livros serão sorteados entre os assinantes assim que pandemia passar.

A ideia de reunir seus textos foi da irmã caçula do escritor, Mirtes Marília, radicada em São Paulo, onde o livro foi elaborado e impresso. Através dele o autor presta uma homenagem ao jornal, que neste 7 de abril de 2020 completa 75 anos. Nesta entrevista exclusiva o cronista conta como começou essa história e fez um balanço de sua vida, já retratada no “Réquiem…”.

“Bem, um dia a minha irmã Mirtes pediu que eu lhe enviasse um pen drive com as crônicas que eu tinha escrito para o jornal. Mandei, achando que ela queria reler, guardar, qualquer coisa do tipo. Mas, ela queria era me fazer uma surpresa e eu nem desconfiava de nada, até porque nunca tive a pretensão de publicar um livro. Só que ela tinha essa pretensão e foi o que fez”, diz com um largo sorriso, sem disfarçar certo orgulho.

Estão lá pedaços de sua infância na fazenda da família e recordações de todo tipo: dos pais, dos irmãos, tios, primos, colegas, professores. Histórias da juventude, do casamento, dos filhos, netos. Seu estilo é coloquial, a linguagem é agradável. Comove a forma como se refere a tudo e a todos que passaram por sua vida e sobre os que estão ao seu lado no presente momento. Confidencia a esta repórter que anda emotivo. Não surpreende, afinal, nunca é fácil abrir baús. Gentileza em pessoa, dona Isa acompanha a conversa e vez em quando acrescenta uma coisa aqui, outra ali. 
 

A obra certa para um tempo incerto

Com bom humor ele diz, sem falsa modéstia, que não tem certeza se é um bom escritor. Mas seu amigo Laercio Ventura, ciente de sua dedicação às letras e conhecimento técnico de sua especialidade o convidou para escrever no jornal. Mesmo sem ter certeza se daria conta do recado, aceitou o desafio, aliás, como sempre em sua vida. Alguns anos depois, com a experiência adquirida e então seguro de que podia enveredar por outro gênero, sugeriu ao Laercio mudar de assunto. Queria contar histórias. Quem não leu na época agora tem a oportunidade de conferir o resultado dessa coletânea que é um deleite nesses tempos de confinamento e isolamento.

Há histórias para todos os gostos e idades, desde crianças a idosos, para toda a família, portanto. Justo agora é uma sugestão de leitura perfeita. Fala de roça, bichos, travessuras, afeto, descobertas. Tem personagens engraçados, loucos, divertidos. Tem de tudo. Passagens comoventes também, principalmente quando envolvem sua família, como a companheira de toda a vida, dona Isa, os filhos, a filha Mércia, mãe de dois de seus quatro netos - Alice e Dudu - mais Gustavo e Clarinha.

Aqui, um pequeno trecho do conto inspirado pela pergunta de Alice: Você me ama, vovô? “Para ela eu somente disse ‘sim e muito’. Para mim, agarrei-a num comedido e apertado abraço, encostei meu rosto ao dela e chorei baixinho. Chorei muito! Nunca imaginei ter de responder a uma pergunta como aquela para um ser tão precoce. Será que eu a convenci? … Minha neta e o Dudu, são tudo de mais valiosos para mim… mas perguntar-me se os amo? Foi emoção demais para um avô com mais de 70 anos...”. 

Sobre o autor    

Dirceu Badini Martins nasceu em São Sebastião do Alto, em 1935. Formado em medicina pela Faculdade Nacional de Medicina/Universidade do Brasil, em 1966, e pós-graduado em oftalmologia, exerceu a profissão durante 40 anos em Nova Friburgo. Foi professor convidado da cadeira de Clínica Oftalmológica no curso de pós-graduação da Faculdade de Medicina de Teresópolis, por 15 anos. Em 2007 tornou-se membro efetivo da Academia Friburguense de Letras. Também foi membro correspondente da Academia Cachoeirense de Letras, de Cachoeiro de Itapemirim-ES. Um de seus contos - Zé do Pedro - foi publicado em livro lançado pela Universidade Federal de São João del Rei-MG, e uma crônica em livro editado pela Prefeitura de Piracicaba-SP.   

 

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