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Elizabeth Souza Cruz

Elizabeth Souza Cruz

Surpresas de Viagem

A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

terça-feira, 31 de outubro de 2023

            Mais uma data que há muito caiu no gosto do brasileiro – 31 de outubro, Dia do Halloween ou Dia das Bruxas. A data ainda nos remete ao Dia do Saci-Pererê, o personagem folclórico de Monteiro Lobato. A facilidade de o nosso país cultuar o estrangeirismo deu ao Halloween uma importância sobrenatural, incentivando lojas a decorarem suas vitrines com artigos do gênero, muitas vezes, assustadores. Contudo,  o Caderno Z, para difundir a nossa cultura, vem com o tema, porém, dando ênfase ao negrinho de uma perna só, que fuma cachimbo e usa gorro vermelho,

            Na verdade, Monteiro Lobato foi o gênio que prendeu dentro de toda a sua literatura, os mais intrigantes personagens. Nascido em Taubaté-SP, Lobato cresceu numa fazenda onde ouvia histórias que os trabalhadores contavam sobre o Saci, a Mula sem Cabeça, o Curupira e a simpática Cuca. Quantas gerações se educaram em meio  aos mitos? Quem nunca ouviu a cantiga de ninar, “Nana neném que a Cuca vem pegar”?

Mas foi no Sítio do Pica-Pau Amarelo que a cuca conquistou fama e muitos fãs, apesar de ser usada para amedrontar criancinhas, sendo uma rival do antigo bicho papão. Ainda se ouve muitas mães gritando com as crianças que gostam de correr: “Volta que o bicho papão vai te pegar!”. Que recurso baixo de educação pelo medo! Um dia presenciei uma cena hilária: a mãe gritou para a criança voltar e o menino, de uns três aninhos, respondeu: “Se você não ‘cole’ o bicho pega você também. Achei graça e segurei a criança que já estava prestes a atravessar a rua.

            Wanderson Nogueira, menino esperto, que não foi criado na educação do medo,  é de seu feitio e preferência ficar ao lado das bruxas: “Por que saíam voando, por aí, em um cabo de vassoura? Não. Porque eram curandeiras, faziam remédios, serviam às suas comunidades, quebravam o padrão machista ou mesmo religioso, impunham suas vozes. Porque eram questionadoras, diferentes, revolucionárias. Porque estavam conectadas com as forças da natureza e tinham profundo respeito pelo planeta...” Esse é o tipo de bruxaria que norteia o “Palavreando”, que já basta até para os não entendedores!

            Com as bruxas soltas, vamos até o passado, quando Ismael Palmeira, então funcionário da Fábrica Haga, esteve na mira para ser o “Operário Padrão do Brasil”, da edição de 1973. A notícia está em “Há 50 Anos” e isso nos faz lembrar de como era importante ter um funcionário eficiente e antigo em uma empresa. A voz da experiência era a aplaudida e respeitada. Hoje, os padrões mudaram e os patrões também.

            O Cão Sentado, na charge de Silvério, não anda nada otimista com a situação do clima em Nova Friburgo. Cautela e guarda-chuva são as orientações. 29 de outubro, Dia Nacional do Livro. Ana Borges nos trouxe uma reportagem sobre um artigo que não sai de moda: o livro. Com a fundação da Imprensa Régia por D. João VI, em 1808, a primeira obra impressa foi “Marília de Dirceu”, de Tomás António Gonzaga. Fernanda, minha caçula, aos 8 anos de idade, ao sairmos da casa de uns amigos, comentou: “Mãe, que casa esquisita! - Esquisita, como assim?  - Ué,  não vi um livro naquela casa!”

            Christiane Coelho entrevistou Melissa Zissu Issachar nascida em Israel, mas criada em Nova Friburgo. Cursou Engenharia Elétrica, na Uerj, no Rio. Conheceu  Gil Issachar, também israelense, quando ele estava de férias no Rio. Em 2007, Melissa se mudou para Israel e o casal tem três filhos. Num clima de emoção, a entrevista nos passou os impactos da guerra, em relatos fora dos holofotes da mídia. Difícil condensar, mas destaco que vir com os filhos, deixando lá o marido que pertence ao Exército, foi a mais dura decisão de sua vida. As suas preocupações com os percalços da brusca viagem. O medo de seu menino de 3 anos de deixar seu bichinho de pelúcia em casa: - “E se tocar a sirene, como ele vai entrar sozinho no quarto protegido?” É de partir o coração da gente. Dos mais simples desapegos aos maiores, a guerra provoca medos e  todos são da mesma intensidade. “E se tocar a sirene?” Impossível não se comover!

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A jornalista-poeta-escritora-trovadora-caçadora de cometas Elisabeth Sousa Cruz divide com os leitores, todas as terças, suas impressões a bordo do que ela carinhosamente chama de “Estação Caderno Light”, na coluna Surpresas de Viagem.

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