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A literatura nos traz a vida dos mestres
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
Passei a semana me sentindo lisonjeada com a crônica de Robério Canto intitulada “Imitando Tereza”, em que ele faz um singelo elogio à minha pessoa e ao meu trabalho de escritora. Nessa coluna ele se refere a um texto que publiquei no ano passado sobre as letras de músicas.
Ao pensar sobre o que escrever estava com a ideia da música em mente e escutava Noturne (Op. 9 N.2), de Frédéric Chopin (1810-1849), uma melodia suave e intensa, que nos faz viajar em suas notas e perder no tempo. Logo comecei a agradecer à literatura por nos trazer, para os dias de hoje e a qualquer tempo futuro, a vida dos grandes mestres que se destacaram em várias áreas da atividade humana. Inclusive, as biografias, os romances e os contos, permitem que outras expressões artísticas, como o cinema e o teatro, produzam suas obras.
Muitos artistas viveram poucos anos, porém tiveram tempo para construir obras que se eternizaram e superaram tendências e modismos. Infelizmente, hoje, não se cultiva, como se deveria, o legado que os mestres nos deixaram, como Chopin em seus 39 anos de vida.
Há uns dez anos quando fui à Varsóvia, capital da Polônia, visitei a casa de Chopin e assisti a um recital apresentado por dois pianistas. Ali, fazendo parte de uma plateia, em silêncio absoluto, tive a impressão de que estava no século XIX. Ainda não li sua biografia, um compositor que, nos poucos anos em que viveu, compôs sua imortalidade. Mas vou fazê-lo tão logo termine a coletânea que estou lendo, “Antes que o café esfrie”, do autor japonês, Toshikazu Kawaguchi.
De repente, uma ideia me assalta: tantos milhares de jovens têm seus potenciais mal explorados. Como, no início do século XIX, uma época, comparada com a de hoje, com tantas impossibilidades, amparou gênios? Será que na atualidade aqueles que se destacam irão ganhar semelhante imortalidade?
O que havia naquele tempo que hoje não temos? É uma questão a se pensar com seriedade, posto que a modernidade está aí cheia de Inteligências Artificiais, mundos virtuais, aviões, telefonia. Enfim, esses aparatos, inimagináveis há cem ou duzentos anos, acabam trazendo acomodações, ausências de necessidades e inspirações. Não posso deixar de ressaltar que apenas 12 alunos, dentre todos os participantes em todo o país, tiraram nota máxima em redação no Enem.
Mas, enfim, a literatura está aí para cutucar, ao mostrar a vida dos grandes mestres que não tinham computador nem celular e o principal meio de transporte eram cavalos.
Para finalizar saúdo Robério José Canto, grande amigo e mestre, que passou a vida ensinando ao Friburguense o nosso bem maior, a Língua Portuguesa.
Tereza Cristina Malcher Campitelli
Momentos Literários
Tereza Malcher é mestre em educação pela PUC-Rio, escritora de livros infantojuvenis e ganhadora, em 2014, do Prêmio OFF Flip de Literatura.
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