Sonho adiado: Frizão permanece na Série A2 do Carioca

Tricolor da Serra conseguiu ir além do que as projeções apontavam
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
por Vinicius Gastin
Elenco montado dentro da realidade, de forma minuciosa: clube prova que é possível sonhar com a Série A1
Elenco montado dentro da realidade, de forma minuciosa: clube prova que é possível sonhar com a Série A1

Seria covardia analisar o desempenho do Friburguense sem contextualizar com a realidade do clube. Ter jogado a Série A2 do Campeonato Carioca deste ano já foi um milagre. Com dívidas restantes de anos anteriores, o Tricolor da Serra contou, mais uma vez, com a habilidade de seu gerente de futebol, José Siqueira, para montar um elenco competitivo. E que, de fato, foi além das expectativas que as situações financeira e estrutural poderiam sugerir. Tanto que, de azarão no início do torneio, o Frizão chega ao fim da disputa com o sentimento de que era possível subir.

Apesar da sensação que mistura frustração e um pouco de orgulho pelo desempenho acima das projeções, o olhar para o futuro é importante. Algumas empresas apoiaram o Friburguense nesta temporada, colocaram placas no Eduardo Guinle, estamparam as marcas no uniforme do clube. Mas futebol é – cada vez mais – caro. Exige investimento em base, jogadores, estrutura. Contudo, não deixa de ser um excelente começo para que a cidade possa, enfim, abraçar o seu maior indutor de publicidade, um dos principais preservadores de toda a história desportiva do município.

Eliminado da Série A2 – e, portanto, sem possibilidades de voltar à primeira divisão do Rio de Janeiro em 2022 -, o Tricolor da Serra tentará melhor sorte na Copa Rio. O adversário nas oitavas de final é o América, em confrontos que acontecem na próxima quarta-feira, 25, no Giulite Coutinho, e 2 de setembro, no Eduardo Guinle. Há chance, através de competição, de voltar a figurar no cenário do futebol nacional.

Números e elenco

A minuciosa montagem do elenco obedeceu alguns critérios fundamentais. A principal, obviamente, foi a questão financeira. Quem veio já conhecia a realidade do Friburguense, aceitou receber o que pôde ser oferecido e vestiu a camisa. O time trabalhou forte, se dedicou e lutou bastante durante as partidas. O torcedor não pode reclamar destes aspectos.

Nomes que passaram a compor os plantéis dos últimos anos, à exemplo de Afonso, Murillo, Bruno Leal, Flavinho, Damião, Rodriguinho, Lucas e Jhonatan retornaram. No mercado, ótimas peças foram pinçadas, à exemplo de Neto, Luiz Felipe, Léo Assis, João, Camilo e Léo Reis. A base novamente teve grande importância, com a dupla de zaga titular, formada por Jhonata e o excelente Christopher e Thai, dentre outros. Todos os comandados pelo ídolo Cadão, na companhia de Sérgio Gomes, Ziquinha e Bidu. Elenco e comissão técnica com identificação, história e compreensão sobre o tamanho do desafio.

E foi assim que a caminhada teve início com um futebol razoável, mas com derrota para a Cabofriense, em Cabo Frio. O Friburguense logo reagiu, e buscou uma ótima sequência de três vitórias seguidas contra Gonçalense, Americano e Duque de Caxias. A classificação no primeiro turno estava assegurada, mas uma batalha no Tribunal estaria por vir. E ela mexeu com todo o desempenho restante, e com os rumos do clube na competição.

A derrota em casa para o Artsul na rodada final da Taça Santos Dumont – a única em Nova Friburgo – escancarou a ansiedade por uma definição. E retirou o direito de fazer a semifinal no Eduardo Guinle. Não dá para garantir vitória, mas se a semifinal contra o Audax acontecesse naquele momento, dentro do calendário regular, a história muito provavelmente seria outra. O Friburguense vivia o seu melhor momento, ainda tinha o centroavante Léo Reis – que deixou o clube no segundo turno para defender a Inter de Limeira, e fez falta – e teria jogado sem o mesmo peso que carregou a partir do imbróglio judicial.

Já com a vitória no STJD consolidada, o Frizão oscilou mais na Taça Corcovado. Enfrentou adversários mais fortes, é verdade, mas deixou de vencer algumas partidas onde era possível alcançar os três pontos. Contra América e Angra dos Reis, por exemplo, o time foi superior em campo na maioria do tempo, mas as chances desperdiçadas fizeram falta. Enfrentar o Sampaio Corrêa e o Maricá fora de casa era de fato difícil, bem como receber o Audax. A equipe de Cadão não avançou no segundo turno.

Toda a responsabilidade de manter o sonho vivo ficou, então, para a semifinal adiada contra o Audax, remarcada para o último dia 14. O futebol é assim: uma tarde pouco inspirada, onde se erra mais do que acerta e as coisas não acontecem, coloca tudo a perder. Foram dois contra ataques bem encaixados do time laranja de Miguel Pereira, dois gols em 25 minutos e a vantagem de poder empatar ampliada.

O Friburguense batalhou, é verdade, mas a missão ficou realmente ficou difícil em Resende. O clube fez além do que poderia e brigou. A sensação de frustração, no entanto, não deve ser maior que a de orgulho. Mas é preciso ampliar o tamanho do abraço da cidade, vestir e viver o Tricolor. A campanha de 2021 mostrou que é possível sonhar com a elite novamente.

Números do Frizão na Série A2

  • Jogos: 12
  • Vitórias: 4
  • Empates: 4
  • Derrotas: 4
  • Gols marcados: 13
  • Gols sofridos: 13

 

 Em casa

  • Jogos: 6
  • Vitórias: 3
  • Empates: 2
  • Derrotas: 1
  • Gols marcados: 8
  • Gols sofridos: 4

 

Fora de casa

  • Jogos: 6
  • Vitórias: 1
  • Empates: 2
  • Derrotas: 3
  • Gols marcados: 5
  • Gols sofridos: 9

 

O Frizão na Taça Santos Dumont

  • Cabofriense 2 x 1 Friburguense, Correão
  • Friburguense 3 x 1 Gonçalense, Eduardo Guinle
  • Americano 1 x 2 Friburguense, Antônio de Medeiros
  • Friburguense 1 x 0 Duque de Caxias, Eduardo Guinle
  • Friburguense 0 x 1 Artsul, Eduardo Guinle

 

O Frizão na Taça Corcovado

  • Friburguense 1 x 1 Angra dos Reis, Eduardo Guinle
  • América 0 x 0 Friburguense, Giulite Coutinho
  • Friburguense 2 x 0 Macaé, Eduardo Guinle
  • Sampaio Corrêa 2 x 1 Friburguense, Lourival Gomes
  • Friburguense 1 x 1 Audax, Eduardo Guinle
  • Maricá 1 x 0 Friburguense, Alzirão

 

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TAGS: futebol