O mais friburguense dos friburguenses

segunda-feira, 08 de abril de 2024
por Wanderson Nogueira
(Foto: Henrique Pinheiro)
(Foto: Henrique Pinheiro)

Há quem diga que não voltam mais aqueles tempos de Maria Fumaça subindo a serra, cortando a avenida principal da cidade, atravessando a estação Rio Grande. Vão dizer que se foram aqueles tempos de cinemas… Eldorado, Marabá, São José, Leal.  

Haverá razão em dizer que já não temos e nem teremos os tantos campos de futebol, onde jogavam Esperança, Friburgo, Fluminense, Serrano, Conselheiro. Quantos craques desfilando talentos, de Paulo Banana a Miguel Ruiz, de Cabrita a Decache. Jogadores que viravam dirigentes e diretores líderes por natureza, Osvaldo Zarife, Laercio Ventura, Bachini. Se for falar de basquete, faltariam linhas, se for relembrar os Jogos dos Industriários então, faltariam páginas.  

Será apenas nostalgia os dias de comícios enormes dos Azevedistas e dos Bento de Mello. Registram-se os grandes nomes do PSD e da UDN. A força dos sindicatos perante a pujança de nossas indústrias. Quem viveu, nunca mais viverá as cenas das grandes fábricas, onde aos milhares entravam logo cedo e ao fim da tarde saíam pelos grandes portões da Filó, da Arp, da Ypú. 

Um enxame de gente que fazia compras parceladas de forma informal nos ambulantes que se aglomeravam nas ruas próximas às fábricas e vendiam de tudo, de doces a roupas, brinquedos e até material escolar.   

Livraria e em outra loja a Papelaria Simões. Eletrodomésticos na Yunes, Louback Magazine, Galeria Universal. Persiste firmemente a Gazzoni. Roupas nas Lojas Nader, na Francesa, A Vantajosa. Lojas Diegues… Das antigas, a Casa Libaneza, assim como a centenária Camisaria Friburgo resistem aos grandes conglomerados que invadiram também a cidade. A Bota Preta, na esquina da Oliveira Botelho, a Beto Calçados. Sonhos doces na Casa Branca, a São Jorge virou Superpão. Materiais de Construção na Miele, onde até hoje as pessoas usam como referência para o ponto de ônibus próximo ao extinto Cavalo Preto.  

Mas será mais do que trovas todas essas saudades de uma Nova Friburgo que ficou na memória e que terá saudades até aqueles que não viveram os tempos dos bailes do Xadrez, das festas do vinho e do chope do Country. 

O que todos, no entanto, podem seguramente dizer desses tempos de alvoradas é a certeza de que uma voz segue a reverberar e fazer mais do que ecos do ontem e do hoje para o futuro — A Voz da Serra. O maior biógrafo desta princesinha da serra, onde mora na fonte formosa a saudade, o ciúme e o amor. 

A saudade, o ciúme e o amor fazem parte da nossa gene coletiva, cujos DNAs são também transmitidos por A Voz da Serra. Testemunha dos feitos de seus filhos famosos e anônimos, eternizados por suas páginas em crônicas, notícias e artigos que resistem à ideia de ser apenas digital. Folhear páginas de um jornal seguem sendo ritual de quem gosta de ter tinta nos dedos como se o ato pudesse, e pode, capturar mais do que notícias efêmeras, mas notar a história em suas mãos. 

Em tempos que tentam impedir o amanhã, desrespeitam o passado que nos trouxe até aqui em nomes de personalismos narcisistas próximos de outras psicopatias, A Voz da Serra é suspiro de que as instituições sobrevivem aos ataques sorrateiros de gente passageira. 

O trem passou, as camisas dos grandes jogos de futebol que pelos nossos campos desfilavam ficaram apenas nas conversas de pai para filho. Lojas fecharam, novas indústrias surgiram e outras se reinventaram. Políticos vêm e vão, amigos e colegas de trabalho já não brilham mais aqui e cintilam no céu como guias para nossos enfrentamentos e encantamentos. 

Mas A Voz da Serra ficou, sendo o mais friburguense dos friburguenses, um resistente há 79 anos nos dando o privilégio de coexistir.

Foto da galeria
Wanderson Nogueira
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