Niterói reduz casos em 70% com bactéria bloqueadora em mosquitos

“Não é uma solução imediata, os resultados são observados com o tempo”
sexta-feira, 15 de março de 2024
por Jornal A Voz da Serra
(Foto: Prefeitura de Niterói)
(Foto: Prefeitura de Niterói)

Um método conseguiu reduzir em 70% os casos de dengue em Niterói, no Rio de Janeiro. Por meio dele, uma bactéria bloqueia a transmissão de doenças por novos mosquitos Aedes aegypti. Além da dengue, a tecnologia já reduziu os casos de chikungunya em 60% e de zika em 40%, entre os anos de 2015 e 2023. Niterói foi a primeira cidade brasileira a ter o seu território 100% coberto pelo projeto. 

Os casos de dengue oscilaram com tendência de forte queda entre 2015 e 2023. Em 2015 foram 158, 2016 (71), 2017 (87), 2018 (224), 2019 (61), 2020 (85), 2021 (16), 2022 (12), 2023 (55). O aumento de 2022 para 2023 foi um caso especial. Para Luciano Moreira, pesquisador da Fiocruz e líder do Método Wolbachia Brasil, que reduziu os casos, as pessoas que estiveram na cidade e procuraram hospitais, não necessariamente moravam em Niterói.

O método funciona assim: uma bactéria, chamada Wolbachia, é inserida em Aedes aegypti criados em laboratório. Soltos na natureza, se reproduzem e acabam passando a bactéria para os novos insetos. Foram necessários quatro anos de pesquisa na Austrália para a retirada dessa bactéria e inserção no mosquito da dengue. O método não consiste em uma modificação genética. “Antes da liberação dos mosquitos, a comunidade é avisada e recebe orientação”, explica o pesquisador.

Fábrica de mosquitos

Produção de mosquitos é gargalo para atender demanda. No ano passado, a World Mosquito Program (WMP), a Monash University em Melbourne, na Austrália, a Fiocruz e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) anunciaram parceria para a criação de uma joint venture.

A nova empresa vai construir a maior biofábrica de mosquitos Wolbachia do mundo. Serão até 100 milhões de ovos de mosquito por semana para atender uma demanda de 70 milhões de brasileiros em dez anos, disse o líder do método Wolbachia Brasil.

O método começou a ser usado na Austrália, entre 2008 e 2009. No Brasil, existe desde 2012, aplicado pela Fiocruz, no Rio de Janeiro. Mesmo com a eficácia comprovada, Luciano Moreira informa que os resultados são vistos a longo prazo.

Cidades com mosquito infectado

Além do aumento de 2022 para 2023, 2018 também foi ponto fora da curva. No ano, houve um salto nos casos, mas a maioria deles havia sido registrado na região norte da cidade, onde o programa ainda não havia sido implantado.

Do outro lado da ponte, no município do Rio, a situação é bem diferente. Niterói tem hoje 586 casos prováveis de dengue (soma de casos confirmados e em investigação) e nenhum óbito. Já no Rio, que fica a apenas 13 km de distância, são quase 60 mil casos prováveis e quatro mortes.

O projeto teve cobertura insuficiente no Rio. A cidade começou a implantar o método em 2014, antes mesmo de Niterói, mas apenas 29 dos 160 bairros estão cobertos. É um número insuficiente para a eficácia do projeto, já que nem 20% da área do município foi coberta, segundo Moreira.

Cinco cidades já liberaram o mosquito infectado com a bactéria na natureza. Além de Niterói e do Rio, o método é aplicado em Campo Grande, Belo Horizonte e Petrolina (PE). A liberação dos mosquitos foi concluída no final de 2023, e agora os resultados nas três localidades são monitorados.

Nas cinco cidades, o programa realiza o acompanhamento epidemiológico com dados do sistema de notificação nacional (Sinan), para identificar o impacto do método Wolbachia na transmissão da dengue, zika e chikungunya nas áreas onde houve liberação de Aedes aegypti com Wolbachia. (Fonte: noticias.uol.com.br)

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